Série B do DF

Candangão pode coroar técnico estrangeiro pela segunda vez em 35 anos

Candidato a primeiro técnico importado a ganhar a Segundinha, uruguaio Hugo Burgos tenta levar Planaltina ao título e igualar compatriota. Roberto Delgado guiou o Tiradentes à glória na elite em 1988

Normalmente restritos aos clubes de maior orçamento no futebol brasileiro, os treinadores estrangeiros são casos raros entre as formações mais modestas, sobretudo em regiões de menor holofote como o Distrito Federal. Entretanto, o único caso na Série B do Candangão em 2023 está prestes a fazer história em caso de volta olímpica na decisão da Segundinha, neste domingo (18/10), às 10h, no Defelê, na Vila Planalto, diante do Ceilandense.

O treinador do Planaltina, Hugo Adrián Burgos, foi um caso raro na edição desta ano da segunda divisão. Apresentado pelo Correio no começo da competição, ele é o único estrangeiro entre jogadores, membros de comissão técnica e demais atores da competição. Após o acesso “El Pilo” pode se tornar o primeiro comandante de fora do país a conquistar o título da segunda divisão do Distrito Federal. Ele só não seria o primeiro na história do futebol candango. Há 35 anos, em 1988, o compatriota dele, Roberto Ruben Delgado, guiou o extinto Tiradentes ao título da primeira divisão contra o Guará. Os treinadores Jorge Medina, Cristóvão Filho e Dirnei Ferreira também participaram daquela campanha. 

Figura notada à beira do campo devido ao estilo enérgico, com bronca, orientação e nos embates com a arbitragem, Pilo é um dos pilares do Galo na finalíssima. O treinador fala do feito coletivo e individual: "Sinceramente, significa muito. Não só por ser estrangeiro, isso é um dado anedótico, mas pelas dificuldades que passamos durante a competição. Um clube com um grande compromisso desde o presidente aos jogadores, mas com escassos recursos. Sobre ser estrangeiro, isso significa um orgulho pessoal de superação ao romper barreiras culturais e de idioma. O futebol tem uma língua universal que transcende fronteiras", acredita.

Para o uruguaio, o reconhecimento no trabalho se dá pelo esforço seguido pelos resultados, como o ocorrido na equipe com um acesso após 25 anos. "Muita gente me nota por isso. O êxito cheira bem e todo mundo quer estar perto de você, parece até que eles gostam do seu perfume (risos). De toda forma, mesmo no ano passado, quando chegamos nas semifinais e não pudemos passar, as pessoas da cidade me reconheciam pelo trabalho e esforço. Hoje, são um pouco mais efusivos devido ao que conseguimos”, relata.

Hugo descreve como se sente em todo o enredo pré-jogo e em como controla a ansiedade antes de a bola rolar. "Geralmente não fico nervoso. Sinceramente, sinto medo. Muito medo. De perder, de não estar à altura, de não poder ajudar os jogadores como eles merecem. Isso me acontecia inclusive quando eu jogava. A questão não é o medo, mas como reagimos a ele. Não me paralisa, me alerta aos detalhes e ao tratar de fazer o melhor sempre. Aí diferencio ganhadores de perdedores. No vestiário é tudo diferente: a mentalidade, a filosofia de vida e até o clima impactam, desde a música que se escuta até quando fecham o círculo de oração”, conta.

O time rubro tinha campanha de 100% de aproveitamento e ainda não havia sofrido gols em seis partidas, até o jogo do acesso. Ainda assim, o empate em 1 x 1 contra o Luziânia, no último domingo (15/10), garantiu a chance da equipe jogar a final pela primeira vez na história (uma vez que o acesso em 1999 foi em quarto), além de tentar o título inédito, que seria o primeiro da instituição.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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