O prazo para submeter candidaturas à sede da Copa do Mundo de 2034 se encerra nesta terça-feira (30/10), sem nenhuma proposta oficializada por Austrália ou Indonésia, únicos países além da Arábia Saudita que haviam manifestado publicamente o interesse em receber o evento. Com isso, restou apenas a candidatura saudita, já formalizada junto à Fifa, o que deve desencadear a realização de mais um Mundial no Oriente Médio, 12 anos após a disputa da Copa do Catar marcar a estreia da região como sede da maior competição de futebol do mundo.
"Nós exploramos a oportunidade de apresentar uma candidatura para sediar a Copa do Mundo da Fifa, mas, levando todos os fatores em consideração, chegamos à decisão de não fazê-lo para a competição de 2034", informou a Federação Australiana de Futebol em comunicado divulgado nesta terça-feira.
A oficialização da Arábia Saudita como sede, uma mera formalidade diante dos recentes acontecimentos, deve vir apenas no ano que vem. Tal desfecho representa imensa vitória para os planos do governo da nação árabe, atualmente dedicado ao plano de investir quantidades massivas de dinheiro para se tornar uma potência dos negócios no esporte e transmitir uma imagem mais positiva ao restante do mundo, prática denominada como "sportwashing".
Parte desta quantia já foi injetada na liga de futebol do país, hoje recheada de craques como Cristiano Ronaldo, Neymar, Benzema e Mané. A origem de tamanho investimento vem de um programa de apoio ao esporte financiado pelo próprio príncipe saudita Mohamed bin Salman, que deseja melhorar a reputação da Arábia Saudita, constantemente associada a violações dos direitos humanos, especialmente das mulheres, e lembrada pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018.
Todo o planejamento da Fifa para as próximas Copas facilitou a concretização do objetivo da nação árabe. A Copa de 2026 terá Estados Unidos, México e Canadá como sedes conjuntas. Já a de 2030, que marcará o centenário do torneio, será sediada por Espanha, Portugal e Marrocos, mas terá jogos de sua primeira rodada no Uruguai, na Argentina e no Paraguai, como forma de atender a uma demanda da Conmebol, que queria a América do Sul sediando esta edição para celebrar o centenário, pois o primeiro Mundial foi disputado em território uruguaio, em 1930.
Como as três próximas edições foram distribuídas entre América do Norte, Europa, África e América do Sul, ficou definido que apenas países da Ásia e da Oceania poderiam se candidatar para 2034. A Austrália se animou com os resultados da Copa do Mundo Feminina, neste ano, e manifestou o desejo de ser sede do campeonato masculino, inclusive considerando a possibilidade de ter a Indonésia como sede conjunta, conforme afirmou o presidente da federação indonésia, Erick Thohir, há cerca de três semanas. No fim das contas, nenhum dos dois países se viu em condição de competir com os sauditas, até em razão do prazo curto dado pela Fifa.
Agora, a Austrália focará seus esforços em sediar o Mundial de Clubes de 2029, no novo formato proposto pela Fifa, com 32 times e disputado a cada quatro anos, a partir de 2025. O país também tem interesse em sediar a Copa da Ásia feminina. "Nós acreditamos que estamos em forte posição de sedia a mais antiga competição internacional de mulher, a Copa da Ásia de 2026, e então dar boas-vindas aos melhores times do mundo para o Mundial de Clubes da Fifa em 2029", disse a Federação Australiana no comunicado em que confirma a retirada da candidatura para Copa de 2034.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br