Perigo nas pistas

FIA promete medidas para melhorar "condições extremas" no GP do Catar

Temperaturas elevadas e alta umidade no circuito de Lusail fizeram pilotos passarem mal durante corrida; Sargeant abandonou por desidratação e Stroll quase desmaiou no carro

Verstappen (dir.) e os demais pilotos estavam visivelmente esgotados ao fim do GP do Catar       -  (crédito: Ben Stansall/AFP)
Verstappen (dir.) e os demais pilotos estavam visivelmente esgotados ao fim do GP do Catar - (crédito: Ben Stansall/AFP)
postado em 09/10/2023 21:07

Depois de muitas reclamações de pilotos durante o Grande Prêmio do Catar, disputado neste domingo (9/10) com vitória de Max Verstappen, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) se pronunciou nesta segunda-feira (10/10) e afirmou buscar medidas para lidar com “condições extremas” em corridas da categoria. O circuito de Lusail foi marcado por temperaturas elevadas e alta umidade, que resultaram em competidores passando mal e tendo dificuldades no final do percurso.

Mesmo disputada durante a noite, a prova, assim como em Singapura, junta o calor com a umidade do local e atrapalha o resfriamento do corpo pelo suor. “Já esperávamos por isso, mas esse fim de semana foi quente demais para pilotar. Se continuarmos voltando aqui, essa corrida precisa ser mais para o fim do ano. Estava beirando 40ºC lá fora. Foi bem extremo. Muitos pilotos com os quais eu falei depois do pódio, estavam deitados no chão por aí”, criticou Verstappen.

Em comunicado, a FIA listou algumas medidas cogitadas a serem adotadas, como possíveis modificações no cockpit para melhor circulação do ar e a adaptação do calendário da F1 nas etapas de clima mais adverso. Para 2024, a prova catari será no início de dezembro, período com temperaturas mais amenas no Oriente Médio. A instituição prometeu discutir sobre o tema na próxima reunião da comissão médica da categoria, em Paris.

“Embora sejam atletas de elite, não se deve esperar que eles (pilotos) compitam em condições que possam pôr em risco a sua saúde ou segurança. A operação segura dos carros é, em todos os momentos, da responsabilidade dos competidores, no entanto, tal como acontece com outras questões relacionadas com a segurança, como a infra-estrutura do circuito e os requisitos de segurança dos carros, a FIA tomará todas as medidas razoáveis para estabelecer e comunicar parâmetros aceitáveis nos quais competições são realizadas”, comunicou a entidade.

Dificuldades entre os pilotos

A areia ao redor da pista foi apenas um bônus para complicar a vida dos pilotos no GP do Catar. Com temperaturas na casa dos 31°C e ainda mais quente dentro dos carros, as condições extremas deram o tom da disputa em algumas partes do pelotão. Entre os casos mais emblemáticos, Logan Sargeant abandonou a prova faltando um terço para o fim do percurso em razão de uma desidratação extrema e foi levado ao centro médico para observação. Companheiro do americano na Williams, Alexander Albon também se sentiu mal, mas conseguiu concluir a corrida.

Ainda assim, o anglo-tailandês teve dificuldades para deixar o carro, situação semelhante à vivida por Kevin Magnussen, da Haas, e Lance Stroll. O piloto da Aston Martin saiu do cockpit cambaleando e logo foi em direção a uma ambulância. Na câmera onboard, é possível ver a cabeça do canadense variando e batendo nas laterais do carro. Ele alega ter ficado com a visão turva em algumas curvas e quase desmaiado. Fernando Alonso, outro corredor da equipe, reclamou sobre o assento estar queimando e pediu para os engenheiros jogarem água nele durante o pit stop.

Os problemas não param por aí. Esteban Ocon vomitou dentro do capacete ainda no 15º giro, enquanto George Russell chegou a tirar as mãos do volante na reta dos boxes para conseguir refrescá-las. Alguns pilotos também levantaram levemente a viseira para possibilitar a entrada de ar em direção ao rosto, mas a areia muito presente no percurso não ajudou. Na sala de resfriamento antes dos vencedores subirem ao pódio, Oscar Piastri e Max Verstappen precisaram sentar no chão para recuperarem as forças.

Depois de uma das etapas mais difíceis da temporada, o grid terá duas semanas para recuperação e voltam ao paddock em 22 de outubro para o GP dos Estados Unidos. Mesmo com o título de pilotos e construtores já decidido, a corrida no Circuito das Américas ainda vale muito na disputa por outras colocações. Em novembro, a elite do automobilismo desembarca no Brasil para o prêmio de Interlagos, entre os dias 3 e 5.

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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