Futebol Candango

Série B do DF: fé em técnico vice da Copa do Brasil move Luziânia na semi

Sebastião Rocha lembra final da Copa do Brasil-1997 pelo Flamengo, dois títulos no Mané, promoção de Julio Cesar a goleiro profissional rubro-negro e projeta semifinais da Segundinha, com início hoje

Sebastião Rocha orienta os jogadores na primeira passagem pelo Luziânia: o técnico liderou o time na elite e agora tenta levá-lo de volta à primeira divisão do Candangão -  (crédito: Divulgação/AA Luziânia)
Sebastião Rocha orienta os jogadores na primeira passagem pelo Luziânia: o técnico liderou o time na elite e agora tenta levá-lo de volta à primeira divisão do Candangão - (crédito: Divulgação/AA Luziânia)
postado em 07/10/2023 06:30 / atualizado em 07/10/2023 08:45

As semifinais da Série B do Campeonato do Distrito Federal começam neste sábado colocando em cartaz personagens discretos, mas cheios de história para contar à caça das duas vagas para a elite em 2024. Um deles é um senhor de 68 anos.

Campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior como treinador do Fluminense em 1989 e vice da Copa do Brasil como técnico do Flamengo em 1997 à frente de Romário, Sávio, Athirson entre outros, Sebastião Carlos da Silva Rocha comanda o Luziânia. A missão do professor marcado por ter lançado o goleiro Julio Cesar no time profissional rubro-negro é eliminar o Planaltina nas semifinais, garantir o acesso e duelar com Brazlândia ou Ceilandense na final única da segunda divisão.

O jogo de ida das semifinais será neste sábado no Estádio Serra do Lago, às 15h30. No mesmo horário, o Brazlândia receberá o Ceilandense no Chapadinha. O regulamento é simples. O melhor na soma dos dois resultados decidirá o título. A vaga será decidida nos pênaltis se houver empate no placar agregado.

Em 2023, a primeira divisão do Candangão não teve clubes do Entorno do DF pela primeira vez desde 2001. A única esperança dos municípios goianos e mineiros localizados próximos do nosso retângulo é o Luziânia nas semifinais. Com trabalhos no Fluminense, Flamengo, Botafogo e no Oriente Médio na carreira, Sebastião Rocha deseja anexar o sucesso na capital do país ao currículo.

"A expectativa é das melhores. Fizemos uma primeira parte da classificação bem sólida na parte física, técnica e tática... É uma competição difícil com concorrentes qualificados querendo as duas vagas para a elite do futebol candango. Vamos para a parte mais difícil, que é o mata-mata. Penso que serão duelos difíceis e competitivos. Quem ganha também é o futebol local", comenta em entrevista ao Correio Braziliense. "Os jogadores se empenharam de uma maneira muito profissional pelo acesso. A expectativa bastante positiva", diz.

Planaltina e Ceilandense fizeram as melhores campanhas da fase classificatória. Ambos chegam às semifinais invictos e com 100% de aproveitamento. Segundo colocados na etapa classificatória, Brazlândia e Luziânia correm por fora. "Eu achei que foi uma competição dura, com boas equipes. Acho, sem demagogia, que os quatro classificados têm nível para subir e fazer bom papel na primeira divisão. Este mata mata não será fácil. Estamos preparados", avisa.

A autoconfiança tem a ver com a bagagem acumulada. Em 1989, Sebastião Rocha guiou o Fluminense ao título da Copa São Paulo Futebol de Júnior contra o Juventus, por 1 x 0, no Pacaembu. Entre os jogadores revelados por ele estava o atacante Franklin. Aquele foi o último dos cinco títulos do tricolor das Laranjeiras no principal torneio de categorias de base do país.

A seguir, Sebastião Rocha conta mais histórias no bate-papo com o Correio. Duas delas dizem respeito ao principal estádio do Distrito Federal. O treinador conquistou dois títulos em Brasília pelo Flamengo, ambos contra o São Paulo.


O senhor foi campeão duas vezes no velho Mané Garrincha pelo Flamengo. Quais são as lembranças daquelas conquistas?

Sebastião Rocha — O primeiro foi no Torneio de Brasília. Na final, nós saímos campeões no jogo de 1 x 0, gol do Iranildo, contra o Atlético-MG. Na época, o técnico (do Galo) era o Emerson Leão. A outra grande alegria lá (no Mané Garrincha) foi sagrar campeão da Copa dos Campeões Mundiais numa final emocionante contra o São Paulo. O gol novamente foi de um ídolo daqui (do Brasiliense), que é o Iranildo. Ganhamos por 1 x 0 e nos apresentamos muito bem.

Alguma lembrança marcante do título da Copa dos Campeões Mundiais no Mané Garrincha?

Sebastião Rocha — Foi especial porque o grupo do Flamengo estava muito mexido (emocionalmente) naquela época. Tínhamos acabado de perder a Copa do Brasil, no Maracanã, com 90 mil pessoas. O primeiro jogo da final nós fizemos em Porto Alegre contra o Grêmio. Foi uma grande exibição. Todo mundo jogava muito atrás contra o Grêmio no Olímpico para fazer o resultado e decidir em casa. Eu optei com os jogadores, o Romário, o Sávio, o Lúcio, o Júnior Baiano, o Clemer, que faríamos um jogo de pressão. Dominamos bastante o jogo. Ficou a sensação de que, no Maracanã, nós conseguiríamos, mas o futebol tem muitos acidentes e não tivemos êxito.

Então, alguém, aqui em Brasília, tinha que pagar pela perda da Copa do Brasil de 1997...

Sebastião Rocha — Nós viemos a Brasília para disputar a Copa dos Campeões e pegamos justamente o Grêmio. Ganhamos por 4 x 2. Aquilo ali deu ânimo muito grande ao grupo. Ficamos emocionados porque era o que deveria ter acontecido no Maracanã. A gente se sentiu muito em casa aqui em Brasília, no Mané Garrincha. O torcedor do Flamengo recebe muito bem o clube aqui.

Você sempre trabalhou muito bem as divisões de base. Não falta mais investimento na base da parte de alguns times da cidade?

Sebastião Rocha — Os clubes precisam dar um incentivo maior às divisões de base. Não sub-20 só. Alguns possuem sub-20. Mais embaixo ainda, no sub-13, sub-15, formatar alguns jogadores para as outras categorias, criar jogadores locais para que eles continuem aqui. Como isso vai acontecer? Aí, a gente volta ao início. Quando nós tivermos times em séries que tenham competição o ano todo. Todo lugar em que a competição se encerra basicamente nos estaduais você tem pouco prosseguimento no desenvolvimento do futebol naquele local. Há estados em que o futebol não está nas séries principais (como o DF). Isso prejudica muito. Se você começar a olhar para baixo, o garoto não quer ficar aqui. Ele quer ir para um outro centro que dê sequência na carreira dele. São os pontos principais para você ter o desenvolvimento do futebol aqui.

O senhor rodou o mundo. Quais são as recordações da vida cigana?

Sebastião Rocha — A lembrança sempre fica. O carinho, as dificuldades que você encontra. Isso tudo forma uma memória muito interessante. Tenho lembranças dos lugares por onde passei. Marrocos, Catar, Emirados Árabes Unidos. O futebol traz muitos amigos, trocas de experiência, vivência. O Bernardinho (ex-técnico de vôlei) falou uma coisa que é verdade: você nunca perde, você aprende.

SEMIFINAIS DA SÉRIE B DO CANDANGÃO

Hoje - Ida

15h30 - Luziânia x Planaltina (Serra do Lago, em Luziânia)

15h30 - Brazlândia x Ceilandense (Chapadinha, em Brazlândia)

14/10 - Volta

15h - Planaltina x Luziânia

15h - Ceilandense x Brazlândia

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