Rebeca Andrade, Simone Biles e Shilese Jones. Qual o ponto em comum entre elas? O talento, as medalhas no Mundial de Ginástica Artística da Antuérpia e a cor da pele. O pódio formado pelo trio nesta sexta-feira (6/10) foi histórico. Pela primeira vez, três mulheres negras ficaram no topo da modalidade. O trio competiu ponto a ponto pela coroação de melhor ginasta do planeta e, além do show em solo belga, protagonizaram um espetáculo de representatividade.
Esse caminho começou a ser traçado há 20 anos, por uma jovem gaúcha que o torcedor verde-amarelo conhece bem. Em 2003, Daiane dos Santos se tornou a primeira negra a conquistar um título mundial na modalidade e serviu de inspiração para muitas futuras atletas.
"É também pelo que representa esse pódio. É resistência dessas meninas lindas, de a gente ver um pódio preto pela primeira vez. As três ginastas mais completas do mundo são pessoas pretas. Com certeza, não foi fácil a vida dessas meninas para elas estarem ali. A gente vê, hoje, esse legado sendo construído. Felicidade minha por ter sido campeã mundial, ter sido a primeira mulher preta a ganhar uma medalha de ouro em Mundial. É gratidão por essas meninas terem continuado esse caminho pavimentado, fazendo esse legado lindo para que outras meninas pretas continuem acreditando que é possível", disse Daiane durante a transmissão do SporTV, na qual é comentarista.
Herdeira desse legado e campeã da prova mais nobre da modalidade no Mundial do ano passado, em Liverpool, na Inglaterra, Rebeca ficou com a prata na Antuérpia. Pequenos erros na trave não ofuscaram o brilho da paulista de Guarulhos, cuja soma da pontuação foi 56.766. Agora com seis medalhas acumuladas, Rebeca se tornou a brasileira com mais conquistas na competição e deixou para trás Diego Hypolito.
Sem surpresas, o ouro ficou com Simone Biles. Ela se sagrou hexacampeã mundial. A medalha dourada deu contornos especiais ao retorno triunfal da estadunidense de 26 anos, dona de 21 conquistas no torneio internacional. Biles ficou afastada do esporte por dois anos para cuidar da saúde mental e retomou a história do mesmo ponto em que parou: no ápice.
Shilese Jones, a medalhista de bronze, sacramentou a predominância dos Estados Unidos no pódio e chegou a ameaçar Rebeca pelo segundo lugar. Campeã por equipes em 2022 e 2023, ela ficou com o vice no individual geral no Mundial de Liverpool do ano passado, justamente atrás da brasileira.
O trio de sucesso ainda tem mais medalhas para disputar, hoje e amanhã, e pode repetir o feito nas finais da trave e do solo, nas quais todas competem. As americanas ainda competem nas barras assimétricas, enquanto a dupla Rebeca Andrade e Simone Biles travam mais um duelo à parte no salto. No tablado, elas ainda querem fazer mais história. Fora dele, a jornada de inspiração e influência está apenas começando.
*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini
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