Futebol

Sampaoli fala após saída do Flamengo: "Nem sempre é como esperado"

Em publicação de texto curto nas redes sociais, o ex-treinador rubro-negro culpou comandos anteriores na carta-despedida mais curta em três passagens pelo futebol brasileiro

Ex-técnico do Flamengo, Sampaoli culpou trabalhos anteriores pelo insucesso no clube -  (crédito:  Luis ROBAYO / AFP)
Ex-técnico do Flamengo, Sampaoli culpou trabalhos anteriores pelo insucesso no clube - (crédito: Luis ROBAYO / AFP)
postado em 02/10/2023 15:39 / atualizado em 02/10/2023 16:40

Jorge Sampaoli falou após a saída do cargo de técnico do Flamengo. Em publicação nas redes sociais nesta segunda-feira (2/10), o argentino foi breve ao contar os pontos da própria ótica durante a passagem pelo rubro-negro, finalizada com a demissão na última quinta-feira (28/9), seguindo um ritual individual de cartas-despedida sempre que deixa um clube.

O pronunciamento foi o mais breve em três ciclos no futebol brasileiro. Em dois parágrafos, o treinador disse que quis mudar problemas deixados anteriormente, em referência a comissões técnicas que antecederam a passagem do comandante. "Nem sempre os nossos sonhos são realizados como esperamos. Infelizmente, por inúmeros motivos anteriores à minha chegada e que tentei, mas não consegui mudar, não foi possível conquistar os resultados para colocar o Flamengo onde deveria estar", declara.

Pelos cinco meses de estadia no Rio de Janeiro, agradeceu à torcida, aos jogadores e aos funcionários do clube, também lembrando-se do Maracanã. "Lembrarei sempre do Maracanã lotado, pulsante. É o maior palco do futebol", descreve. O argentino terminou o trabalho com 39 jogos, 20 vitórias, 11 empates e oito derrotas, em 61% de aproveitamento.

A objetividade ao se despedir do Fla deixa marcada uma sensação diferente em Sampaoli. Após deixar Santos (em 2019) e Atlético-MG (em 2021), o técnico redigiu textos longos e mais sentimentais aos times alvinegros em relação ao passado no clube carioca. Relembre, a seguir, os relatos do comandante após o fim das passagens pelo Brasil:

Santos:

O Santos foi uma das minhas casas mais lindas.


Um lugar que me permitiu voltar a crer nos sonhos, no jogo e na alegria dentro do futebol. Todas estas coisas sinto que são, para mim, uma enorme conquista porque a exigência e o imediatismo deste esporte nem sempre nos permite ser felizes. Em um mundo que nos trata como objetos, me senti humano e isso foi um privilégio maravilhoso. Sinto que é um momento na história no qual desfrutar o presente não é simples. Prefiro não arranhá-lo. O próximo ano será muito difícil para o Santos. Jogará o Paulista, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Libertadores. Penso, com chance de me equivocar, que algumas circunstâncias estruturais não me permitiriam sentir com comodidade.

Quero agradecer aos jogadores. Em um torneio com um calendário esgotante, mostraram uma fidelidade à ideia impressionante. Nunca renunciaram às convicções pelo jogo e foram a qualquer estádio do Brasil para mostrar quem somos e quanto amor sentimos pela bola.

Quero agradecer aos trabalhadores e às trabalhadoras do CT Rei Pelé. São a alma do clube. Aqueles que em silêncio constroem e defendem uma instituição gloriosa.

Quero agradecer aos meninos do CT. Foram meus amigos mais legais e os levarei na minha memória para sempre.

Porém, sobretudo, quero agradecer à cidade. Santos é um lugar maravilhoso. Trataram-nos como se estivéssemos vivido toda a vida aqui. Ficará para sempre, também, que aqui nasceu meu terceiro filho, León.

Talvez, isso seja simplesmente um até logo e a vida nos permita um reencontro. As despedidas são essas dores doces.

Muito obrigado, de coração. Eu os levarei na alma, para sempre.

Jorge Sampaoli

Atlético-MG:

O ano de 2020 foi duríssimo para a humanidade. Nós temos de ser criativos e quisemos construir um time que, ao passar na TV, fizesse esquecer a tristeza por um momento. Não nos propusemos simplesmente a ganhar: tentamos ser felizes.

Não houve um só dia no Atlético Mineiro em que abandonássemos nossa ideia sobre futebol. Este time teve a valentia de jogar dentro e fora de casa da mesma forma. Jamais renunciamos a pensar na trave do rival. O Galo colocou seu coração em todo o país. Isso me dá um orgulho impressionante. Desejo que seja uma ideologia que se mantenha no clube. O futebol brasileiro tem um talento infinito e me fez reencontrar com a beleza do jogo, algo que irá me marcar para sempre.


Chegou o final. Na quinta, será a última partida. Saio com a nostalgia de não poder ter dirigido com o estádio cheio. Sei que nos emocionamos muito. Queria viver os vídeos que tinha visto de uma torcida apoiando sem parar.

Quero agradecer a todo o clube. Aos jogadores, pela entrega. A todos os funcionários da instituição, por colocar a alma nesse projeto. Aos dirigentes, por nos dar grandes condições de trabalhar. À cidade, por nos tratar tão bem.

O Galo está destinado a brigar por grandes coisas. Sei que as vitórias virão. Gosto muito de vocês e desejo que sigam caminhando com o coração como guia.

Jorge Luis Sampaoli

*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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