A penúltima semana da Libertadores antes da decisão marcada para 4 de novembro, no Maracanã, começa com dois personagens outrora protagonistas do torneio continental dentro das quatro linhas com a bola nos pés vestindo uniforme e chuteira em outras funções extracampo. Frederico Chaves Guedes, o Fred, de 39 anos, e Juan Román Riquelme, 45, assumiram papéis de coadjuvantes nas diretorias do Fluminense e do Boca Juniors. O desafio deles é fazer "gols de placa" atrás das cortinas trajando sapato social, terno e gravata, às vezes um blazer, em cargos burocráticos.
Depois de 273 jogos, 130 gols e dois títulos do Campeonatos Brasileiro em 2010 e em 2012, o ex-centroavante do Fluminense pendurou as chuteiras em 2022. No fim do ano passado, foi nomeado pelo presidente tricolor Mario Bittencourt diretor de Planejamento Esportivo. Consequentemente, está por trás do desempenho do clube das Laranjeiras em 2023. Colaborou na conquista do Campeonato Carioca contra o arquirrival Flamengo e teve influência, inclusive, nas negociações para Fernando Diniz acumular os cargos de técnico do Fluminense e da Seleção Brasileira ao mesmo tempo.
Fred se formou em gestão. Preparou-se também para ser treinador. O ex-camisa 9 ostenta a Licença B da Academia da CBF. Contudo, a ação atual do mineiro de Teófilo Otoni é maior nos bastidores.
Além das funções no departamento de futebol, Fred representa o Fluminense em intercâmbios. Tem voz na logística esportiva e na diretoria executiva do clube. Para quem tem o hábito e a fórmula de como tornar um grande clube vencedor, o ídolo se encontra no devido lugar em busca da taça continental inédita. Na quarta-feira, o Fluminense enfrentará o Inter no Beira-Rio, às 21h30, no segundo jogo da semifinal. O primeiro terminou empatador por 2 x 2, no Maracanã. Quem vencer irá a final. Novo empate forçará os pênaltis.
Fred não fez parte do elenco vice-campeão da Libertadores em 2008 contra a LDU. Desembarcou no clube no ano seguinte. Portanto, o título seria simbólico para um ídolo responsável fora das quatro linhas. "Tem sido muito legal. Ele está muito dedicado. Feliz porque iniciou uma nova carreira em uma nova função dentro do clube que ele ama. Vou dizer que é engraçado, mas do ponto de vista positivo: a gente marca as reuniões, e ele é sempre o primeiro a chegar. Está muito motivado, contribuindo muito", contou recentemnte o presidente Mário Bittencourt em entrevista ao portal GE. "É importante a palavra de um cara que acabou de ser atleta do clube, explicando como é o dia a dia, o grupo, o ambiente, a questão dos pagamentos... E dando as opiniões técnicas dele, afinal de contas, foi um dos maiores jogadores do futebol brasileiro. Está tendo participação muito importante", elogiou o cartola.
Polêmico
Lidar com as massas é um desafio típico para os executivos de sucesso. Sobretudo, quando um time representa "a metade mais um" de um país, como se apelida a torcida do Boca Juniors. Em meio a isso, um dos maiores ídolos da instituição, Juan Román Riquelme, também se soma ao clima do pleito presidencial em curso tanto no aspecto civil do país vizinho quanto no clube.
Nessa ocasião, o ex-meia, tri da Libertadores e campeão mundial pelo Boca Juniors, terá rivais fortes na luta pela reeleição. Ex-presidente do clube e da Argentina, Maurício Macri será o opositor mais forte, com Rafael Di Zeo, chefe da barra brava (torcida organizada) La 12, no papel de terceira via. O eterno camisa 10 é o atual vice-presidente. Um apoiador oficial do dono do poder Jorge Ameal.
Em meio aos títulos nacionais e à obsessão pelo hepta na Libertadores para igualar o recorde do Independiente, o Boca Juniors se abriu ao mercado neste ano. Contratou Barco, Zeballos, Janson e o astro Cavani.
O desejo de reconquistar a América passa pelo duelo de quinta-feira contra o Palmeiras, no Allianz Parque. Houve empate por 0 x 0 em La Bombonera. A decisão será nos pênaltis se não houver vencedor no tempo regulamentar. Riquelme terá que lidar com a pressão da torcida alviverde depois de uma declaração polêmica. Disse que o Palmeiras não tem um futebol vistoso e criticou a casa do adversário. "Nós teremos que ir a um campo sintético, que não é a mesma coisa. Levamos isso em consideração".
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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