Embora seja líder isolado do Campeonato Brasileiro, o Botafogo parece passar por uma crise de identidade após ter percorrido mais da metade do caminho o para fim do jejum de 28 anos. Com o técnico Bruno Lage, a equipe viu cair de 12 para sete pontos a vantagem para o segundo colocado. A maior causa disso são as derrotas consecutivas para Flamengo, Atlético-MG e Corinthians. É má fase, oscilação natural ou reflexo de mudanças? O Correio explica.
O Botafogo tem sofrido mais que o normal nos últimos compromissos. Luís Castro deixou a retaguarda ajustada, com média de 0,58 bolas na rede por jogo. Lage Herdou a prancheta e resolveu fazer um trabalho mais autoral. Subiu todas as linhas e deixou a defesa um pouco mais exposta e a obrigou a fazer um trabalho com o qual não estava acostumada. Agora, o português lida com um sistema vazado oito vezes em nove compromissos — média de 0, 89.
Colocar a equipe para ser mais pró-ativa tem um custo. A dupla de zaga titular, formada por Adryelson e Víctor Cuesta, agora, se depara com um caminho maior a percorrer após a perda da bola dos companheiros à frente. Isso diminui a eficiência, pois exige que, além do bote para a recuperação da posse, se preocupem com o espaço ocupado e a faixa liberada pelos companheiros da recomposição.
As mudanças na ponta-direita também contribuem para os recentes resultados negativos. Três combinações distintas foram adotadas nos cinco compromissos anteriores. Contra o Flamengo, JP Galvão era o responsável por impedir os avanços de Bruno Henrique. Não deu conta do recado e viu o camisa 27 rubro-negro desequilibrar a partida no Nilton Santos e marcar o gol da vitória de virada. Na mesma partida, Victor Sá era o ponta. Na seguinte, contra o Atlético-MG na Arena MRV, Sá foi realocado para a esquerda e Júnior Santos assumiu a função.
A proteção da zaga também passa por adaptações. Marlon Freitas é o intocável da posição. Tchê Tchê e Gabriel Pires intercalaram o papel nos últimos três compromissos. Pires foi utilizado contra o Flamengo, enquanto o camisa 6 retornou contra Galo e Timão. E por falar em volta. A escassez de gols está condicionada ao possível regresso processe de Tiquinho Soares. O centroavante sofreu com um ligamento colateral no joelho esquerdo e precisou de cinco semanas para ter condições mínimas.
Ciente da perda, a diretoria trouxe o experiente Diego Costa. O ex-Atlético de Madrid, Chelsea e Atlético-MG estreou em grande estilo ao marcar, na estreia, dois dos três gols da vitória sobre o Bahia. Dois jogos depois, Tiquinho estava de volta. Não com o mesmo desempenho antes do afastamento, com 25 gols em 38 partidas. A escolha não surtiu efeito. O camisa 9 não marcou nos quatro jogos anteriores. A última comemoração dele foi em 2 de agosto, no 2 x 1 sobre o Guaraní, do Paraguai, pela ida das oitavas de final da Copa Sul-Americana.
Tudo isso fez com que o Botafogo não pontuasse pela primeira vez em um mês nesta temporada. Setembro foi deixou sequelas. “O sinal vermelho são as derrotas. Mas isso já tem vindo antecipar um pouco a equipe desde o início, quando eu cheguei. Quem está do outro lado, também nos estuda. Nós temos que continuar a trabalhar e também jogar da maneira que é: ter o espaço, não oferecer as costas”, avaliou Lage após o tropeço contra o Corinthians, na Neo Química Arena.
Equipe que quer ser campeã, sobretudo nos pontos corridos, não escolhe adversário. Porém, há quem diga que não haveria desafio melhor que encarar o Goiás nessa jornada pela recuperação. O rival desta segunda-feira (2/10), às 20h, no Nilton Santos, é o 16º colocado do Brasileirão e está há cinco partidas sem vitórias — quatro empates e uma derrota. De quebra, o esmeraldino está há um mês de jejum de gols. A última rede balançada foi em 26 de agosto, no empate por 1 x 1 com o Corinthians, em São Paulo.
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