Futebol

Relembre como foi a terceira passagem de Luxemburgo pelo Corinthians

Marcado por atritos com a imprensa, Luxa teve 50% de aproveitamento e ainda somou desentendimento com fisioterapeuta e desempenhos ruins nas copas continentais

Após 149 dias de serviço, Vanderlei Luxemburgo teve a terceira passagem pelo Corinthians encerrada. Com 38 partidas disputadas, o comandante somou um total de 15 vitórias, 12 empates e 11 derrotas, com 50% de aproveitamento e protagonizou, de todas as três passagens, a pior delas na Neo Química Arena.

Na primeira passagem, Luxemburgo viveu momentos dourados, com direito ao título brasileiro de 1998. Na segunda, conquistou o Paulistão e foi vice da Copa do Brasil, em 2001. Nesta, deixa a Zona Leste paulistana com aproveitamento mediano e diversas polêmicas.

O Correio Braziliense relembra a terceira passagem de Vanderlei Luxemburgo pelo Corinthians, encerrada em meio às semifinais da Copa Sul-Americana, e a 14 rodadas do fim do Campeonato Brasileiro.

Começo ruim

Depois de viver um momento turbulento com o treinador anterior, Cuca, demitido após ser pressionado a deixar o clube por conta de um crime sexual cometido diante de uma menor de idade, nada melhor do que um experiente velho conhecido para assumir a equipe pelo restante da temporada. Não foi isso, porém, que mostraram as primeiras partidas.

Com a necessidade de se recuperar em um grupo difícil na Libertadores e esquecer do susto vivido contra o Remo, pela terceira rodada da Copa do Brasil, o Corinthians não era capaz de somar resultados positivos. Sob a batuta do novo comandante, a primeira vitória chegou apenas na oitava partida — pelo Brasileirão, contra o Fluminense — após quatro derrotas e três empates.

Na parte de baixo da tabela e flertando com a zona da degola no Brasileirão, a equipe não mostrava reação e dependia, cada vez mais, de lances isolados dos principais jogadores para resolver as partidas.

Atritos com comissão e imprensa

Os resultados ruins eram acompanhados de frases mal colocadas durante as coletivas de imprensa, principalmente após as partidas. Em diversas ocasiões, o treinador se irritava com os questionamentos feitos pelos jornalistas, o suficiente para gerar atritos.

Frases como "toda vez que vier aqui, vou precisar fazer uma análise do jogo? Não tem analista para ver como foi? Fico que nem pau de sebo, sobe e desce. Você viu o jogo, interpretem" e "Se eu não trouxe para cá, é porque sou maluco?" não caíram bem, assim como as análises das partidas.

Muitas vezes, especialmente após resultados negativos, o treinador mostrava satisfação com o desempenho da equipe, mesmo quando o contexto pesava para o outro lado da moeda. Falas como "Contra o São Paulo, eu queria sair perdendo no primeiro tempo por 1x0" e "Dentro da nossa realidade, o Corinthians foi bem (...) Um atleta como Renato Augusto pode decidir em uma bola única, como a que deu ao Yuri Alberto. É dessa forma que estamos jogando", também não foram bem digeridas tanto pela torcida, quanto pela diretoria.

O treinador, além disso, também não viveu momentos positivos com Bruno Mazziotti, fisioterapeuta e gerente do núcleo de saúde e performance. O desgaste ocorreu por conta da condição física de Renato Augusto, e da insatisfação de Luxemburgo em como o profissional de saúde intervinha na escalação (ou não) do meio-campista, situação que não só gerou atrito no CT Dr. Joaquim Grava, mas, também, com a imprensa.

"Primeira coisa, não sou treinador do Vanderlei Luxemburgo, sou do Corinthians. Vazou uma notícia de uma discussão interna de trabalho, ponto. Discutimos o que é melhor para o Corinthians. As discussões vocês crescem, o que discutimos não interessa, se vazou, não é problema", disse ele, acerca do tema.

Sequência derradeira

Apesar da turbulência, o Corinthians, a partir da segunda semana de julho, deu entrada num processo de melhora. Já menos pressionado após a eliminação da Libertadores, a equipe protagonizou uma sequência contrária à vivida no início do trabalho.

Nos 12 jogos seguintes à derrota para o América-MG, no dia 5 de julho, a equipe perdeu apenas uma vez, e além de chegar à segunda semifinal de Copa do Brasil consecutiva, alcançou as quartas de final da Copa Sul-Americana.

Porém, a constante necessidade do time alvinegro em contar com as partidas disputadas em casa para decidir as eliminatórias em ambas as copas, com dificuldade para mostrar o mesmo futebol como visitante, pesavam na conta do treinador.

Fortemente criticado pelas escalações conservadoras e inoperantes, as escolhas do treinador eram apontadas para muitos como as grandes responsáveis por atrapalhar o rendimento da equipe. Os resultados, além disso, dependiam muito de momentos individuais das principais estrelas, como Renato Augusto, Róger Guedes e Cássio.

Exemplo disso foram os confrontos fora de casa pela Copa Sul-Americana, contra Newell's Old Boys e, principalmente, Estudiantes. Contra este último, no jogo de volta, na Argentina, a equipe precisou contar com o goleiro Cássio e com a sorte para levar a partida para os pênaltis, após sofrer apenas um gol em 30 finalizações do adversário - um recorde na competição.

Vivendo um flerte constante com a zona da degola e ainda lutando para se afastar das últimas posições da tabela, a apenas quatro pontos de distância no Brasileirão, Luxemburgo vivia forte pressão no cargo devido à soma dos fatores, até a chegada das semifinais da Sula. Após o empate em 1 x 1 com o Fortaleza, o treinador não resistiu, e acabou demitido. A disponibilidade de Tite no mercado, ademais, teria sido outro motivo para a demissão de Luxa.

Agora, o novo comandante terá a missão de levar a equipe para a primeira decisão da própria história de uma Sul-Americana, além de livrá-la da aproximação do Z-4.

Vaja pérolas do Luxa:

Crédito: Renan Oguma 

 

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

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