O futebol europeu é o maior case de sucesso dentro e fora das quatro linhas. No entanto, simplesmente reproduzir as tendências do Velho Continente nem sempre agradam às partes envolvidas — torcedores, clubes e patrocinadores. Ciente disso, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) prefere remar contra a maré quando o assunto é a decisão da Copa do Brasil.
Dos oito países campeões da versão masculina da Copa do Mundo, sete adotam o sistema de jogo único na final do mata-mata nacional. O Brasil é exceção à “regra”. Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália consolidaram o molde de disputa no exterior. Na América do Sul, a Argentina adota o sistema internacional desde a retomada do torneio, na temporada 2011/12. O Uruguai criou na temporada passada o próprio torneio e incorporou de prontidão os moldes das demais federações.
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Embora esteja na “contramão” das entidades primas, a CBF não enxerga necessidade de reorganizar a decisão da Copa do Brasil. Primeiro ponto: é um modelo consolidado. A disputa existe de 1989 e sempre aconteceu em duas partidas. O poder de venda da decisão também pesa. Os dirigentes enxergam ser mais benéfico para marcas, detentoras de direitos de transmissão e outras partes interessadas explorarem dois capítulos do que um.
Usar o torneio ao melhor estilo toma lá dá cá também atrai mais torcedores. Para promover a decisão em jogo único, a CBF precisaria de uma sede neutra e dividir as cargas de ingressos com metade para cada torcida. A exemplo da Supercopa, Brasília seria opção. Lá fora, as finais são realizadas nas capitais do país. Os estádios olímpicos de Berlim e Roma são as casas das decisões nacionais na Alemanha e na Itália.
Na França, o Stade de France, em Saint-Denis, é figurinha carimbada. Fiel às tradições, a Inglaterra não abre mão de Wembley nas decisões da Copa da Inglaterra e da Copa da Liga. A Espanha prefere decisões ciganas em diferentes palcos pelo país.
Para a cúpula brasileira, realizar a partida na casa de um e nos domínios do outro gera mais lucro e também oferece mais oportunidades para os apaixonados acompanharem de perto, pelo menos, um dos duelos. Segundo levantamento do Correio, de 2013 a 2022, os dois jogos da final da Copa do Brasil movimentaram 784.336 torcedores pelo país. O único jogo ausente na conta é a decisão entre Palmeiras e Grêmio, disputada durante a pandemia de covid-19, em 2021.
O recorde de público nas duas partidas pertence a Flamengo x Cruzeiro. A dupla movimentou 112.602 espectadores nos confrontos no Maracanã e no Mineirão. Há expectativa de quebra de recorde neste ano. No jogo de ida, no Rio de Janeiro, 67.350 pessoas acompanharam a vitória tricolor por 1 x 0. Amanhã, no Morumbi, são aguardados mais de 62 mil fãs. O público total rondaria 130 mil e aproximaria o recorte dos últimos 10 anos da casa de 1 milhão de pagantes.
Embora faça jogo duro contra final única, a CBF fez um movimento próxima às tendências europeias. Tirou as partidas da decisão da Copa do Brasil das noites de quarta-feira e colocou-as no domingo. A última vez havia sido em 2001, no Morumbi, com título do Grêmio contra o Corinthians. Outra jogada para atrair mais espectadores na TV, com horário mais atrativo, e no estádio, como espécie de convite à família brasileira.
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