Futebol europeu

Craques da gestão, brasileiros se destacam em clubes da Europa

Valorizados no Velho Continente nas últimas décadas, gestores brasileiros seguem firmes em times de elite. Deco, no Barcelona, Thiago Scuro, no Monaco, Luisão, no Benfica, e Edu Gaspar, no Arsenal, são os nomes da vez

Visto no mundo inteiro como o país do futebol, o Brasil se acostumou a exportar "pés-de-obra" para serem utilizados nos mais diversos campeonatos nacionais do mundo. Entretanto, nas últimas temporadas, a fábrica de talentos tupiniquim também se especializa em abrir a porta de grandes centros do planeta bola para executivos. Quatro clubes de nações diferentes da Europa apostam na expertise nacional em gestão esportiva na temporada 2023/2024 e ampliam a fama tupiniquim difundida no Velho Continente nas últimas décadas.

Embora os treinadores brasileiros não tenham trabalhos em andamento na primeira prateleira do futebol europeu — a Champions League, por exemplo, não tem nenhum técnico do Brasil empregado —, o país está muito bem representado na gestão de três clubes participantes da fase de grupos da maior competição de clubes do mundo. Arsenal, Barcelona e Benfica apostam nos talentos de gestão de Edu Gaspar, Deco e Luisão para gerirem o dia a dia "empresarial" das equipes profissionais. O quarteto brasileiro de executivos no Velho Continente é completado por Thiago Scuro, no Monaco, atual líder do Campeonato Francês.

A experiência no futebol brasileiro foi essencial para os profissionais chegarem nas posições de prestígio em clubes da Europa. Antes de chegar ao Arsenal, clube no qual jogou, Edu Gaspar trabalhou como coordenador de futebol do Corinthians e ocupou o cargo técnico na Seleção Brasileira, a convite de Tite, com quem atuou justamente no time paulista. Scuro foi o dirigente responsável por impulsionar o projeto da Red Bull no Bragantino. Deco se aventurou na aquisição das Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) do CSP, de João Pessoa (SP), e do Primavera, de Indaiatuba (SP). Luisão foi o único a "cortar caminho" e começar a carreira diretamente no Benfica.

O caminho percorrido pelos ex-jogadores, entretanto, está longe de ser inédito. Nas últimas décadas, brasileiros acumularam prestígio suficiente para receberem cargos de confiança em clubes gigantes do futebol mundial. O ex-meia Leonardo, por exemplo, teve duas passagens pelo Milan e voltou ao clube italiano para atuar nos bastidores. Ele também exerceu cargo semelhante no Paris Saint-Germain. Ídolo do Lyon, Juninho Pernambucano foi contratado, anos depois, pela equipe francesa para assumir função no staff diretivo. Hoje, não ocupa mais o cargo, mas esteve na campanha semifinalista da Champions League, em 2019.

Outros exemplos

Dono da SAF do Cruzeiro e ostentando o mesmo cargo no Valladolid, da Espanha, Ronaldo é outro ex-jogador com sucesso na gestão. Roberto Carlos, no Anzhi, da Turquia, e Gilberto Silva, no Panathinaikos, da Grécia, tiveram o mesmo caminho. Mas, em ampla maioria dos casos, os brasileiros também se qualificaram para serem alçados a tais posições. "Me preparei para esta oportunidade, fazendo diversos cursos para dar maior apoio aos quase 20 anos como atleta. É uma grande oportunidade para representar o futebol brasileiro de outra forma na Europa", destacou, em 2016, logo após ser anunciado no time grego.

Scuro é o único a não ter passado boleiro no quarteto de gestores brasileiros na Europa. Com isso, o profissional apostou no caminho da qualificação para subir na carreira até ganhar a oportunidade de atuar no futebol da Europa. O diretor de futebol do Monaco é formado, por exemplo, em Ciência do Esporte na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e em gestão de futebol pelo Instituto Johan Cruyff, entidade especializada em educar atletas, profissionais do esporte e de negócios para se tornarem líderes em Gestão do Esporte.

Independentemente dos meios adotados para crescerem nas carreiras como profissionais de gestão esportiva, Deco, Thiago Scuro, Luisão e Edu Gaspar têm papel primordial no fortalecimento do Brasil como exportador de mão de obra nas funções diretivas dos grandes clubes da Europa. Ocupando cargos estratégicos no planejamento de cada uma das equipes, o quarto brasileiro demonstra, diariamente, que o país do futebol também tem tradição em funções diretivas do esporte.

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