São Paulo x Flamengo: times se apegam em tabus e retrospectos

Tricolor quer ampliar lista de times que ganharam o primeiro jogo fora de casa e terminaram com a taça nas mãos. Rubro-negro vem de bons resultados recentes no Morumbi

Thais Magalhães/CBF

Uma final disputada em duas partidas raramente se decide com o resultado dos primeiros 90 minutos. No entanto, a vitória do São Paulo sobre o Flamengo, no domingo, no Maracanã, por 1 x 0, no duelo de ida da decisão da Copa do Brasil, é encarada de formas distintas pelos clubes. No tricolor, embora não exista oba-oba pela vantagem pequena, há a confiança adquirida pelo retrospecto de nunca um time ter perdido a taça do torneio após ganhar como visitante. No rubro-negro, resta se apegar no desempenho recente no Morumbi como zona de conforto na tentativa de virada.

O histórico da Copa do Brasil deixa o jogo de ida entre Flamengo e São Paulo em um hall bastante restrito. Em apenas duas ocasiões, o visitante conseguiu sair do gramado com uma vitória e, em ambas, concretizou a conquista da taça em casa. Em 2016, o Grêmio bateu o Atlético-MG, no Mineirão, por 3 x 1, e precisou apenas empatar na Arena tricolor para conquistar o pentacampeonato pessoal. Na temporada 2020, o Palmeiras construiu 1 x 0 contra o mesmo time gaúcho e garantiu o tetra com outra vitória, por 2 x 0, no Allianz Parque.

Resumindo: no Morumbi, o Flamengo vai tentar uma virada inédita em finais, enquanto o São Paulo deseja ampliar o retrospecto favorável no quesito. A vantagem de um gol, entretanto, é perigosa. Se os cariocas ganharem pela mesma diferença no tempo normal, o campeão da Copa do Brasil será conhecido nos pênaltis. Para faturarem o título sem a necessidade de ir à marca da cal, o rubro-negro precisa triunfar por dois ou mais tentos de margem. No caso tricolor, além de outra vitória, qualquer empate é suficiente para confirmar a conquista inédita.

Campeão da Copa do Brasil com o Flamengo na temporada passada, mas hoje técnico do São Paulo, Dorival Júnior fez questão de frear qualquer tipo de empolgação. "Foi só a primeira etapa de um jogo de 180 minutos. Não podemos nos esquecer quem está do lado de lá, a qualidade deste grupo, que conheço bem. Sei que teremos de fazer muito mais para fazer o resultado dentro do Morumbi", avaliou o treinador, na entrevista coletiva pós-jogo.

Vantagem mínima

Mesmo com a necessidade de cautela, o retrospecto de finais da Copa do Brasil pesa novamente a favor do São Paulo em outro ponto. Nas 34 edições anteriores da competição nacional, um time construiu uma vantagem de um gol de diferença na partida de ida. Em 11 delas, isso foi suficiente para conquistar a taça, dentro ou fora de casa. A virada foi registrada em apenas três ocasiões. Durante muito tempo, porém, o gol como visitante era critério de desempate. O Internacional, em 1992, e o Vasco, em 2011, fizeram uso de tal condição quando foram campeões ganhando a ida, como mandantes, por um tento de margem.

Se o histórico da Copa do Brasil joga contra o objetivo de pentacampeonato do Flamengo após o tropeço no Maracanã, o rubro-negro busca outros fatores para se apegar. Um deles pode ser o desempenho recente no Morumbi. O time ganhou as três últimas partidas disputadas contra o São Paulo como visitante. O recorte abrange uma partida em 2021 e duas em 2022. Em todas as ocasiões, a equipe carioca conseguiu, ainda, uma margem de dois ou mais gols. No cenário atual da decisão, isso seria suficiente para voltar com a taça de campeão para o Rio de Janeiro.

Capitão do Flamengo, Everton Ribeiro deixou aceso o fio de esperança. "É difícil, mas não é impossível. Temos qualidade, jogadores que são acostumados a passar por esses momentos e vamos nos juntar cada vez mais, melhorar o que tem que melhorar para buscar reverter este resultado", avaliou. Com 1 x 0 para o São Paulo ao fim dos primeiros 90 minutos da decisão, os dois times se apegam, agora, nos retrospectos. Ao apito final no Morumbi, alguns vão cair, enquanto outros serão fortalecidos com direito a taça.