Os personagens do segundo capítulo de Fernando Diniz sob comando da Seleção Brasileira já começam a ter os nomes definidos. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (11/9), o novo comandante da amarelinha previu uma escalação semelhante à que foi a campo na goleada de 5 x 1 sobre a Bolívia na última sexta (8/9). Apesar do placar elástico, o treinador freou a empolgação do torcedor e espera um confronto difícil contra o Peru nesta terça-feira (12/9), às 23h, em Lima.
O técnico conjunto de Brasil e Fluminense defendeu a repetição dos 11 titulares para desenvolver a conexão entre os atletas. “Gostei do time bastante e também com o tempo, os jogadores vão ganhando mais entrosamento. Se fizer muita troca acaba perdendo um pouco do ganho que eles tiveram, então a tendência é de manutenção da equipe”, disse Diniz.
Embalado com a vitória convincente frente a Bolívia, a expectativa é de pé no chão antes de encarar os peruanos. Fernando assumiu ter visto cinco jogos dos adversários de terça e ressaltou a força física da equipe. Além disso, ele ressaltou os recursos técnicos e grandes jogadores do Peru.
Novo nome no cargo com a saída de Tite após a eliminação para a Croácia na Copa do Mundo, Diniz também comentou o legado deixado pelo treinador gaúcho e reforçou a virada de chave antes do segundo compromisso pelas Eliminatórias.
“Eu acho que peguei um time muito bem estruturado pelo Tite, tanto na parte tática, com uma forma um pouco diferente de jogar, como na base relacional. Os jogadores se dão bem. A gente colocou algumas ideias, acho que a euforia é uma coisa típica do torcedor, que gosta quando o time ganha de 5 x 1, e a gente jogou bem. Não podemos esconder que o time foi bem contra a Bolívia. Mas já passou, agora temos que ter pé no chão e é outro jogo aqui, fora de casa. Tem uma certa rivalidade, é um time tradicional, são equipes que se encontraram recentemente em final de Copa América. Então temos que saber encarar a realidade, pensar no Peru com todo o cuidado e entregar nosso melhor”, acrescentou.
Um dos homens de confiança de Diniz, o zagueiro Marquinhos comentou sobre a crença no estilo de jogo do novo comandante e se juntou ao coro de elogios ao técnico. O jogador do PSG também traçou um paralelo com o trabalho de Tite e a preocupação com a parte defensiva da equipe.
“O Diniz desde o primeiro dia vem implementando sua filosofia de jogo. Penso que ele entende e sabe muito bem que esse time tem uma sementinha do Tite e ele vem regando tudo isso. Pouco a pouco ele vem implementando sua filosofia. Foram poucos dias, mas a gente já conseguiu adquirir bastante do que ele pensa, enxerga e quer propor para nós. Desde o primeiro dia ele fala sobre não estar exposto. Hoje consigo enxergar muito bem o que ele quer. É uma filosofia muito prazerosa de se jogar, mas ao mesmo tempo ocupamos as posições e sabemos nos resguardar e estar bem protegidos”, compartilhou o defensor.
Confira outros pontos abordados por Fernando Diniz na coletiva:
Presença de Nino e André na Seleção
“É muito bom tê-los aqui, a gente trabalha junto no Fluminense. Mas não é essa a maior importância que eles têm aqui. A importância deles é como os outros, com a qualidade que têm, de integrar o grupo da Seleção Brasileira e buscar seu espaço, cada um do seu jeito”.
Construção de relação com os atletas
“É um pouco parecido quando você chega num clube novo que você trabalhou com pouca gente. Não tem muita diferença. Jogador tem uma coisa muito similar, do Fluminense, São Paulo ou da Seleção tem em comum, e é por onde eu chego. Tento me aproximar e criar um vínculo rapidamente, e acho que isso a gente tá conseguindo. Está indo numa velocidade boa esse estabelecimento de boas relações humanas com os jogadores. Somado a isso, a gente vai conseguir implementar aos poucos a parte tática que a gente deseja”.
Estilo de jogo
“A minha ideia, embora não pareça às vezes para o público, também é de montar de trás para frente. No sentido de ser primeiro um time que se protege bem. Criamos muitas chances contra a Bolívia e não oferecemos quase nada. Isso é o ideal para a gente. Tenho muita preocupação defensiva, embora eu goste que o time jogue para frente e tenha a bola. A única chance de não tomar gol jogando futebol é quando você está com a bola. Ter a posse da bola, uma das coisas que te favorece, já é a impossibilidade de se tomar o gol. Esse cuidado defensivo sempre tenho nos meus trabalhos, a vida inteira procurando melhorar. Depois a gente vai implementando as ideias que a gente tem, para que seja um time criativo, que goste de jogar, que os jogadores sintam prazer de jogar e esse prazer passe para o torcedor. Esse vínculo com a torcida é algo que tenho muita alegria quando tem, como teve lá em Belém. Isso não é a primeira coisa, você sempre joga para vencer, mas se você consegue jogar, vencer e criar esse sentimento no torcedor é o melhor cenário possível”.
Posicionamento de Neymar em campo
“Eu acho que jogadores que têm a qualidade acima da média, quanto mais pegarem na bola, melhor. Tem jogos que se apresentam com características distintas, mas ele vai ter essa liberdade. Se ele não pegar lá na frente, vai ter que pegar a bola em algum lugar. Sempre que a gente puder entregar bola de qualidade para ele, já no terço final para poder decidir o jogo, também é uma das regras. Mas ele vai ter essa liberdade de flutuação, como teve na Bolívia. O que você viu no treino, no jogo aconteceu. Pelo menos duas construções começaram com ele jogando mais ou menos na posição do Casemiro no início da jogada, começa aqui e termina fazendo o gol lá”.
Oportunidade na Seleção
“Eu nunca fiquei imaginando estar aqui. Eu sou muito focado no que estou fazendo, me entrego de corpo e alma em todo lugar que estive. A Seleção de alguma forma já estava dentro de mim desde o Votoraty, no Fluminense, em todos os clubes que trabalhei na vida. Então esse é um momento orgânico, acontece com naturalidade. Não fiz um plano de carreira para estar na Seleção, absolutamente não. É uma experiência com muito esforço, mas depois do esforço necessário foi uma coisa que aconteceu com muita naturalidade”.
Desempenho dos convocados
“Tudo é levado em conta, mas aqui todo mundo cumpriu completamente aquilo que era esperado. Os jogadores se dedicaram demais, todos, sem exceção. Então nesse quesito eu teria que convocar sempre os mesmos. Mas obviamente tem outros jogadores no radar, outros que não estavam aqui e vão se incorporar. Se tem uma coisa digna de elogio da minha parte é que teve uma entrega e adesão muito fiel ao que a gente pretendeu fazer nesses dias. Espero que a gente consiga terminar de uma maneira positiva diante do Peru”.
Táticas defensivas
“A gente vai fazer de tudo para não tomar gol. É uma equipe que se defende muito bem, contra a Bolívia a gente ofereceu pouca chance. E nos jogos que o Brasil jogava com o Tite, era uma equipe que sofria muito pouco na parte defensiva. Então a gente espera estar num padrão muito bom amanhã, defensivo, para fazer o máximo para não tomar gol”.
Análise sobre o Peru
“Peru é uma equipe muito forte, com jogadores muito bons. A gente viu jogos diferentes do Peru, é uma equipe que joga de maneiras distintas. Sendo mais pressionante, em outros jogos jogando um pouco mais atrás, em alguns jogando um jogo mais de construção mais apoiada, em outros jogando de maneira mais direta. É uma equipe que a gente procurou mapear, estudar todas as formas de atuar para estar preparado para amanhã. A gente espera as duas situações”.
“O Peru jogou de maneira distinta nos jogos que a gente assistiu. Em alguns jogos esperou mais, em outros foi mais pressionante e a gente tem que estar preparado para todos os cenários. Eles se defendem muito bem e atacam muito bem, então estamos preparados para todos os cenários. Mas não acredito que o cenário de amanhã é o mesmo do jogo de Assunção (contra o Paraguai), acho que eles podem ser mais agressivos, então estamos preparando para as duas coisas”.
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