Se o primeiro dentre os grandes, como canta o hino do São Paulo, estava em falta na galeria de campeões da Copa do Brasil, agora, ele está no lugar de direito. Na tarde deste domingo (24/9), o tricolor fez bom uso da vantagem construída no Maracanã para conquistar o primeiro título do mata-mata nacional e dar à torcida o reencontro com das taças de maneira presencial. No Morumbi, os paulistas tomaram um susto quando saíram atrás para o Flamengo, mas a reação quase imediata e o 1 x 1 diante de mais de 60 mil pessoas valeram a tão aguardada conquista.
O São Paulo perseguia a Copa do Brasil há muito tempo. Principalmente após a Libertadores deixar de impedir o sonho. Antes de 2013, quem jogada o torneio continental não jogava o mata-mata nacional. Na decisão, o tricolor não foi brilhante. Entretanto, a eficiência de saber entender as fragilidades de um Flamengo longe dos velhos padrões valeram a vitória no agregado, por 2 x 1, e a festa em um Morumbi sedento pela conquista.
Tensão, boas chances para os dois lados e o brilho de nomes predestinados na temporada 2023 marcaram o primeiro tempo da decisão. Com outra postura, o Flamengo deixou o São Paulo acuado em alguns momentos e marcou com Bruno Henrique. Rodrigo Nestor, porém, foi o responsável por devolver a paz ao tricolor. Na etapa final, o Flamengo repetiu a postura irregular. Longe de conseguir se eficaz, deixou os mandantes à vontade, mesmo quando o nervosismo ainda pedia passagem, até o apito final no Morumbi.
Toma lá dá cá
É preciso colocar as nuances do jogo para entender a mudança de postura de São Paulo e Flamengo nos primeiros minutos do Morumbi, em relação ao Maracanã. Nitidamente mais ligado, o rubro-negro manteve a bola no pé e circulou atrás do espaço. Aparentando nervosismo, o tricolor demorou a encaixar uma troca de passes diante da marcação alta do rival. O time ainda sentiu a baixa de Arboleda, substituído no início com dores. O calor cadenciou o duelo e a primeira grande saiu quando Gerson finalizou jogada trabalhada e Rafael salvou com o pé.
Como resposta, o São Paulo acelerou as jogadas seguintes e acordou um Morumbi até então ansioso. Os dois chapéus de Caio Paulista na ala-esquerda abriram o frisson. O tricolor, porém, não encontrava o caminho do chute ao gol de Rossi. O tricolor ainda assumiu risco desnecessário ao ter Pablo Maia e Alisson, os meias de contenção, amarelados antes dos 25 minutos. A pausa para hidratação sob o forte calor, no entanto, trouxe sequência de jogo cadenciado por erros de passes e faltas. Aos 35, o tricolor arriscou a primeira. Wellington Rato viu espaço e tentou de longe, mas por cima.
No minuto seguinte, a bola espirrou e Lucas, em um voleio plástico, mandou para fora. Centroavante escolhido por Sampaoli, Pedro teve a primeira chance em jogada fora das características naturais. De fora da área, ajeitou no vazio e chutou colocado. A bola passou perto da trave. Mas, assim como no Maracanã, o gol havia de sair ao visitante. Pulgar invadiu a área, Rafael raspou, a bola tocou na trave e Bruno Henrique completou para reabrir a grande final, aos 43. O cenário, porém, durou pouco. Com 49, de sem-pulo, Rodrigo Nestor devolveu a vantagem ao time mandante com um golaço.
Tricolor seguro
Embora tenham voltado sem substituições do intervalo, o alívio dado pelo sol no início do segundo tempo valeu como um reforço extra para os dois times. Ainda com a bola no pé, o Flamengo tentava o caminho de fora da área. Fabrício Bruno e Gerson arriscaram, sem sucesso. Os lances, porém, foram isolados de um rubro-negro com poucas opções ofensivas diante de um tricolor interessado em aguardar o desenrolar das ações do jogo. Sampaoli percebeu a dificuldade e mexeu no time em busca de soluções ao sacar Thiago Maia e acionar Luiz Araújo.
O padrão arame liso do rubro-negro seguiu até os 25 minutos. Mesmo pouco ameaçado, o São Paulo não contra-atacava e mantinha o clima de tensão no Morumbi. Nem mesmo a parada para hidratação conseguiu oxigenar a decisão de imediato. A eficiência tricolor na marcação dava pouco espaço para o Flamengo trabalhar jogadas de pé em pé. Aos 32, a queda de intensidade dos cariocas em relação ao início era nítida e isso favorecia os paulistas.
De longe, Luiz Araújo tentou reaquecer o rubro-negro. Mas falhou na mira e mandou perto da trave. Mesmo realizado aos 33, aquele foi o último suspiro de um Flamengo falho durante toda a temporada. Entendendo o momento do jogo, o São Paulo soube se portar. Contido nos momentos de maior tensão, o Morumbi abarrotado se soltou de vez na caída da noite na capital paulista para impulsionar a proposta do time e, finalmente, vibrar pelo primeiro título da Copa do Brasil.
Ficha técnica
Copa do Brasil - Final
São Paulo 1 x 1 Flamengo (2 x 1 no agregado)
Estádio do Morumbi, São Paulo
São Paulo
Rafael; Rafinha, Arboleda (Diego Costa), Beraldo e Caio Paulista (Welington); Pablo Maia, Alisson (Gabi Neves), Wellington Rato (Luciano) e Rodrigo Nestor (Michel Araújo); Lucas e Calleri. Técnico: Dorival Júnior
Flamengo
Rossi; Wesley, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Erick Pulgar, Thiago Maia (Luiz Araújo), Gerson (Victor Hugo) e Arrascaeta (Everton Ribeiro); Bruno Henrique e Pedro (Gabigol). Técnico: Jorge Sampaoli
Gols: Bruno Henrique, aos 43, e Rodrigo Nestor, aos 49 do primeiro tempo.
Cartões amarelos: Alisson, Pablo Maia, Rafinha (São Paulo), Fabrício Bruno e Léo Pereira (Flamengo)
Cartão vermelho: Gabriel Neves (São Paulo)
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