Mentores intelectuais de Flamengo e São Paulo na final da Copa do Brasil, neste domingo (17/9), às 16h, no Maracanã (RJ), e no próximo domingo, no mesmo horário, no Morumbi (SP), os técnicos Jorge Sampaoli e Dorival Júnior têm algumas manias. O comandante rubro-negro não abre mão de um goleiro talentoso na saída de bola com os pés. O homem de confiança da vez é Matheus Cunha. O dono da prancheta tricolor atrai camisas 10 por onde passa. O colombiano James Rodriguez chegou para tomar conta do meio de campo.
A obsessão de Sampaoli por arqueiros habilidosos é antiga. O Correio conversou com o maior goleiro-artilheiro com quem o técnico trabalhou. Johnny Vegas Fernández, o "Chilavegas", fez 45 gols na carreira. Só fica atrás das lendas Rogério Ceni (131) e José Luis Chilavert (67). Oito foram marcados sob a batuta do treinador argentino do Flamengo no Sport Boys e no Sporting Cristal do Peru. "Cinco de pênalti e três em cobranças de falta", recorda o peruano de 44 anos nascido em Huancayo.
Aposentado, Johnny Vegas não se assusta com a obsessão de Sampaoli por goleiros capazes de jogar com os pés. "Ele é assim desde que o conheci. Mais do que saber jogar com os pés, o goleiro tinha que ser uma espécie de líbero, interceptar a maioria das bolas", recorda.
A opção de Sampaoli por goleiros com esse perfil tem justificativa para Johnny Vegas. "Entendo que ele evoluiu na carreira e na forma de trabalhar. Ao mesmo tempo, os clubes brasileiros têm condições econômicas de oferecer profissionais capacitados para trabalhar com ele", analisa.
O peruano exalta a importância de Jorge Sampaoli na carreira dele. "Ele me ajudou muito. Eu tinha muito potencial para sair do gol e cortar a bola. Por isso, não sofri muita pressão. Fazíamos trabalhos específicos para isso", lembra, indicando aos goleiros do Flamengo que é possível evoluir sob as ordens do argentino.
Enquanto Sampaoli tem fixação por goleiros habilidosos, o atual campeão da Copa do Brasil Dorival Júnior é um ímã para atrair organizadores de meio de campo. Dorival Júnior é um colecionador de camisas 10. Dificilmente falta um meia criativo nos times por onde ele passa. Quando o maestro não está no elenco, à espera dele, cai um James Rodriguez do céu para suprir a carência. O colombiano artilheiro da Copa de 2014, com passagem por Real Madrid e Bayern Munique, foi apresentado em agosto.
Antes de assumir o tricolor paulista, Dorival tinha dois "camisas 10" no Flamengo. O número 14 Arrascaeta e o 7 Everton Ribeiro eram — e continuam sendo — os donos do meio de campo rubro-negro. Com eles, conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores em 2022. Em 2018, na segunda passagem pelo Flamengo, Dorival Júnior contava com o camisa 10 Diego no elenco.
No início da década passada, Dorival Júnior extraiu o máximo do jovem Ganso no Santos. A parceria levou o Peixe aos títulos do Campeonato Paulista contra o Santo André e da Copa do Brasil no duelo com o Vitória, ambos em 2010.
Na Série B de 2009, o técnico tinha Carlos Alberto como maestro do Vasco. O meia ajudou o Gigante da Colina a conquistar a segunda divisão com duas rodadas de antecipação.
O papel de articulador do Palmeiras na passagem de Dorival pelo Palestra era o chileno Valdivia. O Mago é mais um camisa 10 para a coleção do treinador.
Há outros. "Hernanes em minha passagem anterior pelo São Paulo", destacou o próprio Dorival Júnior em entrevista ao Correio sobre a coleção de camisas 10. O Profeta começou a carreira no papel de volante. Aos poucos, foi empurrado para perto da área. Assumiu o papel de meia, o cara do último passe.
Dorival trabalhou com Sérgio Manoel no Figueirense. O meia dividia com Fernandes a missão de construtor na conquista do Catarinense de 2004. Quando trabalhou no Cruzeiro, o técnico tinha Wagner a serviço do setor pensante.
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