Se escolhermos um ou dois títulos de filme para confrontarmos as expectativas pelas carreiras de Gabriel Barbosa e Jonathan Calleri com a realidade, talvez as melhores indicações sejam A volta dos que não foram e/ou Deixados para trás. Protagonistas do início da decisão da Copa do Brasil entre Flamengo e São Paulo, neste domingo (16/9), às 16h, no Maracanã, no quesito gols, ambos despontaram na América do Sul com potencial para encantar na Europa, porém fracassaram, voltaram e se provaram jogadores para consumo interno por aqui mesmo, no nosso continente.
A conquista da primeira medalha de ouro do Brasil no futebol masculino nos Jogos do Rio-2016 impulsionaram a carreira de Gabriel Barbosa. Naquela campanha, ele formou um quarteto ofensivo brilhante com Luan, Gabriel Jesus e Neymar. Tinha 20 aninhos. Os presentes de aniversário do paulista de São Bernardo do Campo foram a presença na primeira convocação de Tite para a Seleção Brasileira e a transferência do Santos para a Internazionale por 29,5 milhões de euros. Combo perfeito três anos depois de estrear como profissional. Em 2013, ele substituiu Neymar no Mané Garrincha.
Gabriel Barbosa não teve maturidade para se tornar um jogador de ponta na Europa. Rebelde sem causa, recusou a reserva na Internazionale e no Benfica. Mimado no Santos, não aceitou a vida como ela é no Velho Continente. Fez um gol em 10 jogos com a camisa do time italiano na temporada de 2016/2017. Não tolerou a concorrência de Mauro Icardi, Rodrigo Palacio, Biabany, Perisic, Candreva, Bakayoko e Éder no ataque e foi ficando para o fim da fila no elenco.
As três trocas de técnico ajudaram a minar a adpatação do brasileiro. Chegou para trabalhar com Frank de Boer, viu Stefano Pioli assumir e encerrou sob a batuta de Stefano Vecchi. Balaçou a rede apenas uma vez na vitória contra o Bologna. Pioli o tirou do banco de reservas para resolver a partida. O empréstimo ao Benfica foi a pá de cal da passagem de Gabriel Barbosa pela Europa. Fez um gol contra o Olhanense. A volta ao Brasil para defender o Flamengo caiu do céu.
No clube desde 2019, Gabigol incorporou Nunes. Virou a nova versão do Artilheiro das Decisões. É jogador de final no time rubro-negro. Dificilmente deixa de balançar a rede em jogos valendo taça. São 14 gols desde 2019. Acumula 11 troféus. O camisa 10 vive a pior fase em cinco anos no Ninho do Urubu. Os 20 gols e quatro assistências em 47 jogos estão aquém da capacidade dele. Daí a possibilidade de Pedro iniciar a final como titular. O concorrente ostenta 27.
Jonathan Calleri é outro bate-volta. A cria do All Boys se consolidou como promessa no Boca Juniors, porém virou moeda de empréstimo. A vida cigana começa pelo São Paulo, passa por West Ham, Las Palmas, Alavés, Espanyol e Osasuna até o retorno ao Morumbi. Jogador de times pequenos no Velho Continente e ídolo de um gigante no Brasil. Se o apelido "Gabigol" atrai bola na rede no Flamengo, o mantra do São Paulo é "toca no Calleri que é gol".
Assim como Gabriel Barbosa, Calleri disputou os Jogos do Rio-2016. Foi figura discreta da Argentina. Além do fracasso na Europa e de uma participação na Olimpíada, há uma outra intersecção entre os dois. Ambos não se firmaram nas respectivas seleções. Ficaram fora das últimas três Copas do Mundo e dificilmente irão à de 2026. Para sorte de rubro-negros e tricolores, as seleções deles chamam-se Flamengo e São Paulo, e a Copa que lhes interessa é a do Brasil.
Além da excelência dos goleiros, Sampaoli é perfeccionista na montagem do time desde a passagem pelo futebol peruano. "Para ele, o trabalho vem em primeiro lugar. O nível tático era importante para ele. Trabalhava muito as linhas e queria tudo perfeito. O clube em que atuamos não era tão bom economicamente, mas nós conseguimos nos superar", testemunha. "Jorge Sampaoli viu que a equipe trabalhava no limite e ele começou a fazer sua história, como vemos agora", compara.
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