A lesão de Aaron Rodgers no jogo de estreia pelo New York Jets revigorou as críticas ao uso de grama sintética na NFL. O quarterback de 39 anos rompeu o tendão de Aquiles na última segunda-feira (11/9) após o pé ficar preso no campo do MetLife Stadium, em Nova Jersey, e irá perder o restante da temporada. O caso é apenas o mais recente de outros 17 episódios de problemas ligamentares no estádio desde 2020.
Das 30 arenas utilizadas pelas franquias da NFL em partidas regulares, a divisão entre grama normal e sintética está pela metade. Bengals, Bills, Colts, Cowboys, Falcons, Lions, Panthers, Patriots, Saints, Seahawks, Texans, Titans e Vikings mandam jogos em campos sintéticos, o mesmo das duplas Giants/Jets e Chargers/Rams, que compartilham palco em Nova Jersey e Los Angeles, respectivamente.
Na pré-temporada, a Associação de Jogadores da NFL (NFLPA) realizou uma pesquisa sobre os gramados da liga e atestou uma maior incidência de lesões nos artificiais. O estudo ainda apontou a opinião de atletas, que afirmaram se sentirem melhor e mais seguros em campos de grama normais. Mesmo assim, um dia antes da lesão de Rodgers, no domingo (10/9), o running back J.K. Dobbins, do Baltimore Ravens, também rompeu o tendão de Aquiles em partida disputada em solo natural.
Por outro lado, o MetLife parece ser palco para a infeliz incidência de casos. Em 2020, Nick Bosa e Solomon Thomas, ambos do San Francisco 49ers, romperam o ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho no estádio. No ano seguinte foram oito jogadores, somados por mais seis em 2022, com problemas ligamentares sofridos quando atuavam no campo. Os machucados se dividem entre casos de ruptura no LCA, Aquiles ou tendão patelar.
O cenário fez a arena de Giants e Jets realizar uma reforma no gramado para adotar um novo tipo de sintético. Apesar da mudança, a partida inaugural logo foi marcada pelo ocorrido com Rodgers. Em meio a situação, a Associação dos Jogadores emitiu um comunicado solicitando a adoção de superfície natural em todos os estádios da liga.
"Mudar a grama artificial para uma natural de alta qualidade é a decisão mais fácil que a NFL poderia tomar. A esmagadora maioria dos jogadores prefere (a grama natural) e os dados deixam claro que a grama natural é simplesmente mais segura do que a artificial. É uma questão que esteve no topo da lista de prioridades dos jogadores durante as visitas da minha equipe e que levantei com a NFL”, escreveu Lloyd Howell, diretor executivo da NFLPA.
“Embora saibamos que há um investimento para fazer essa mudança, haverá um custo maior para todos em nosso negócio se continuarmos perdendo nossos melhores jogadores devido a lesões desnecessárias. Não faz sentido que os estádios possam mudar para superfícies de grama natural de qualidade superior quando chega a Copa do Mundo, ou que os clubes de futebol venham visitá-los para jogos de exibição no verão, mas superfícies artificiais de qualidade inferior são aceitáveis para os nossos próprios jogadores. Isso vale o investimento e simplesmente precisa mudar agora”, completou.
Futebol da bola redonda
O assunto da Copa do Mundo, inclusive, é um fator adicional em meio a crise. O mundial de 2026 nos Estados Unidos, México e Canadá vai ter partidas em onze estádios da NFL. Destes, apenas quatro têm grama natural, condição exigida pela Fifa. Ou seja, Mercedes-Benz (Atlanta Falcons), AT&T (Dallas Cowboys), NRG (Houston Texans), SoFi (Los Angeles Chargers e LA Rams), Gillette Stadium (New England Patriots), Lumen Field (Seattle Seahawks) e o próprio MetLife vão precisar trocar o campo para receber o torneio de futebol.
Companheiro do Aaron Rodgers nos tempos de Packers, o jogador de linha ofensiva David Bakhtiari comentou sobre. “Parabéns, NFL. Quantos mais terão que se machucar em gramados sintéticos? Vocês ligam mais para jogadores de futebol do que para nós. Vocês planejam remover todos os gramados naturais para a Copa do Mundo que está chegando, então claramente é viável. Estou cansado disso. Façam melhor!", publicou o atleta no X, antigo Twitter.
Enquanto isso, o caso continua como está e a NFL segue esquentando uma discussão que está em etapas embrionárias no futebol brasileiro, mas passível de uma escalada a qualquer momento.
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