Futebol candango

Comando com toque uruguaio: conheça Hugo Pilo, técnico do Planaltina

Único técnico estrangeiro à beira do gramado na Segunda Divisão do Campeonato Candango, Hugo Pilo é aposta do Galo do Planalto na tentativa de voltar à primeira divisão

Hugo Adrián Pilo Burgos, técnico do Planaltina, chegou ao Distrito Federal na temporada de 2022 -  (crédito: Divulgação/Planaltina)
Hugo Adrián Pilo Burgos, técnico do Planaltina, chegou ao Distrito Federal na temporada de 2022 - (crédito: Divulgação/Planaltina)
Paulo Martins*
postado em 09/09/2023 06:01

Nos últimos anos, o Brasil virou uma espécie de eldorado para treinadores estrangeiros. Principalmente em torneios de elite, os clubes apostam nos gringos na tentativa de implementar um projeto esportivo vencedor. Entretanto, eles não figuram apenas no topo. Na periferia da bola, também há espaço para importação. Time da Segunda Divisão do Campeonato Candango, o Planaltina sonha com o acesso impulsionado por uma voz com sotaque na beira do campo. O uruguaio Hugo Adrián Burgos, 47 anos, é, novamente, o técnico da equipe na luta para chegar na primeira divisão.

Ao longo da carreira, o uruguaio teve passagem por clubes locais do Campeonato Uruguaio, como Liverpool e Racing de Montevidéu. Com as chuteiras nos pés, foi atleta do Progreso, onde também foi responsável pela prancheta. Depois de experiências na Espanha e na Argentina, a chegada à capital na temporada 2022 trouxe um desafio imenso. O Planaltina está na segunda prateleira do futebol candango desde 1998. A bagagem do uruguaio é um dos trunfos na tentativa de chegar à elite.

Ao Correio, "El Pilo", como o treinador é chamado, enumerou os motivos do aceite ao desafio no Distrito Federal. "Gerar novas experiências, conhecer gente nova, trabalhar em outra cultura e outro idioma. Além de me provar como treinador, docente, sobre a minha capacidade de ensinar e transmitir futebol. Outra coisa é a possibilidade de ter uma porta de entrada para um futebol muito competitivo, em um país maravilhoso, com uma quantidade de times muito maior do que temos no Uruguai", destacou.

Para Hugo, disputar a Segunda Divisão do Candangão está longe de ser um problema. "Quanto à humildade do clube, posso entender que não se explica como terminei aqui. Não sou uma pessoa que ostenta, sou filho de trabalhadores e estou convencido que o ser humilde não tira a condição de fazer um bom trabalho", enfatizou. No Planaltina, o uruguaio tem a oportunidade de trabalhar em uma equipe com abertura para outros países. Neste ano, o elenco não tem estrangeiros, mas, há algum tempo, o Galo abre espaço para atletas camaroneses, como Blaise Tsague, ex-Figueirense.

"Estou convencido que fazendo um bom grupo humano de trabalho, pouco a pouco, os objetivos vão sendo alcançados. Talvez, seria mais fácil em um time grande, de poderio e capital financeiro, mas a verdade é que em uma equipe assim meu trabalho seria menos visível. Sempre dá mais mérito e reconforto lograr as coisas desde a humildade, o trabalho e o compromisso", pontuou. "Gosto da característica do futebol do DF. Tem uma linda mescla de qualidade técnica e vontade. Aprendi muito, está sendo um grande processo pedagógico para mim", analisou.

Hoje, a Segundinha do Candangão começa a segunda rodada com três jogos. O Planaltina entra em campo amanhã, quando visita o Riacho City, às 15h, no Estádio Defelê. Na visão de Hugo, um dos trunfos na busca pelo sucesso é a bola relação com o time. "Não sei se pela minha filosofia de vida e de trabalho, mas nunca tive problemas em um plantel dirigido por mim. Diferenças, sim, mas meu relacionamento com os jogadores é muito bom. Tento sempre que tenham a maior felicidade possível, só assim podemos tirar 100% do que eles podem dar. Aí parto de uma ideia de que se você é feliz com o que faz, rende muito mais do que se não gostasse ou fizesse de mau gosto", garante.

Velhos companheiros

Mesmo na Segundinha, Hugo Pilo tem uma visão bem estabelecida sobre a rotatividade de técnicos sul-americanos no Brasil, principalmente nas primeiras divisões do Campeonato Brasileiro. O comandante do Planaltina, inclusive, diz tirar ensinamentos dos modelos de trabalho utilizados pelos companheiros de profissão. Com alguns deles, há uma certa intimidade de outros momentos vividos no mundo do futebol.

"Tive a sorte de ter ex-companheiros que comandaram no Brasil, como dois que estiveram no ano passado: Paulo Pezzolano (ex-Cruzeiro) e Alexander "El Cacique" Medina (ex-Internacional). Esse ano, temos o Diego Aguirre no Santos, com quem também joguei no Liverpool. Não é fácil chegar a esse nível e isso diz bem sobre os técnicos uruguaios", elogiou. No Brasil, porém, há quem não o agrade. "Só há um treinador que não gosto nem pelo estilo, nem pelo aspecto e nem pela forma como trata com os jogadores. É uma lástima que a maioria dos brasileiros seja torcedor desse time", cornetou o uruguaio.

Em termos de pausa dos principais torneios para as partidas da Data Fifa, Hugo não deixou de analisar o novo momento do Uruguaio sob o comando de Marcelo Bielsa. "Acho que a AUF (Associação Uruguaia de Futebol) errou em tirar o "Maestro" Óscar Tabárez, mas hoje acho que seja o melhor sucessor possível. A seleção precisa de um treinador que trabalhe com seriedade e respeitando os processos das divisões de base, como ele faz", pontuou.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

 

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