A vista para o Lago Paranoá não é mais o único azul que chama a atenção dos frequentadores do Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB). As borrachas cor de céu e água são as marcas do recém-inaugurado Complexo de Atletismo Mário Ribeiro Cantarino Filho, novo templo da modalidade no DF. O espaço está um brinco e, agora, conta com duas pistas para competições de elite e lapidação de talentos do quadradinho.
O lugar onde competiram os medalhistas olímpicos, João do Pulo, bronze no salto triplo em Moscou-1980, e Joaquim Cruz, ouro nos 800m em Los Angeles-1984, passou pela primeira reforma após mais de 50 anos da abertura. De cara nova, a reinauguração na terça-feira (5/9) marcou o resultado de três anos de obras. No total, R$ 18 milhões foram investidos, valor injetado com recursos próprios da UnB, do Governo Federal e de emenda da senadora e ex-atleta Leila Barros (PDT-DF).
As duas pistas seguem padrões oficiais e contemplam as modalidades de velocidade, lançamento de peso, dardo e martelo, e saltos em altura, distância e com vara. O primeiro percurso é reservado para competições, enquanto o segundo é destinado a aquecimento e treinamentos. Por ter os parâmetros do manual Track and Field Facilities da World Athletics, entidade que gere o atletismo mundial, o Complexo pode ser credenciado para receber os principais torneios das categorias, o que coloca o DF no mapa global.
Quem é figura carimbada na elite mundial e presença certa nas pistas do Centro Olímpico da UnB é Caio Bonfim, da marcha atlética. O medalhista de prata na Copa do Mundo de Budapeste em 2023 revelou laços antigos com o lugar e a importância do espaço.
"Essa pista faz parte da história de Brasília. Minha mãe foi marchadora, oito vezes campeã brasileira, e competiu muito nela. É uma grande oportunidade, ainda mais dentro da Universidade. Acho que a galera do atletismo de Brasília vir aqui é muito bom, vivenciar, entender o que é e estar participando. Reformada, é um grande feito. Que aqui seja o recomeço de um futuro para o nosso esporte", deseja.
Expoente da modalidade, Bonfim imagina as pistas como um ambiente ideal para o público se interessar mais pelo esporte, especialmente em competições maiores. O atleta também torce para o local lançar novos esportistas.
Um desses jovens é Lucca Campbell Simões, 19 anos. O barreirista é irmão de Pietra Simões, recordista nacional sub-18 nos 100m com barreiras, e celebra a inauguração do Complexo. "Eu sei o quão difícil é treinar sem uma pista. Na pandemia, não tivemos acesso e foi difícil o treino. A gente via os materiais para fazer essa pista há muito tempo. Fico muito feliz em ver que deu certo", compartilha o jovem.
Participante do Mundial sub-20 de 2022, na Colômbia, Simões reforça a qualidade do percurso, feito com o mesmo material de torneios internacionais e das Olimpíadas. Outro ponto importante é a possibilidade de acesso aos obstáculos oficiais, pois nos treinos, são geralmente usados materiais diferentes dos utilizados nas competições de alto calibre Brasil afora.
Conciliando a vida de velocista e estudante, Simões crê no maior engajamento dos alunos através do CO. "Acho que uma das maiores contribuições vai ser no âmbito da Universidade, incentivar o esporte aqui. Com o Brasil evoluindo e brasileiros vencendo, como o Alisson dos Santos, é uma combinação ótima para dar mais visibilidade. A gente merecia isso", finaliza.
Com a inauguração, a UnB prevê a criação de novos projetos envolvendo o espaço, como a formação de núcleos de esporte de base. A expectativa é envolver de 450 a 1200 atletas por ano em cada modalidade, entre olímpicos e paralímpicos. Em meio a tanto azul, que este seja o palco para a produção de quem futuramente terá algo dourado no peito.
*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini
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