ELIMINATÓRIAS

Fernando Diniz terá sete chips para instalar programa próprio na Seleção

Seleção tem sete jogadores com expertise no estilo de jogo do técnico. Saiba como Ibañez, Nino, André, Veiga, Lodi, Guimarães e Caio Henrique podem ajudá-lo a baixar o programa no time

Ibañez, Nino, André, Veiga, Lodi, Guimarães e Caio Henrique têm experiência com Diniz em clubes e conhecem detalhes do estilo do treinador -  (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A. Press)
Ibañez, Nino, André, Veiga, Lodi, Guimarães e Caio Henrique têm experiência com Diniz em clubes e conhecem detalhes do estilo do treinador - (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A. Press)
Marcos Paulo Lima
postado em 06/09/2023 06:00

Se um músico tem sete notas para compor uma canção, Fernando Diniz desfruta de sete chips para ajudá-lo a implementar na Seleção Brasileira o aplicativo capaz de pavimentar o caminho rumo ao cobiçado hexa. Dos 23 convocados para enfrentar a Bolívia, na sexta-feira, às 21h45, em Belém, e o Peru, na terça, em Lima, pelas Eliminatórias para a Copa de 2026, sete trabalharam com o técnico interino em clubes de pequeno, médio e grande porte do país. Eram oito atletas de linha até o corte do atacante Antony. O atacante é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por violência doméstica à ex-namorada, a DJ Gabriela Cavallin. No gol, Lucas Perri foi reserva na passagem do treinador pelo São Paulo.

Batizado de "dinizismo", o estilo de jogo criativo, belo e rebuscado do técnico interino do Brasil até a posse do italiano Carlo Ancelotti não é fácil de baixar. O download pode demorar até atingir 100%. Exige paciência e uma dose cavalar de calmante. "Na defesa, você torce para não errar, e no ataque você torce para acertar. O jogo fica emocionante todo tempo. É muito fácil dar um chutão na bola, mas é feio. O jogo dele é bonito", define Mário Teixeira, presidente do Conselho Deliberativo do Grêmio Osasco Audax, em entrevista à série Sonho de Criança da ESPN. Em 2016, Diniz levou o modesto time à final do Paulistão contra o Santos. Perdeu a taça, mas encantou.

O meia Raphael Veiga não fazia parte daquele Audax, mas foi jogador de Diniz pela primeira vez no time paulista. Mais à frente, ambos se reencontraram no Athletico-PR. "O Diniz é um cara que vê muito o lado humano das pessoas, um cara que me ajudou muito. Aqui não será diferente. As relações que ele vai criar aqui vão ser muito importantes, ainda mais porque não tem tanto tempo. Ele tem tudo para fazer um grande trabalho. Eu o conheço e já tive a oportunidade de trabalhar com ele, então vai ser legal encontrá-lo em uma situação diferente. Tive a oportunidade de trabalhar com ele no Audax, no Athletico-PR e aqui vai ser muito legal", disse o meia do Palmeiras ao desembarcar em Belém para se apresentar ao técnico.

Veiga é candidato ao papel exercido por Ganso no Fluminense. O tricolor carioca conquistou o Carioca neste ano, está no G-4 no Brasileirão e é semifinalista da Libertadores. "É mais rápido do que você imagina. No primeiro dia, ele já consegue entregar e implementar isso (estilo de jogo). Serão jogadores de muita qualidade. Se ele conseguir que os jogadores entendam isso, e ele vai conseguir, a gente tem tudo para voltar a ter uma seleção raiz. O jogo que o torcedor gosta de ver. Bonito e criativo, na qual a tomada de decisão é do jogador", conceituou o meia paraense em participação recente no programa Boleiragem do SporTV.

Diniz tem outros seis chips capazes de acelerar o processo. A lista tem ex e atuais jogadores do Fluminense. Os zagueiros Ibañez e Nino sabem exatamente como funciona a saída de bola. Beleza é fundamental começando lá de trás. Portanto, precisão no passe é padrão de excelência. Ambos trabalharam com ele no Fluminense. O lateral-esquerdo Caio Henrique e o volante André também conhecem o dinizismo aplicado nas Laranjeiras e podem ajudar a viralizar o plano.

"A decisão é do jogador. Ele cria todas as formas possíveis de sair jogando. Quando chega no campo, a gente tem que improvisar. É como se fosse um jogo de rua. Você fica à vontade e o aprendizado é mais rápido do que a gente imagina", acrescenta Ganso.

O técnico tricolor não teve êxito no Athletico-PR, mas semeou o dinizismo no Centro de Treinamento do Caju. O versátil Bruno Guimarães e o lateral-esquerdo Renan Lodi interagiram com as ideias no Furacão. "É doideira, doideira. Ele faz umas variações... Às vezes, assisto a jogos do Fluminense, e está o Cano na área tirando bola. 'O que está fazendo esse doido aí?'. É só treinando. Com ele, não tem posição fixa. E olha que ele já mudou bastante. No Audax era muito mais loucura. Mas só estando no dia a dia mesmo para explicar. Mas, para mim, é muito bom", avaliou Bruno Guimarães antes de ser convocado pelo velho-novo treinador.

No que depender de Diniz, a "doideira" terá doses homeopáticas na Seleção. "Eu acho que vou fazer o que sempre fiz quando chego nos clubes. Tentar colocar as ideias uma de cada vez, sem tudo de uma vez só. Paulatinamente, o time entende o que eu desejo, o que vejo do futebol. Qualidade técnica excepcional, jogadores têm hábito de jogar de forma posicional nos seus clubes, um pouco diferente do que eu gosto que façam, mas creio que vão se adaptar", disse na entrevista coletiva depois da primeira convocação.

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