Jogar a Segunda Divisão do Campeonato Candango é, definitivamente, uma missão para os fortes. A saga no caminho até conseguir uma das duas vagas disponíveis na elite do futebol do Distrito Federal é repleta de armadilhas, artimanhas, dificuldades e exige muito sol quente na cabeça até a realização. Os perrengues vão desde a montagem dos elencos, passando pelos recorrentes problemas com estádios. Quem quer subir para ocupar as vagas deixadas por Brasília e Taguatinga, entretanto, precisa driblar tudo isso em pouco espaço de tempo.
Tido como certame raiz e acirrado pelas poucas vagas de promoção, a competição de acesso — apelidada de Segundinha — começa amanhã e vai até 21 de outubro. Neste espaço de tempo, Aruc, Botafogo-DF, Canaã, Ceilandense, Grêmio Brazlândia, Grêmio Valparaíso, Legião, Luziânia, Planaltina, Riacho City, Samambaense e Sobradinho duelam nos gramados da capital federal e do Entorno para decidir quem terá o privilégio de compor o pelotão de elite do Candangão na temporada de 2024. Os concorrentes voltarão a apostar em fórmulas exploradas em outras edições para subirem de divisão.
Os modelos de montagem dos elencos são simples. Alguns apostaram em parcerias com outros clubes, casos de Ceilandense, novo braço da “holding” do Brasiliense no futebol local e Riacho City, destino de atletas campeões da elite com o Real Brasília. A Segundinha também é um espaço e tanto para revelações. Legião, Samambaense, Canaã, Grêmio Valparaíso apostam em elencos com vários jogadores das categorias de base mesclados com peças mais experientes. O Luziânia, o Sobradinho e o Brazlândia depositam as fichas em medalhões com títulos da divisão de acesso no currículo.
A Aruc, por outro lado, assumiu o papel de time misterioso e relevou poucos detalhes da preparação para a Segundinha. Uma das surpresas da equipe da antevéspera da estreia foi a chegada de sete jogadores campeões do sub-20 do Gama no elenco. Até ontem, eram os únicos registrados da agremiação no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O prazo de inscrição para a primeira rodada vai até às 23h59 de hoje. O treinador não foi confirmado.
Mais uma vez, os estádios são os maiores perrengues. A falta de laudos de segurança forçará vários jogos com portões fechados. Na primeira rodada, os três marcados para domingo estão nessa condição. Gramados, como o do Estádio Rorizão, em Samambaia, também preocupam. O problema fez times como Planaltina, Canaã e Sobradinho optarem por arenas localizadas no Entorno do Distrito Federal. Enquanto isso, o Bezerrão espera a reinauguração definitiva para voltar a ser opção para quem deseja jogar na capital.
A 27ª edição no profissionalismo tem 12 clubes participantes divididos em dois grupos. Com confrontos internos em cada chave na primeira fase, em cinco rodadas, apenas os dois melhores classificados avançam às semifinais. Lá, será decidido quem sobe para a primeira divisão de 2024 em jogos de ida e volta. Em jogo único com mando da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), a final será em 21 de outubro. A maioria das partidas do campeonato terá transmissão com imagens para os torcedores, via YouTube. O canal da federação local, a FFDF TV, vai passar dois jogos por rodada, as semifinais (uma delas exclusiva) e será a única emissora da final. Os demais compromissos estarão a cargo dos clubes mandantes, que poderão ceder os direitos de imagem a outros veículos ou permitir uma cobertura conjunta.
De acordo com a FFDF, todos os jogos da primeira rodada irão ao ar no YouTube. O canal oficial da entidade apresenta Planaltina x Brazlândia e Luziânia x Ceilandense. A Esportes Brasília vai transmitir o confronto entre Aruc e Riacho City. Botafogo x Legião e Sobradinho x Canaã terão transmissões a partir dos canais dos times mandantes. O mesmo acontece com Samambaense e Grêmio Valparaíso.
Como chegam os times
Grupo A
Aruc
O clube do Cruzeiro completa duas décadas desde a última vez na principal divisão do futebol do Distrito Federal. Embora não comece a competição na prateleira dos favoritos, apelará para o aspecto histórico para retornar à divisão principal. Cercado de mistério até no nome do técnico, o Time do Samba revelou poucos nomes do elenco. Entretanto, ontem, fechou uma parceria com o Gama e contratou sete atletas campeões do Campeonato Candango Sub-20.
Time-base
Não divulgado pelo clube
Grêmio Brazlândia
Com uma casa arrumada no Estádio da Chapadinha, a nova Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do futebol candango busca o primeiro passo com o modelo de gestão. Inicialmente, a recorrência a nomes consagrados no aspecto local, como os exCapital Daniel Guerreiro e Wisman e o ex-Ceilândia China, dão uma força à Garça em um grupo acessível de chegar às semifinais.
Time-base (4-5-1)
Mateus Damasceno; Felipe Biro, Pedro Henrique, Jefão e China; Raphael Augusto, João Carlos, Rodrigo Ferro, Vitor Lucas e Daniel Guerreiro; Wisman
Técnico: Bruno Coelho
Grêmio Valparaíso
A equipe situada ao sul do Distrito Federal tenta o acesso inédito, com 30 anos de existência. Apesar da idade, esta será a segunda temporada seguida do time na disputa da Segundinha, depois de uma paralisação de mais de duas décadas nas atividades. O Canarinho do Entorno aposta em uma equipe sólida para tentar, inicialmente, se classificar às semifinais. A missão, porém, é complexa.
Time-base (4-4-2)
Rogério Marques; Rafael Cordeiro, Caio Fellipe, Lidio Chacon e Matheus Lima; Fábio Lucas, Antony Felipe, Leozinho e Igor Moura; Marcus Davi e Vitex
Técnico: Matheus Rocha
Planaltina
O Galo do Planalto tem, outra vez, um plano estrangeiro para buscar o acesso. O banco de reservas terá o uruguaio Hugo “Pilo” Burgos, de passagens por Espanha e Argentina, além do país natal, onde também atuou como jogador por várias equipes tradicionais, na segunda temporada no futebol brasileiro. Ele é o único estrangeiro de toda a competição de acesso.
Time-base (4-4-2)
Wagner; Pedro Henrique, Iarley, Rozias e Alê Maranhão; Alessandro Jesus, Álvaro, Luquinhas e Índio; Jhon Maranhão e Denílson Piauí
Técnico: Hugo Burgos
Riacho City
Patinho feio da última edição, quando chegou a jogar com uniformes improvisados, a Onça quer deixar uma impressão melhor. Campeão da elite do Candangão em 2023, o Real Brasília emprestará alguns nomes e o técnico para a equipe. O objetivo é retornar à principal divisão candanga pela primeira vez desde 2018, quando ainda era o Bolamense.
Time-base (4-4-2)
Wendell; Caio Mendes, Felipe Mendes, Maycon Palácio e Gabriel Lima; Obina, Regino, Juan e James; Lucas Diniz e João Eric
Técnico: Dedê Ramos
Samambaense
Fora da elite desde 2015, a Pantera investe em um projeto de categorias de base própria e vai jogar, basicamente, com atletas menores de 18 anos. Em 2020, a chegada às semifinais foi a última oportunidade do time esteve próximo ao acesso. Subir não é necessariamente uma obsessão. A ideia é, basicamente, dar rodagem aos garotos para o futuro.
Time-base (4-4-2)
Webert; Carlos Augusto, Matheus Carneiro, Júlio Grampola e Lucas Alberto; Murilo, Toni, Edu e Kaká; Marcos e Pedro Henrique
Técnico: Ângelo Tadeu
Grupo B
Botafogo
O alvinegro tenta ascender há uma década e, desta vez, terá um comando experiente com as categorias de base para subir de vez. Antônio Lucas, comandante da Seleção Brasileira de Futebol Master e com passagens pelas bases de Santos e CRB, estará à frente do time. A equipe também deixou a cidade goiana de Cristalina e voltou as atenções exclusivamente para a capital federal.
Time-base (4-4-2)
Fabrício Freitas; Felipe, Rafael Martínez, Tobias e Yuri; Klayverson, Paulo, Lamarão e Valmir; Cauã e Berre
Técnico: Antônio Lucas
Canaã
Novidade nas competições candangas, o Vento Forte quer surpreender. Oriundo de Irecê, na Bahia, o novo membro do quadro local dará a primeira prova sobre ser, ou não, um calouro incômodo. Outra equipe com foco em revelar jogadores na base, o Canaã foi semifinalista do Candangão Sub-20 deste ano. Na tentativa de subir, a equipe conta com nomes de destaque na campanha.
Time-base (4-3-3)
Madeira; Miranda, Cauã, Matheus e Dudu; Gabriel Marques, Aloísio e Adrian; Caio, Cabelo e Kevin Luan
Técnico: Vítor Santana
Ceilandense
A quatro anos da última promoção, o rubro-negro terá a primeira temporada como novo apadrinhado do Brasiliense. Esse fato inclui o empréstimo de algumas peças do núcleo de atletas pertencentes ao Jacaré, incluindo nomes como Gabriel Kersul, grande revelação do último Sub-20. Como aditivo, o ex-Ceilândia Matheus Faleiro completa um dos grandes elencos do certame.
Time-base (4-3-3)
Samuel Deuner; Dharllyson, Pedro Tulio, Klayver, Lucas Kevin; Coquinho, Kersul, Iago; Matheus Falero, Pedrinho e João Marcelo
Técnico: Luis dos Reis
Legião
Um dos clubes de maior apelo no início dos anos 2000, o Leão do Rock vai para a oitava tentativa de voltar à primeira prateleira do futebol local. O método para matar a sede de jogar entre as principais equipes do Distrito Federal vai ser o mesmo adotado nas últimas temporadas: as categorais base. Utilizando jovens atletas, a equipe sonha em subir de divisão.
Time-base (4-3-3)
Alessandro; Estêvão, Gabriel Henrique, Gustavo Rambo e Heitor; Bruno Henrique, Romualdo e Vitor César; Felipe, Igor e Luander
Técnico: Luiz Henrique
Luziânia
O descenso da Igrejinha em 2022 foi uma das surpresas na elite, sobretudo por ser um dos quatro campeões com títulos no século 21 — vencedor em 2014 e 2016, sendo o único do Entorno em toda a história — a cair repentinamente. Com mescla de experiência e juventude, a equipe montou um elenco com nomes de ampla rodagem no futebol local e, principalmente, de sucesso na Segunda Divisão.
Time-base (4-3-3)
Márcio Fernandes; Montanha, Perivaldo, Artur Rodrigues e Goduxo; Filipe Werley, Thompson e Rodrigo Menezes; Mirandinha, Titico e Romário
Técnico: Sebastião Rocha
Sobradinho
Responsável por romper a maior seca sem títulos vigente na história do Candangão, nos 32 anos entre as taças de 1986 e 2018, o Leão da Serra busca quebrar outra marca negativa e voltar a figurar entre os grandes do DF. Com uma pitada de pop, após a chegada do atacante Adriano Michael Jackson, ex-Palmeiras, o alvinegro tenta voltar para a elite pela segunda vez seguida, desde o descenso em 2021.
Time-base (4-3-3)
Tchê; Carlos, Lucas, Amaury e David; Vinicius, Rafael e Guilherme; Edu, Adriano Michael Jackson e Carlos Eduardo
Técnico: André Beijoca
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz
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