Currículo e sonho: os trunfos de Arthur Elias por chance na Seleção

Multicampeão pelo Corinthians, Arthur Elias surge como favorito para cargo deixado por Pia Sundhage. Técnica sueca foi dispensada por resultado ruim na Copa do Mundo

Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Com o fim da era Pia Sundhage, oficializado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Seleção feminina começa a olhar para o futuro. Atenta à proximidade dos Jogos Olímpicos de Paris-2024, a alta cúpula da entidade tupiniquim garantiu ter realizado o desligamento da técnica sueca prospectando o nome de quem chegará para substituí-la. Assim, iniciou-se a temporada de especulação para o sucessor no cargo e o nome de Arthur Elias, o treinador mais vitorioso das últimas temporadas no Brasil, voltou aos holofotes.

Multicampeão com o Corinthians, o paulista de 42 anos é um expoente da nova geração de técnicos brasileiros do futebol feminino e sempre foi considerado uma espécie de escolha natural para o futuro da Seleção Brasileira. Tal necessidade só não era esperada tão cedo. Pia tinha contrato com a CBF para dirigir o Brasil até 2024, incluindo a disputa dos Jogos Olímpicos. Mas a queda precoce da Seleção na Copa do Mundo, amplificada pela apatia na eliminação com empate por 0 x 0 contra a frágil Jamaica, fez a entidade acelerar os planos.

• Leia mais notícias da editoria de Esportes do Correio Braziliense

Para tirar Sundhage, a CBF aguardou até os últimos instantes do deadline. Após a eliminação na fase de grupos da Copa, o presidente Ednaldo Rodrigues optou por estudar as opções para não cometer um erro de planejamento faltando um ano para Paris-2024. O prazo era até o fim de agosto. O anúncio da ruptura com a treinadora sueca veio na tarde de ontem. "Pia trouxe, nesse período de 2019 até aqui, um trabalho que, para a CBF e para o futebol brasileiro como um todo, foi muito importante. Desejamos a ela, em seus novos desafios, todo o sucesso", agradeceu o dirigente.

Apesar de valorizar a trajetória de Pia na Seleção, se escolher por Arthur Elias, Ednaldo Rodrigues optará por uma ruptura de ideias e conceitos na Seleção Brasileira. O treinador do Corinthians tem estilo e forma de analisar a partida distintos da sueca. O corintiano, inclusive, admitiu tais diferenças de formas pública recentemente. "Tenho o maior respeito por ela. A gente se fala muito, mas somos diferentes. Eu vi o jogo (contra a Jamaica) de outra forma. Talvez tenha faltado uma interferência um pouco mais cedo", analisou, em entrevista ao Apito Final, da Band, em 6 de agosto.

Nos 30 dias do processo de fritura de Pia Sundhage, inclusive, Arthur Elias foi questionado outras vezes sobre a iminente possibilidade de assumir a Seleção Brasileira. O treinador do Corinthians se diz pronto e não esconde ter o sonho de ocupar o cargo. Mesmo assim, evitou ser mais incisivo em relação à chance de ser o sucessor da sueca. Ontem, antes da vitória do Corinthians sobre o Taubaté, pelo Campeonato Paulista, e horas antes de a CBF oficializar o desligamento com a antiga treinadora, o profissional voltou a ser questionado. "O foco é totalmente nos próximos jogos. Acho que não é o momento da gente falar de Seleção Brasileira, principalmente por muito respeito a Pia", desviou.

Operação rápida

No comunicado de ontem, a CBF prometeu anunciar o novo técnico da Seleção Brasileira nos próximos dias. Pentacampeão da Série A1 do Campeonato Brasileiro e bicampeão da Libertadores, Arthur Elias tem uma sequência movimentada pelo Corinthians. Em vantagem na semifinal contra o Santos, o time paulista tem tudo para jogar a decisão do torneio nacional em 7 e 10 de setembro. Entre 5 de 21 de outubro, o alvinegro tem a próxima edição do torneio continental. Ainda na primeira fase, o Paulistão Feminino acaba somente em 26 de novembro. Ou seja, para vestir verde e amarelo, terá de deixar o atual trabalho com a temporada em andamento.

Entretanto, além de objetivo pessoal, a Seleção Brasileira é vista como o próximo passo ideal para Arthur Elias. Uma troca de emprego ao fim do Brasileirão Feminino não está descartada e fecharia o ciclo de cinco anos à frente do Corinthians com chave de ouro. Do clube paulista, o treinador levaria consigo uma grande bagagem profissional e de ensinamentos prontos para serem aplicados no time tupiniquim com meta de colocar mais um feito no currículo: a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.