O domingo promete ser especial para o Atlético-MG. Hoje, o clube e os mais de 6 milhões de torcedores espalhados pelo país comemoram a realização do sonho da casa própria com a primeira partida oficial da Arena MRV, em Belo Horizonte, às 16h, contra o Santos, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Galo sai do aluguel 1.224 dias depois do início das obras e entra em uma espécie de novo "clube dos 13".
Dos 20 figurões da elite do futebol nacional, apenas sete jogam "de favor" em arenas concedidas pelos governos estaduais: Botafogo, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Bahia, Cuiabá e Cruzeiro. O Atlético-MG rema contra essa maré, passa de inquilino para dono e se junta ao América-MG como os dois adeptos do estado ao "minha casa, minha vida" das quatro linhas. A dupla deixa o Cruzeiro como único clube da primeira prateleira mineira como locatário de arenas. A Raposa se acostumou à realidade cigana. Nesta temporada, foi mandante no Mineirão, no Independência, no Parque do Sabiá, em Uberlândia (MG), e na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (MG). Em 2022, chegou até a mandar jogo em Brasília, como no empate por 1 x 1 com a Chapecoense, pela Série B. Minas Gerais se aproxima da realidade de Rio Grande do Sul e São Paulo.
Nenhum clube gaúcho e paulista depende de concessões. O Grêmio tem uma arena para chamar de sua desde dezembro de 2012. O Internacional conta o Beira-Rio desde 1969, mas a modernização turbinada pela Copa do Mundo no Brasil encanta os olhos desde abril de 2014. Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo são os maiores cases de sucesso com Neo Química Arena, Allianz Parque, Vila Belmiro e Morumbi. Juntas, as quatro praças podem abrigar pouco mais de 174 mil torcedores. No interior, o Bragantino abraça o Nabi Abi Chedid desde 1949.
No Rio de Janeiro, o Vasco é o único independente da turma. O Gigante da Colina se orgulha de ter São Januário. No entanto, costuma travar batalhas judiciais com Flamengo e Fluminense para ter o Maracanã em jogos de maior apelo. O Botafogo foi agraciado com o Nilton Santos e fez mudanças significativas como nas arquibancadas em preto e branco e no gramado sintético, carinhosamente chamado de tapetinho na campanha absolutista no Brasileirão. A lista de emancipados, porém, pode passar por atualizações. O Flamengo retomou as conversas para a tirar do papel o projeto do estádio próprio no Gasômetro, região portuária da Cidade Maravilhosa.
Para os times fora do eixo, ter um lar sempre foi prioridade. Athletico-PR e Coritiba mostram isso na capital paranaense com a Ligga Arena e com o Couto Pereira. Apesar dos vínculos com o Serra Dourada, o Goiás estreitou recentemente os laços com a Serrinha.
A materialização do sonho do Atlético-MG custará R$ 1,1 bilhão aos cofres, quase 170% a mais que o orçamento inicial de R$ 410 em 2018. O custo passou para R$ 746 milhões mais R$ 335 milhões em contrapartidas para receber aproximadamente 45 mil pessoas no bairro Califórnia, na região oeste da capital mineira.
O Santos ensaia estragar a festa atleticana. O Peixe se inspira em Figueirense e Sport para "batizar" a Arena MRV. Os catarinenses superaram o Corinthians por 1 x 0 na entrega oficial da Neo Química Arena, em 18 de maio de 2014. Em 19 de novembro daquele ano, os pernambucanos colocaram água no chopp palmeirense com a vitória por 2 x 0 no primeiro jogo à vera no Allianz Parque.
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