Olimpíada

Entenda como Brasília ajuda a turbinar a ginástica rítmica no país

Enquanto o Brasil brilha no Mundial de Valência, na Espanha, conheça a escola do Distrito Federal que potencializa sonhos olímpicos

No interior de um ginásio azul, dezenas de meninas fazem movimentos elegantes, diariamente, em busca do sonho de se consolidar na ginástica rítmica. A modalidade olímpica em alta no país conquista os corações de diversas garotas, no Distrito Federal, por meio da graciosidade dos movimentos e do glamour oferecido pela riqueza de detalhes.

Enquanto a nata do Brasil disputa o Mundial de Ginástica Rítmica, em Valência, na Espanha, desde a última quarta-feira, meninas de diferentes idades se inspiram nas atletas da Seleção para fortalecer um esporte em rápida evolução. Uma dessas linhas de produção fica no Clube de Associados Suboficiais e Sargentos da Aeronáutica de Brasília (CASSAB).

Diversas alunas vestem os uniformes de ofício para encarar as fortes e bem estruturadas rotinas de treinamento de uma equipe apontada, hoje, como referência da categoria na capital federal devido à coleção de medalhas. No último Torneio Regional, em Goiânia, o conjunto voltou com 39 medalhas para casa.

Ao Correio Braziliense, Kely Espínola e Isabela Paz, treinadoras da equipe de GR do CASSAB, e duas das responsáveis pela Associação Candanga de Ginástica Rítmica (ACGR), contam como tornaram a equipe do Clube em time prestigiado. Elas relatam como tocam a rotina de treinos de tantas alunas nas categorias infantil, pré-juvenil, juvenil e adulto.

Referência

Graças a Kely e Isabela, o CASSAB, há nove anos, iniciou as atividades com a ginástica rítmica. Com trabalhos em outras instituições no currículo, como no Clube do Exército e na AGINOC, as profissionais levaram a prática no local a outro patamar por meio de uma rotina de treinamento bem estruturada e disciplinada.

Durante o período da tarde, meninas de diversas idades se reúnem no ginásio. Elas são separadas por categoria e aderem ao cronograma para permanecer em forma. Após sessões de alongamento, treinos de força e de estabilidade, compõem uma aula de balé antes de voltar às atividades com instrumentos para as passagens das coreografias.

Kayo Magalhaes -
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"Nós temos uma rotina bem consistente. De segunda à sexta, das 14h às 18h30, e, quando podemos, costumamos alongar até umas 19h, 19h30. As meninas são bem focadas e trabalham dessa forma desde pequeninas. Assim que começam a se destacar, começamos a direcioná-las. Mas, de qualquer forma, também mostramos que só fica quem quer. Para realmente poder fazer parte (da equipe), é preciso levar a sério", adverte Kely.

"As meninas que não tiram notas boas ficam impedidas de compor a equipe. Mas também não fazemos nada de mirabolante. Não impomos nada. Não fugimos do padrão, pois entendemos que cada menina tem o próprio ritmo. Nós nos diferenciamos pela constância e pela regularidade na preparação", define Isabela.

Relevância

Esse mesmo comprometimento, além disso, foi a principal causa para o forte sucesso da equipe em eventos regionais e nacionais. Com presenças frequentes nas edições anuais do Torneio Centro-Oeste, no Torneio Nacional e no Campeonato Brasileiro, a equipe empilha medalhas em todas as quatro categorias representadas.

No Regional deste ano, inclusive, o desempenho chamou a atenção. Com atletas campeãs em todas as categorias, foram conquistadas 39 medalhas no total: 17 de ouro.

"Sempre trabalhamos focadas nisso, no alto rendimento. Somos classificadas como uma das melhores do Brasil na modalidade. Trabalhamos muito. Isso se dá pela seriedade. Com isso, inclusive, fomos capazes de colocar atletas na Seleção Brasileira. Nomes como Marcela Menezes, Isabela Souza e Danielle Brandão trabalharam conosco", cita Kely.

"Por ser muito rica em detalhes, a ginástica exige insistência e perseverança, todos os dias, pois, se não, não será possível alcançar resultados expressivos", complementa ela.

O CASSAB finalizou a campanha de 2022 no Torneio Nacional, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, como a equipe mais vencedora do campeonato. Treze medalhas foram conquistadas. "Vamos trabalhar para, este ano, em São Paulo, seguir na mesma linha", programa Isabela.

Meta

Assim como muitas outras garotas, Mariah Fernanda de Matos, de 17 anos, e Manuella Telles, 10, sonham em alçar voos altos e chegar ao patamar de Seleção Brasileira. Mariah, um dos destaques da equipe como medalha de prata na disputa individual, e ouro na disputa com arco do último Torneio Regional, revela paixão antiga pela prática.

"Desde pequenina faço ginástica. Comecei ainda na escola, e sempre fui apaixonada. Estou aqui desde os meus 10 anos, e isso é a minha vida. Sempre fiz questão de me esforçar, e ter chegado à categoria adulta me deixa realizada", testemunha Mariah.

O comprometimento e a dedicação com a prática são, para ela, indispensáveis. "Sei que, sem treinar, não chegarei a lugar nenhum, pois os meus maiores sonhos são chegar à Seleção e disputar uma Olimpíada. Preciso, muitas vezes, abrir mão de sair com os amigos e de festinhas, pois sei que preciso estar sempre à altura do desafio", admite.

A escolha por sonhar, para Manuella, a Manu, também é consciente. Apesar da pouca idade, a jovem ginasta deseja fortemente estar ao lado das grandes quando crescer.

"Eu adoro estar aqui, todos os dias. Quero muito ser uma grande ginasta quando eu crescer, e sei que tenho ajuda aqui das minhas professoras para chegar lá", explica Manuela.

"Quero estar na Seleção Brasileira, e acho que consigo, assim como as minhas amigas aqui, que são muito boas, também. Eu me inspiro muito nelas, o tempo todo. Admiro todas elas", se orgulha Manu.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima