Fazer arte sobre as rodinhas de um par de patins pode ser mais que um simples hobbie. Júlia Zanini começou a praticar o esporte aos oito anos de idade e agora disputa o Mundial de Patinação Artística, na Colômbia, em setembro, e agora representa o Distrito Federal na própria estreia pela Seleção Brasileira.
A aplicação e a rotina de treinos diários de três horas, de segundas-feiras aos sábados, levaram a brasiliense a ser campeã em duas categorias do Troféu Brasil de Patinação Artística em 2023, no caráter individual. Como uma das integrantes do grupo QQG - Last Breathe, também conseguiu a medalha de prata no certame.
As conquistas em meio ao crescimento na carreira anteciparam um sonho de vida da patinadora. “O meu grande sonho era chegar no campeonato mundial, então estou muito, muito feliz. A minha meta este ano era ir bem no Troféu Brasil e conseguir a convocação com o quarteto. No próximo ano eu pretendo continuar evoluindo bastante, traçando planos para conseguir convocações solo também”, almeja.
A evolução para uma carreira além da capital federal vem desde 2018, quando começou a fazer viagens para competir em nível nacional. Em 2023 se deu a primeira oportunidade internacional, além da convocação conjunta no quarteto onde atua. A boa performance rendeu o curto fomento do programa Compete Brasília, do governo do Distrito Federal, para custear passagens aéreas para campeonatos continentais, com os demais custos — uniformes, técnicos, hotel e alimentação — ficam por conta da esportista e de seus familiares.
A forma crescente é mesclada com a ajuda de uma série de profissionais e com a vida escolar. Ao mesmo tempo em que trabalha com uma treinadora de elementos e montagem de coreografia, outra dedicada à área de interpretação e coreografia, um preparador físico e um técnico específico para o quarteto, convive com o ano de conclusão do ensino médico, no Colégio Católica Brasília. “É difícil conciliar com os treinos, mas sempre dou um jeitinho, e a escola me ajuda muito nesse quesito, sempre me apoiam”, relata.
O sonho, entretanto, tem um prazo definido desde a ótica de Júlia. Em um esporte pouco reconhecido, sem apoio e sem rentabilidade, a alternativa é a formação futura em Direito ou Odontologia. “É uma mistura de algo divertido, radical e bonito. Infelizmente a patinação artística não tem o reconhecimento que a gente gostaria, como outros esportes. Não existe retorno financeiro, então não pretendo seguir carreira”, lamenta.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima