É tempo de trocar os pés pelas mãos. Depois do fim da Copa do Mundo feminina de futebol, hoje a bola vai ao alto para o início do Mundial de Basquete masculino, com 32 seleções em busca da glória. A 19ª edição coloca na vitrine craques das principais ligas do mundo e grandes nomes da NBA, como Luka Doncic, Anthony Edwards e Shai Gilgeous-Alexander. Com o esporte da bola laranja cada vez mais globalizado, o torneio será disputado pela primeira vez em mais de uma sede — todas no continente asiático. As Filipinas recebem os grupos de A a D. O Japão fica com E e F. A Indonésia será anfitriã da divisões G e H.
Os dois melhores de cada grupo se classificam para uma outra fase de grupos, na qual novamente o primeiro e o segundo avançam às quartas. O restante do mata-mata é disputado em confrontos únicos. Os duelos serão na MoA Arena, nas Filipinas. A ESPN e o Star+ transmitem.
O Brasil está no Grupo G com Irã, Costa do Marfim e a atual campeã Espanha. O time verde-amarelo estreia amanhã, às 6h45 (de Brasília), contra os persas. Todas as partidas ocorrerão em Jacarta, na Indonésia. Os tupiniquins buscam o tri, o primeiro após as conquistas consecutivas em 1959 e 1963. Desde então, apenas seleções do hemisfério norte ficaram com a medalha de ouro.
O grupo convocado pelo técnico Gustavo de Conti vai ao Mundial com uma mescla de experiência e juventude. Pelo lado dos veteranos, Marcelo Huertas retorna para mais uma Copa, dessa vez aos 40 anos, acompanhado por Vítor Benite, 33. Entre a garotada, um nome especial para a torcida do Distrito Federal: o brasiliense Gui Santos, 21, jogador do Santa Cruz Warriors, afiliado do Golden State na Liga de Desenvolvimento da NBA.
A Espanha será a adversária mais potente no grupo, mesmo sem Ricky Rubio. Eleito o melhor da Copa na campanha do título de 2019, o armador fez pausa na carreira para cuidar da saúde mental. Os espanhóis terão nomes de destaque do basquete europeu, como Sérgio Llull, do Real Madrid, e o talento de Juan Núñez, de apenas 19 anos.
A partida contra o Brasil, na segunda-feira, será determinante para as equipes. O desempenho nos amistosos animou. O time venceu Sudão do Sul, Venezuela e a medalhista olímpica de bronze Austrália. Apesar das derrotas apertadas para Sérvia e Itália, chega bem ao Mundial.
E os figurões?
Em 2008 os EUA levaram força total para as Olimpíadas de Pequim como parte do "time da redenção", após ficarem com o bronze nos Jogos de Atenas-2004. Porém, este ano será diferente. Mesmo com o considerado vexame na Copa de 2019, quando foram eliminados nas quartas de final pela França, a seleção americana chega para essa edição com uma equipe mais modesta, sem grandes nomes da NBA como LeBron James, Stephen Curry e Kevin Durant.
No Grupo C, ao lado de Jordânia, Nova Zelândia e Grécia (desfalcada da estrela Giannis Antetokounmpo, lesionado), o time comandado por Steve Kerr, técnico multicampeão na dinastia do Golden State Warriors, apostou em promessas da liga, como Tyrese Haliburton e Jaren Jackson Jr, ambos de 23. O bola da vez é outro jovem, Anthony Edwards, 22. O ala-armador do Minnesota Timberwolves foi votado por especialistas no site da Federação Internacional de Basquete (FIBA) como o mais provável a ganhar o MVP.
Ainda assim, entre os 12 selecionados dos EUA, nenhum recebeu a premiação de All NBA, dada aos melhores do campeonato americano. Se há um colecionador dessas indicações, ele chama-se Luka Doncic. Estrela da Copa do Mundo, o esloveno liderará os representantes do Leste Europeu em busca de superar a melhor campanha do país, a sétima posição em 2014. Embalada pelo quarto lugar nos Jogos de Tóquio-2020, a equipe está no modesto Grupo F, ao lado da Venezuela e dos estreantes Geórgia e Cabo Verde.
Outros destaques de grife se enfrentam na abertura. A França, liderada pelo pivô Rudy Gobert, encara o Canadá, com Shai GIlgeous-Alexander em grande fase. Mesmo com atletas de sucesso empregados na na NBA, os dois países não contarão com alguns nomes importantes.
MVP da última temporada, Joel Embiid se naturalizou francês em 2022, mas não se comprometeu com o grupo. Do outro lado, Jamal Murray, atual campeão da NBA, ficou fora para descansar. As seleções acompanham Letônia e Líbano na divisão H.
Anfitrião, o Japão vai precisar ralar para buscar a classificação no E contra a Finlândia de Lauri Markkanen, a Alemanha de Dennis Schroder e Franz Wagner e a Austrália de Josh Giddey e Patty Mills. Com menos brilho, Egito, Lituânia, Montenegro e México formam o grupo D.
Sem o craque Nikola Jokic, a Sérvia terá no comando um xará de nome parecido, o jovem Nikola Jovic, com outras peças importantes. A equipe europeia é a favorita contra China, Porto Rico e Sudão do Sul na divisão B. O outro grupo restante terá Angola, Itália, Filipinas e República Dominicana, com confrontos interessantes entre jogadores naturalizados.
Um fato curioso e marcante para a disputa do Mundial é a quantidade de mudanças de nacionalidade. Muitos jogadores nascidos nos Estados Unidos optaram por abraçar laços familiares em outros países e representá-los no torneio. Um dos casos mais incomuns é o de Kyle Anderson. Ele até mudou o nome para Li Kaier e agora é chinês. Outros em situação semelhante são Karl Anthony-Towns, nas cores da República Dominicana (país de nascença da mãe), e Jordan Clarkson, em ação pelas Filipinas por ter raízes no local.
Paris-2024
Além da glória de poder se sagrar campeões mundiais, as seleções contam com mais um objetivo para alimentar as disputas. A Copa do Mundo dará sete vagas para quem ainda não garantiu lugar nas Olimpíadas de Paris 2024. Os dois melhores times das Américas garantem vaga direta nos Jogos, assim como a dupla de melhor desempenho entre os europeus. África, Ásia e Oceania terão uma vaga para a equipe mais alta na classificação geral.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima