Para sonhar com o tricampeonato da Libertadores da América, o Internacional terá de bater de frente com um time bem por dentro das tendências atuais do globalizado mundo da bola. Rival do colorado nas quartas de final do torneio, o Bolívar vai muito além da temida altitude de La Paz. O time boliviano tem relação estreita com o Grupo City, dos Emirados Árabes, e a cadeira da presidência ocupada por um executivo de alto escalão da Shein, um site chinês de moda. Com as credenciais multinacionais, a equipe recebe os brasileiros, nesta terça-feira (22/8), às 19h, no Estádio Hernando Siles, diante da meta de repetir a melhor trajetória na competição continental.
Tradicional na Bolívia, o Bolívar é o maior campeão nacional, com 30 taças, e time do país com mais participações na Libertadores. Atualmente, está na 33ª. A maioria delas foi tímida, com a equipe caindo na fase de grupos. No início dos anos 2000, porém, o clube enfrentou apuros financeiros. Isso até ser resgatado pelo empresário bilionário Marcelo Claure. Presidente do conselho para a América Latina da Shein, utilizou a expertise de anos no ramo dos negócios na tentativa de turbinar a agremiação e criar uma nova potência do futebol sul-americano.
Tal objetivo continua distante, mas conta com um apoio de peso: o Grupo City. O Bolívar entrou no conglomerado dos Emirados Árabes com um papel diferente de várias equipes. Ao contrário de Manchester City, Montevideo Torque City, New York City e Bahia, não recebe grandes investimentos do conglomerado. Mas tem acesso a toda estrutura de big data, além de fazer uso do know-how para a aumentar as receitas e ampliar melhorias em instalações e estrutura. A internacionalização do clube está, também, na beira do gramado. O espanhol Beñat San José, de 43 anos, guia a equipe na campanha promissora da atual Libertadores.
Com o apoio do Grupo City, por exemplo, o técnico fez estágios na equipe principal do Manchester City, nos quais ficou a par do modelo de gestão de Pep Guardiola. "Em campo, sempre há detalhes que você compreende, que você aperfeiçoa, que você se nutre. E as conversas com os diferentes profissionais da primeira equipe foram muito importantes para mim como treinador. Depois, há o relatório diário ou semanal do grupo City. É algo que trocamos informações, que existem ideias que nos reafirmam", destacou, em entrevista a ESPN.
Nesta terça-feira (22/8), o Internacional precisa estar atento a uma velha fórmula do Bolívar em edições da Libertadores: a altitude de 3.637 metros acima do nível do mar do Hernando Siles. O time perdeu apenas dois de 15 jogos como mandante contra times brasileiros na competição continental. Neste ano, por exemplo, bateu Palmeiras e Athletico-PR em casa. Na história do torneio, os bolivianos têm como melhor campanha justamente uma semifinal, em 2014. O sonho é repetir o feito.
O colorado, no entanto, chega ao jogo bastante empolgado após ter eliminado o River Plate. Contra um Bolívia cheio de relações dentro das tendências do mundo da bola, tentará fazer a valer a tradição construída ao longo de toda a história da Libertadores. O tricampeonato, porém, passa por não temer o rival cheio de artimanhas para avançar na Libertadores da América.
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