PARIS-2024

Brasil liga o alerta com resultados recentes de Alison e Isaquias

Os principais nomes esporte nacional tiveram desempenhos abaixo nas disputas mundiais no atletismo e na canoagem velocidade. Vôlei também vive crise de identidade

Alison dos Santos (E) e Isaquias Queiroz buscam melhorar o desempenho até Paris-2024 -  (crédito: Jewel Samad/AFP e Jonne Roriz/COB)
Alison dos Santos (E) e Isaquias Queiroz buscam melhorar o desempenho até Paris-2024 - (crédito: Jewel Samad/AFP e Jonne Roriz/COB)

Se o caminho para o Brasil chegar ao pódio das Olimpíadas de Paris-2024 pudesse ser traçado por um GPS, ele certamente teria de passar por algumas correções de rota. As modalidades e os atletas do país considerados favoritos por medalhas para a disputa com início daqui a 331 dias estiveram abaixo em algumas das principais disputas internacionais antes dos Jogos na Cidade Luz.

Maior esperança brasileira no atletismo, Alison dos Santos chegou à final dos 400m com barreiras do Mundial em Budapeste, na Hungria, mas terminou na quinta colocação. O sonho do bicampeonato foi adiado após terminar a prova em 48s10. A justificativa para a ausência de Piu no pódio pode ser física. Em fevereiro, ele passou por cirurgia para tratar de lesão grave no joelho direito. Teve pouco mais de cinco meses para se preparar para o segundo compromisso mais nobre do calendário.

A falta de ritmo pode ser ilustrada por cenas raras na decisão do Mundial. Piu derrubou dois dos 10 obstáculos. O título ficou com o norueguês Karsten Warholm (46s89). Kyron McMaster, das Ilhas Virgens Britânicas, (47s34) e o americano Rai Benjamin (47s45) completaram o pódio. "Foi um pouco frustrante, não era o que estávamos imaginando. Trabalhamos para mais, mas a temporada não acabou. Vamos com toda força, garra e motivação para as próximas. Estou feliz em estar saudável, brigar pelo título e competir de igual para igual", disse, após a final, aos canais do Time Brasil.

Quem também pode sentir decepção com o resultado é Isaquias Queiroz. No Mundial de Canoagem Velocidade, o baiano passou longe de repetir as campanhas avassaladoras que lhe renderam quatro medalhas nas duas edições anteriores das Olimpíadas, no Rio de Janeiro e em Tóquio. Na categoria C1 1000m, Isaquias terminou com a modesta sexta colocação e ligou o alerta. Além de ter ficado fora do pódio, não havia alcançado o índice olímpico.

No entanto, uma realocação da vaga do tcheco Martin Fuksa no C2 500m agraciou o brasileiro com a classificação. Apesar da dádiva, Isaquias terá de se contentar em não participar do torneio Pré-Olímpico das Américas no próximo ano. Os resultados de Isaquias em 2023 refletem a uma decisão voltada para a vida pessoal. O atleta de 29 anos foi pai pela segunda vez e optou por acompanhar de forma mais próxima o nascimento do Luigi.

Isaquias tirou uma espécie de ano sabático. A rotina intensa de treinos provocou reflexão e ele revelou o desejo de passar mais tempo com a família e em casa, na Bahia. Os treinos de 46 a 48 anos foram bastante reduzidos. "Optei este ano por tentar desacelerar um pouco mais. Se não, talvez nem em Paris eu chegaria. Faz 10 anos da minha primeira medalha em Mundiais. E 10 anos tendo que se manter no topo é muito desgastante, física e mentalmente. Lógico que não é o resultado que a gente está acostumado a dar, mas é o que a gente tinha para oferecer", discursou ao SporTV.

Outras modalidades

O vôlei também se tornou preocupação para o Brasil no ciclo até Paris-2024. Nas quadras, as Seleções masculinas e femininas amargaram eliminações na Liga das Nações. A feminina caiu para a China nas quartas de final e segue sem conquistar o título da competição. A trupe de Zé Roberto Guimarães faturou o Sul-Americano em Recife neste mês, mas o nível de competição no continente não anima para o Pré-Olímpico, de 16 a 24 de setembro.

O enredo é parecido com a equipe masculina. Bruninho, Lucarelli e companhia também se despediram da Liga das Nações no round entre os oito melhores. A derrota por 3 sets a 0 para a Polônia expôs a fragilidade do time treinado por Renan Dal Zotto. Hoje, eles têm a chance de manter a hegemonia na América do Sul, no clássico contra a Argentina, valendo o título da competição continental, às 20h30.

O Brasil jamais perdeu um título do Sul-Americano masculino. São 33 conquistas. A única vez que o país não esteve no lugar mais alto pódio foi em 1964, quando os hermanos foram campeões na ausência verde-amarela no torneio.

Nas águas, Ana Marcela Cunha segue em busca da braçada perfeita. Campeã da maratona aquática 10km em Tóquio-2020, a baiana de 31 anos foi quinta colocada na mesma prova do Mundial de Fukuoka no Japão. Uma das explicações pode estar atrelada ao fator físico. Ela retornou às competições em maio após cinco meses de recuperação de uma cirurgia no ombro. Outro motivo pode ser a troca recente de treinador.

A 20 dias do início da campanha no Mundial, Ana Marcela rompeu a relação profissional de 10 anos com Fernando Possenti. O italiano Fabrizio Antonelli assumiu a orientação da campeã olímpica. As mudanças não param por aí. A nadadora também arrumou as malas para Roma, onde treinará com o grupo comandado por Antonelli. O objetivo é sair da zona de conforto e aumentar as chances de sucesso em Paris.

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postado em 30/08/2023 06:00
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