Futebol

Espanha vence Inglaterra por 1 x 0 e conquista Copa do Mundo Feminina

Gol de Olga Carmona no primeiro tempo insere Espanha na lista das campeãs. País conquista tríplice coroa no futebol feminino e se torna o segundo país vencedor do torneio nas versões feminina e masculina

Olga Carmona comemora o gol do título diante da melhor goleira do mundo, Mary Earps -  (crédito:  William West/AFP)
Olga Carmona comemora o gol do título diante da melhor goleira do mundo, Mary Earps - (crédito: William West/AFP)
Marcos Paulo Lima
postado em 20/08/2023 09:02 / atualizado em 20/08/2023 10:42

Cinquenta e dois anos depois da primeira partida de futebol entre mulheres na Espanha e quarenta após a realização do inédito jogo oficial no país ibérico, La Roja acessou na manhã deste domingo o hall das seleções campeãs da Copa do Mundo Feminina ao derrotar a Inglaterra por 1 x 0 no Estádio Olímpico de Sydney, na Austrália.

La Roja precisou de apenas três participações no torneio (2015, 2019 e 2023) para alcançar o patamar dos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Nourega na sala de troféus. Aos 23 anos, a meia-atacante Olga Carmona fez o gol do título no primeiro tempo. A melhor goleira do mundo Mary Earps defendeu pênalti cobrado por Jenni Hermoso na etapa final, acusado pelo VAR, mas não impediu a concretização da tríplice coroa das adversárias. A Espanha ostenta dois títulos no Mundial Sub-17, um do Sub-20 e agora a Copa do Mundo. 

  • A meio-campista número 11 da Espanha Alexia Putellas (E) e a meio-campista número 10 da Espanha Jennifer Hermoso comemoram sua vitória durante a final da Copa do Mundo Feminina de 2023 FRANCK FIFE / AFP
  • A meio-campista número 03 da Espanha, Teresa Abelleira, comemora com o troféu SAEED KHAN / AFP
  • A Rainha Letizia da Espanha (R) parabeniza a meio-campista da Espanha nº 06 Aitana Bonmati durante a cerimônia de premiação FRANCK FIFE / AFP
  • A Rainha Letizia da Espanha (C) cumprimenta os fãs na multidão enquanto comemoram a vitória da Espanha na final da Copa do Mundo Feminina de 2023 DAVID GRAY / AFP
  • O presidente da FIFA, Gianni Infantino (esquerda), e a rainha Letizia, da Espanha (2ª direita), parabenizam a zagueira espanhola nº 14, Laia Codina, e a atacante espanhola, nº 22, Athenea del Castillo FRANCK FIFE / AFP
  • A zagueira da Inglaterra #06 Millie Bright e a goleira #01 Mary Earps chegam para a cerimônia de premiação enquanto as jogadoras da Espanha aplaudem no final da final da Copa do Mundo Feminina de 2023 WILLIAM WEST / AFP
  • A meio-campista espanhola nº 06 Aitana Bonmati segura o troféu da Bola de Ouro da FIFA no pódio após a final da Copa do Mundo Feminina de 2023 IZHAR KHAN / AFP
  • Spains players celebrate with the trophy after winning the Australia and New Zealand 2023 Womens World Cup final football match between Spain and England at Stadium Australia in Sydney on August 20, 2023. (Photo by FRANCK FIFE / AFP) Franck Fifa/AFP
  • Spains defender #19 Olga Carmona celebrates scoring her teams first goal during the Australia and New Zealand 2023 Womens World Cup final football match between Spain and England at Stadium Australia in Sydney on August 20, 2023. (Photo by WILLIAM WEST / AFP) William West/AFP
  • Spains defender #19 Olga Carmona celebrates after scoring Spains first goal during the Australia and New Zealand 2023 Womens World Cup final football match between Spain and England at Stadium Australia in Sydney on August 20, 2023. (Photo by Izhar KHAN / AFP) William West/AFP

A história da seleção da Espanha foi escrita por 309 jogadoras. "A maioria de nós cresceu imanginando que o futebol é o nosso lugar, que pertencemos a esse esporte. Porém, sempre reservavam para nós os piores horários, treinadores despreparados. Está provado que o futebol também é nosso. Somos referências. Nós fizemos história", desabafou a zagueira Irene Paredes na véspera da decisão da Copa do Mundo.

"A Espanha é o país do futebol, mas socialmente fizeram as mulheres se sentir fora dele. Foi assim por muitas gerações. Fizeram de tudo para que não praticássemos esse esporte. Se temos êxito, é graças ao trabalho dos clubes, das jogadoras, da Federação, que criaram meios para que nós alcançássemos os resultados", acrescentou, emocionada.

A revolução pode ser explicada pela coleção de títulos. A Espanha desembarcou na Oceania com dois títulos no Mundial Sub-17 feminino nas edições de 2018 e 2022. No ano passado, conquistou pela primeira vez o Mundial Sub-20. Faltava um degrau para o olimpo em todas as categorias em torneios de seleções. Olga Carmona foi responsável por dar esse passo final no primeiro tempo. Além do título mundial, a Espanha ostenta a melhor jogadora do mundo — Alexia Putellas — e um dos melhores time do planeta. O Barcelona esteve em quatro das últimas cinco finais da Uefa Champions League e ganhou dois títulos. 

Nascida em Sevilha, a jogadora do Real Madrid observou uma roubada de bola de Abelleira no meio de campo, foi acionada por Caldentey com um passe rasteiro e chutou cruzado no canto da goleira Mary Earps para abrir o placar ao 28 minutos no Estádio Olímpico.

Olga Carmona tem para a Espanha a mesma relevância de Andrés Iniesta. Em 2010, o meia protagonizou o gol do primeiro título do país na Copa do Mundo Masculina, na África do Sul. Ambos são responsáveis por outro feito. La Roja é a segunda seleção a ostentar o título da Copa do Mundo nas versões feminina e masculina. Até então, somente a Alemanha tinha esse feito entre as 211 federações da Família Fifa. As germânicas ganharam a Copa em 2003 e em 2007 com elas; e em 1954, 1974, 1990 e 2014 com eles.

Atual campeã da Eurocopa, a Inglaterra sentiu o peso da vingança. No ano passado, a Espanha foi eliminada do torneio continetal na prorrogação pelas adversárias. Dessa vez, superaram, inclusive, as divergências com o técnico Jorge Vilda para bordar a primeira estrela no escudo. Antes da Copa, 15 jogadoras fizeram manifesto contra o treinador. O grupo chegou rachado na Copa do Mundo. Sofreu goleada por 4 x 0 para o Japão na primeira fase. Aos poucos, o time entrou nos trilhos e conquista a o torneio pela primeira vez. O prêmio para a Espanha é de US$ 4,3 milhões, o maior na história do evento. Vice-campeã com a Holanda em 2019, a melhor técnica do mundo Sarina Wiegman, cotada para assumir a seleção masculina da Inglaterra depois da era Gareth Southgate, amarga mais um segundo lugar.

A final chegou a ser interrompida por um protesto. Houve invasão do gramado por um personagem vestido com uma camisa com a frase: Liberdade para a Ucrânia. Parem Putler", em referência à guerra do presidente da Rússia, Vladimir Putin, contra a Ucrânia.

FICHA TÉCNICA

ESPANHA 1
Cata Coll; Ona Batlle, I. Paredes, L. Codina (Ivana Andrés) e Olga Carmona; Teresa Abelleira, Aitana Bonmati e Jenni Hermoso; Alba Redondo (Hernández), Mariona Caldentey (Putellas) e Paralluelo
Técnico: Jorge Vilda

INGLATERRA 0
Earps; Carter, Bright e Greenwood; Bronze, Walsh, Stanway e Daly (Kelly); Toone (England); Russo (Lauren James) e Hemp.
Técnica: Sarina Wiegman

Gol: Olga Carmona, aos 28 minutos do primeiro tempo
Cartões amarelos: Hemp (Inglaterra) e Paralluelo (Espanha)
Público: 75.784 pagantes
Renda: não divulgada
Árbitra: Tori Penso (EUA)
Estádio: Olímpico de Sydney, na Austrália

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