Cinquenta e dois anos depois da primeira partida de futebol entre mulheres na Espanha e quarenta após a realização do inédito jogo oficial no país ibérico, La Roja acessou na manhã deste domingo o hall das seleções campeãs da Copa do Mundo Feminina ao derrotar a Inglaterra por 1 x 0 no Estádio Olímpico de Sydney, na Austrália.
La Roja precisou de apenas três participações no torneio (2015, 2019 e 2023) para alcançar o patamar dos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Nourega na sala de troféus. Aos 23 anos, a meia-atacante Olga Carmona fez o gol do título no primeiro tempo. A melhor goleira do mundo Mary Earps defendeu pênalti cobrado por Jenni Hermoso na etapa final, acusado pelo VAR, mas não impediu a concretização da tríplice coroa das adversárias. A Espanha ostenta dois títulos no Mundial Sub-17, um do Sub-20 e agora a Copa do Mundo.
A história da seleção da Espanha foi escrita por 309 jogadoras. "A maioria de nós cresceu imanginando que o futebol é o nosso lugar, que pertencemos a esse esporte. Porém, sempre reservavam para nós os piores horários, treinadores despreparados. Está provado que o futebol também é nosso. Somos referências. Nós fizemos história", desabafou a zagueira Irene Paredes na véspera da decisão da Copa do Mundo.
"A Espanha é o país do futebol, mas socialmente fizeram as mulheres se sentir fora dele. Foi assim por muitas gerações. Fizeram de tudo para que não praticássemos esse esporte. Se temos êxito, é graças ao trabalho dos clubes, das jogadoras, da Federação, que criaram meios para que nós alcançássemos os resultados", acrescentou, emocionada.
A revolução pode ser explicada pela coleção de títulos. A Espanha desembarcou na Oceania com dois títulos no Mundial Sub-17 feminino nas edições de 2018 e 2022. No ano passado, conquistou pela primeira vez o Mundial Sub-20. Faltava um degrau para o olimpo em todas as categorias em torneios de seleções. Olga Carmona foi responsável por dar esse passo final no primeiro tempo. Além do título mundial, a Espanha ostenta a melhor jogadora do mundo — Alexia Putellas — e um dos melhores time do planeta. O Barcelona esteve em quatro das últimas cinco finais da Uefa Champions League e ganhou dois títulos.
Nascida em Sevilha, a jogadora do Real Madrid observou uma roubada de bola de Abelleira no meio de campo, foi acionada por Caldentey com um passe rasteiro e chutou cruzado no canto da goleira Mary Earps para abrir o placar ao 28 minutos no Estádio Olímpico.
Olga Carmona tem para a Espanha a mesma relevância de Andrés Iniesta. Em 2010, o meia protagonizou o gol do primeiro título do país na Copa do Mundo Masculina, na África do Sul. Ambos são responsáveis por outro feito. La Roja é a segunda seleção a ostentar o título da Copa do Mundo nas versões feminina e masculina. Até então, somente a Alemanha tinha esse feito entre as 211 federações da Família Fifa. As germânicas ganharam a Copa em 2003 e em 2007 com elas; e em 1954, 1974, 1990 e 2014 com eles.
Atual campeã da Eurocopa, a Inglaterra sentiu o peso da vingança. No ano passado, a Espanha foi eliminada do torneio continetal na prorrogação pelas adversárias. Dessa vez, superaram, inclusive, as divergências com o técnico Jorge Vilda para bordar a primeira estrela no escudo. Antes da Copa, 15 jogadoras fizeram manifesto contra o treinador. O grupo chegou rachado na Copa do Mundo. Sofreu goleada por 4 x 0 para o Japão na primeira fase. Aos poucos, o time entrou nos trilhos e conquista a o torneio pela primeira vez. O prêmio para a Espanha é de US$ 4,3 milhões, o maior na história do evento. Vice-campeã com a Holanda em 2019, a melhor técnica do mundo Sarina Wiegman, cotada para assumir a seleção masculina da Inglaterra depois da era Gareth Southgate, amarga mais um segundo lugar.
A final chegou a ser interrompida por um protesto. Houve invasão do gramado por um personagem vestido com uma camisa com a frase: Liberdade para a Ucrânia. Parem Putler", em referência à guerra do presidente da Rússia, Vladimir Putin, contra a Ucrânia.
FICHA TÉCNICA
ESPANHA 1
Cata Coll; Ona Batlle, I. Paredes, L. Codina (Ivana Andrés) e Olga Carmona; Teresa Abelleira, Aitana Bonmati e Jenni Hermoso; Alba Redondo (Hernández), Mariona Caldentey (Putellas) e Paralluelo
Técnico: Jorge Vilda
INGLATERRA 0
Earps; Carter, Bright e Greenwood; Bronze, Walsh, Stanway e Daly (Kelly); Toone (England); Russo (Lauren James) e Hemp.
Técnica: Sarina Wiegman
Gol: Olga Carmona, aos 28 minutos do primeiro tempo
Cartões amarelos: Hemp (Inglaterra) e Paralluelo (Espanha)
Público: 75.784 pagantes
Renda: não divulgada
Árbitra: Tori Penso (EUA)
Estádio: Olímpico de Sydney, na Austrália
Saiba Mais
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