BRASILEIRÃO

Mulheres estão mais participativas na arbitragem do Brasileirão

Elas mediaram 66 das 188 partidas do primeiro turno da elite nacional. O aumento contrasta com as realidades de badaladas ligas europeias, como Alemanha, Espanha e Inglaterra

Equipe de arbitragem da CBF totalmente feminina -  (crédito: CBF/Divulgação)
Equipe de arbitragem da CBF totalmente feminina - (crédito: CBF/Divulgação)
Victor Parrini
postado em 18/08/2023 05:29 / atualizado em 18/08/2023 05:29

Enquanto o planeta bola observa atentamente a última semana e o desdobramento da edição mais assistida e comentada da Copa do Mundo Feminina, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se esforça para valorizar as mulheres da arbitragem e diminuir a desigualdade entre elas e os homens. Levantamento do Correio mostra que houve um aumento na inclusão delas na programação da elite nacional de 2022 para 2023.

Na edição passada da Série A, a primeira presença feminina aconteceu apenas na 21ª rodada. Ou seja, mais da metade do campeonato havia sido disputado sem a mediação delas. Principal figura do apito entre as mulheres, a paranaense Edina Alves Batista assumiu as rédeas de Juventude 0 x 1 América-MG, no Alfredo Jaconi. Depois, ela comandou nove partidas até o final do torneio do ano passado. Nesta temporada, 188 partidas foram disputadas no primeiro turno do Brasileirão. Todas tiveram presença feminina.

Contabilizando árbitra central, bandeirinhas e equipes do VAR, elas estiveram em 66 partidas, o equivalente a 35% dos jogos. Foram 14 profissionais diferentes divididas nas três funções. Uma delas do Distrito Federal. A auxiliar Leila Naiara Moreira da Cruz é de Luziânia (GO), mas atua pela Federação do quadradinho. Ao lado de Edina Alves Batista e da catarinense Neuza Inês Back, representa o Brasil na Copa do Mundo Feminina na Austrália e na Nova Zelândia.

Outro número chama a atenção. Das 66 partidas, sete contaram com trio de arbitragem totalmente feminino. Seis com Edina Alves Batista, Neuza Inês Back e Leila Cruz e uma com a paranaense e a catarinense atuando com Fabrini Bevilaqua Costa (SP).

Para o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Wilson Seneme, o cenário demonstra um avanço pela igualdade. "Isso demonstra a evolução da arbitragem feminina, um dos nossos objetivos na comissão. Estamos vivendo também um momento de Copa do Mundo Feminina, portanto, nada mais justo que darmos prosseguimento ao nosso trabalho apoiando o desenvolvimento das árbitras", disse nos canais oficiais da entidade.

A maior presença feminina nos gramados da elite nacional é comprovada pelas bandeirinhas, com 52 aparições. O trabalho na equipe do VAR, seja como figura principal ou auxiliar, aparece em segundo, com 38 contribuições. Os papéis de juíza central e quarta árbitra foram exercidos apenas sete e quatro vezes, respectivamente. Todas com Edina Alves Batista. Reflexo de que ainda falta amplitude para capacitação de profissionais para outras funções.

Existem lacunas na capacitação e na igualdade do oferecimento de oportunidades. Todas as regiões do país estão representadas, mas isso demonstra a integração de várias praças. O Sudeste é o que oferece maior mão de obra, com seis profissionais — cinco de São Paulo e uma do Rio de Janeiro. O Sul aparece na sequência, com três — duas de Santa Catarina e uma do Rio Grande do Sul. O Nordeste fecha o pódio, com uma de Sergipe, uma de Alagoas e outra de Pernambuco. O Centro-Oeste tem o DF, enquanto o Norte conta com Rondônia.

Embora o cenário ainda não seja o ideal, a presença das mulheres na arbitragem do Brasileirão está à frente da de países muito mais desenvolvidos futebolística e socialmente. O Correio analisou as escalas dos campeonatos Inglês, Espanhol, Italiano, Francês e Alemão. Premier League, Bundesliga e LaLiga não levaram a campo nenhuma juíza em 38 rodadas da disputa de 2022/23. A Série A e a Ligue 1 tiveram Maria Sole Ferrieri Caputi no comando de três partidas e de Stéphanie Frappart em 20, respectivamente.

E no mundo?

No contexto geral, a arbitragem do Campeonato Brasileiro 2023 é um pouco mais animadora do que no ano passado. Na última edição do torneio nacional, o quadro sofreu uma debandada de 38 para 26 donos do apito e de 74 para 53 bandeirinhas. Fontes do Correio alegaram questões econômicas e seleção mais criteriosa dos profissionais. Hoje, 28 árbitros centrais comandaram jogos da Série A. O líder do ranking é o gaúcho Rafael Rodrigo Klein, com 13 partidas em 19 rodadas. Os paulistas Raphael Claus, Flávio Rodrigues de Souza estão em segundo (12). Mesma quantidade que o goiano Wilton Pereira Sampaio.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação