FUTEBOL

Neymar indo de mãos vazias para o futebol saudita do Al-Hilal

A escolha de deixar o francês Paris Saint-Germain para defender o saudita Al-Hilal o coloca em um caminho distinto ao seguidos por outros brasileiros

Neymar, do Paris Saint-Germain, comemora após marcar um gol contra o Jeonbuk Hyundai -  (crédito: Anthony Wallace/AFP)
Neymar, do Paris Saint-Germain, comemora após marcar um gol contra o Jeonbuk Hyundai - (crédito: Anthony Wallace/AFP)
Danilo Queiroz
postado em 15/08/2023 06:43 / atualizado em 15/08/2023 06:44

Desde o surgimento com a camisa do Santos, em 2009, Neymar sempre foi visto como um extraclasse. Os dribles, gols e bom futebol depositaram nos ombros do atacante a pressão de, um dia, repetir os feitos de Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká e ser eleito o melhor jogador do mundo. Aos 31 anos, ele ainda não conseguiu e deixa a missão pessoal de lado ao trocar o centro do mundo da bola por um mercado paralelo. A escolha de deixar o francês Paris Saint-Germain para defender o saudita Al-Hilal o coloca em um caminho distinto ao seguidos pelos brasileiros vencedores do maior prêmio individual do esporte.

Entre os integrantes do quinteto tupiniquim com Bola de Ouro no currículo, quatro também tiveram aventuras em mercados alternativos do futebol mundial. Entretanto, saíram das principais ligas somente anos depois de terem conquistado o status de melhores jogadores do mundo. Romário, Ronaldo, Ronaldinho e Kaká rumaram para campeonatos menos badalados apenas quando cumpriram a missão Europa das carreiras e não tinham mais mercado em torneios fortes do Velho Continente. Ronaldo foi o único a não apostas em times menos conhecidos no decorrer da carreira e resolveu encerrar a carreira no Brasil (veja os caminhos escolhidos por cada um no quadro abaixo).

O plano de ser eleito melhor do mundo sempre esteve linkado com os objetivos de Neymar a cada temporada na Europa. Nos primeiros anos no Velho Continente, durante a parceria com Lionel Messi e Luís Suárez com camisa do Barcelona, chegou mais perto do feito ao ficar na terceira posição em 2015 e 2017. Quando foi para o Paris Saint-Germain, um dos motivos da escolha seria a oportunidade de ser o protagonista de um grande projeto. Entretanto, o desempenho na premiação caiu: ficou duas vezes fora do top-10 e teve os nonos lugares de 2020 e 2022 como os melhores no prêmio da Fifa durante a passagem pelo clube francês.

No âmbito pessoal, Neymar viveu momentos de empolgação e desdém envolvendo o prêmio de melhor jogador do mundo. Em 2021, enquanto guiava o Paris para o vice-campeonato da Liga dos Campeões, o atacante concedeu uma entrevista dizendo "não estar nem aí" para a Bola de Ouro. Neste ano, por outro lado, o jornal francês Le Parisien publicou uma suposta empolgação do brasileiro com a chegada do técnico Luis Enrique — por quem foi comandado no Barcelona — ao PSG e teria estabelecido a honraria como meta individual na temporada 2023/2024.

Após entrar em um entendimento com o clube para jogar na Arábia Saudita pelas próximas duas temporadas, Neymar dá uma inevitável pausa no projeto Bola de Ouro. Embora a liga saudita esteja em evidência no mundo da bola pela contratação de grandes medalhões como Cristiano Ronaldo e Benzema — dois jogadores com o prêmio individual no currículo —, o campeonato dificilmente terá grande peso na Fifa no momento de escolha do melhor jogador do mundo. A Europa ainda centralizará todo o processo.

Trintar não é o fim

Após 10 temporadas completas na Europa, Neymar deixa a Europa com 31 anos e deposita em alguns a impressão de que não teria mais combustível para conquistar a maior honraria individual promovida pela Fifa. Entretanto, o retrospecto da premiação nos últimos anos dá outro veredito para a possibilidade. De 2008 para cá, diversos trintões tiveram desempenhos espetaculares e terminaram o ano com a Bola de Ouro na prateleira de conquistas. Messi, Lewandowski e Cristiano Ronaldo ganharam o prêmio da Fifa duas vezes na terceira década de vida. Zidane, Cannavaro, Modric e Benzema fizeram o mesmo uma vez cada.

De partida para uma aventura no futebol árabe com a camisa do Al-Hilal, Neymar abre mão, ao menos temporariamente, desta possibilidade. Apesar do salário astronômico — cerca de R$ 1,7 bilhão nos dois anos de contrato, cifras superiores aos ganhos anuais no período de PSG —, o atacante deixa em stand-by o objetivo pessoal de ser o sexto brasileiro a alcançar o prêmio de melhor do mundo. O objetivo do jogador seria retomar a trajetória na Europa após o fim do vínculo com os sauditas de olho na Copa do Mundo de 2026. Resta saber se o caminho distinto em relação ao percorrido pelos outros vencedores da premiação da Fifa terá o mesmo fim e a honraria no currículo.

 

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