Rapidez na manutenção, possibilidade de realização de shows e eventos com poucos danos e um gramado sempre em bom estado para receber os jogos do Botafogo. Quando decidiu adotar o modelo sintético no Estádio Nilton Santos, o alvinegro tinha em mente todos esses objetivos. Entretanto, o ganho esportivo vem sendo a maior vantagem do time carioca. Hoje, às 21h, o Glorioso recebe o Internacional, no Rio de Janeiro, com a possibilidade de se tornar o terceiro clube a alcançar um turno perfeito em casa na Série A do Campeonato Brasileiro de 2023.
Desde a adoção do modelo de pontos corridos com 20 equipes, em 2006, o torneio nacional sempre teve destaques como mandantes. Entretanto, carimbar 100% de aproveitamento ao fim da 19ª rodada é artigo bastante raro. Em 17 edições encerrados, somente o Corinthians, em 2010, e o Flamengo, em 2019, não perderam nenhum ponto atuando em casa (veja lista ao fim da matéria). Os paulistas ganharam 10 vezes no Pacaembu. Os rubro-negros emplacaram nove vitórias jogando no Maracanã (oito) e no próprio Nilton Santos (uma). Se ganhar do Inter em casa, o Botafogo enfileira o 10º triunfo.
O tapete de modelo híbrido com grama sintética (composta por cortiça) e natural com piso drenante e anti-impacto é fator determinante no desempenho. Tal opinião, inclusive, é unânime no Glorioso. "No começo, nós ficamos receosos de como seria o gramado sintético. Mas é muito bom, surpreendeu positivamente. Não é duro, faz a bola correr bastante. Faz muita diferença para a gente que está treinando duas vezes por semana, contra um time que nunca joga ali", destacou o atacante Victor Sá, em entrevista ao podcast De Primeira, do Uol.
No Brasil, Athletico-PR, Palmeiras e Corinthians são outros com um piso parecido ao utilizado pelo Botafogo. A opção é controversa. Everson, do Atlético-MG, Calleri, do São Paulo, Diogo Oliveira, do Coritiba, e Ganso, do Fluminense, elogiaram o gramado quando jogaram e perderam para o Glorioso no Nilton Santos. Dirigentes rivais de clubes com grama natural costumam ser os principais críticos ao modelo sintético. Lionel Messi também não é fã. No contrato firmado com o Inter Miami, existe uma cláusula o dispensando de atuar neste tipo de tapete.
Tem na Europa?
Na Europa, o tema também está no centro dos debates sobre as condições ideias à prática do jogo. A Inglaterra, por exemplo, não aceita gramados sintéticos nas partidas da Premier League. Os clubes da Holanda decidiram banir o modelo a partir da temporada 2025/2026. O quique da bola e as lesões foram os vilões na análise da Eredivise. Portugal proibiu o sintético em 2015. Hoje, os lusos aceitam a grama híbrida. Curiosamente, quando instalaram pisos iguais no Nilton Santos, no Allianz Parque e na Ligga Arena, Botafogo, Palmeiras e Athletico-PR recorreram justamente a esses países para adquirirem know-how. Espanha, Alemanha, França e Itália também não contam com tapetes totalmente artificias nos torneios de elite.
Alheio à discussão e dentro dos padrões estabelecidos no Brasil e pela Fifa, o Botafogo surfa a boa fase em casa. Se alcançar os 100% de aproveitamento como mandante, o campeão simbólico do primeiro turno da Série A do Brasileirão dará mais um passo na direção de se sagrar campeão nacional após 28 anos. O tapetinho, como o gramado do Nilton Santos é carinhosamente chamado pela torcida, virou ponto central na estratégia do Glorioso. Os ingressos para o jogo contra o Internacional esgotaram na quinta-feira e a sinergia está pronta para manter os 100% de aproveitamento.
Aproveitamento dos mandantes no 1º turno dos pontos corridos
2006 - São Paulo
10 jogos - 90% dos pontos
2007 - Botafogo
Nove jogos - 77,7% dos pontos
2008 - Palmeiras
Nove jogos - 92,5% dos pontos
2009 - Grêmio
10 jogos - 86,6% dos pontos
2010 - Corinthians
10 jogos - 100% dos pontos
2011 - Botafogo
Nove jogos - 81,4% dos pontos
2012 - Atlético-MG
Nove jogos - 92,5% dos pontos
2013 - Cruzeiro
10 jogos - 86,6% dos pontos
2014 - Cruzeiro
Nove jogos - 92,5% dos pontos
2015 - Corinthians
Nove jogos - 88% dos pontos
2016 - Palmeiras
10 jogos - 83,3% dos pontos
2017 - Corinthians
10 jogos - 80% dos pontos
2018 - Internacional
Nove jogos - 85,1% dos pontos
2019 - Flamengo
Nove jogos - 100% dos pontos
2020 - São Paulo
Nove jogos - 77,7% dos pontos
2021 - Atlético-MG
Nove jogos - 81,4% dos pontos
2022 - Corinthians
Nove jogos - 77,7% dos pontos
2023 - Botafogo
Nove jogos - 100% dos pontos
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