O ex-atacante do Coritiba Alef Manga admitiu ter participado de um esquema de manipulação de resultados durante o Campeonato Brasileiro do ano passado. Durante depoimento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), nesta quarta-feira (9/8), o jogador se disse arrependido pela participação no escândalo e concordou em devolver os R$ 45 mil pagos a ele pelos apostadores.
Do Chipre, nova casa do jogador após ter se transferido para o Pafos FC, por empréstimo, ele admitiu ter aceitado o montante durante depoimento, realizado por videochamada. O atleta confessou ter aceitado dinheiro para receber, ao menos, um cartão amarelo. Além disso, colocou o ex-colega de equipe Diego Porfírio como o arquiteto do esquema.
"Ele (Porfírio) veio até mim no quarto, me chamou para conversar no corredor sobre voltar atrás para eu tomar o cartão amarelo. Veio conversar, eu falei que não queria fazer, não queria, não queria, mas depois acabei aceitando. Falou para mim que o rapaz ia depositar o dinheiro depois do jogo. Fomos para o jogo, aconteceu que tomei o cartão amarelo. Depois da partida, ele me comunicou que tinha falado com o pessoal para que pudessem depositar o dinheiro. Ao longo da semana, não depositaram o dinheiro na minha conta. Falei com o Porfírio que eu queria o contato do rapaz para saber o motivo de não terem depositado", afirmou. Apesar disso, Manga relata ter recebido a quantia dias depois.
"Eles começaram a insistir, depois no CT e no telefone, para que eu tomasse o amarelo contra o Corinthians, que o valor ia ser dobrado. Nesse caso, eu falei que não queria fazer mais, estava muito arrependido pelo que fiz. Depois, ele falou que, quanto mais jogadores ele convencesse a tomar cartão, ele ganhava mais dinheiro de comissão. Não sei o valor, eu não falei com os apostadores, não tive contato com ninguém. Foi de fato o que aconteceu (...) estou aqui para deixar bem claro que estou à disposição de vocês para devolver o dinheiro", acrescentou.
Apesar disso, segundo o advogado responsável por representar o atacante, Levir Leonardo, em entrevista ao ge, a denúncia ao Ministério Público e a presença do inquérito no STJD não impedirão Alef de dar sequência à carreira. "Acho que foi muito importante o Alef entender que ele deveria confessar o próprio ato e esclarecer para o tribunal, para a sociedade e para a imprensa o que de fato ocorreu. Ele deixou claro ali quem foi que intermediou, quanto recebeu…", afirmou.
"Agora, é aguardar o final dos depoimentos sigilosos e defender a posição de que o cartão amarelo, ainda que grave, não justifica uma reprimenda superior prevista no código. É assim que a defesa vai se posicionar", assegurou o advogado.
O ex-camisa 30 é réu no processo responsável por investigar a manipulação de resultados no futebol nacional. Acusado de ter recebido um cartão amarelo de maneira proposital, contra o América-MG, pela 25ª rodada do Brasileirão de 2022, Manga recebeu R$ 45 mil reais pela ação.
Antes de ser cedido ao time do Chipre, o atacante acabou afastado pelo Coritiba, após a apresentação da denúncia pelo Ministério Público de Goiás. O MP do estado goiano trabalha junto do STJD e da CBF para combater os escândalos de manipulação no futebol.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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