O esporte mais popular do planeta sempre desafiou a lógica. Nem sempre o melhor vence ou o azarão cai. Às vezes, os papéis são invertidos. Em alguns casos, pode até parecer coincidência. Em outros, é fruto do trabalho e da insistência, como mostra a Colômbia na Copa do Mundo Feminina. Algoz da Alemanha na fase de grupos, as Chicas despacharam a Jamaica nas oitavas, por 1 x 0, e enfrentarão a Inglaterra, no sábado (12/8), às 7h30 (de Brasília), no round entre as oito melhores seleções do torneio. A classificação é uma espécie de prêmio à evolução no cenário.
O sucesso no futebol não é como seguir uma receita de bolo. No entanto, é possível encarar cada torneio como degrau para se aproximar dos êxitos. Única representante da América do Sul na nona edição do Mundial, a Colômbia entendeu bem os processos. Quem observa a alegria nas pernas das colombianas talvez não se recorde do trajeto percorrido até a campanha empolgante na Austrália e na Nova Zelândia.
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Antes de desbravar o mundo, se agigantam nos gramados sul-americanos. Em 2015, Las Cafeteras foram vice-campeãs dos Jogos Pan-Americanos Toronto-2015. Caíram diante do Brasil de Marta, Cristiane, Formiga e companhia. Porém, a prata valeu como um ouro e foi uma jogada ensaiada para a realização de um feito ainda maior. Quatro anos depois, em Lima, no Peru, também pela competição entre as Américas, conquistaram o título diante da Argentina e entraram no mapa das referências do continente.
Não à toa, no ano passado, as colombianas quase foram pedras nas chuteiras das jogadoras da Seleção Brasileira na Copa América. Na final em que a trupe comandada por Pia Sundhage era ampla favorita, elas venderam caro o título com a derrota de apenas 1 x 0. Mesmo com o revés, carimbaram vaga para o torneio da Fifa e para as Olimpíadas de Paris. De quebra, embolsaram R$ 500 mil em premiação da Conmebol.
Dinheiro esse que ajudou a impulsionar o cenário colombiano. Embora os resultados estejam aparecendo gradativamente, os campeonatos femininos do país ainda engatinham. A primeira divisão sequer passou pela profissionalização. Inclusive, na abertura da campanha finalista na Copa América de 2022, as jogadoras protestaram contra a realidade da modalidade por lá. Fizeram uma campanha nas redes sociais, batizada de “Unidas pela mudança”, no qual reivindicaram melhoras. Mesmo com as dificuldades, afirmaram que não faltava “amor à camisa”.
Em julho do ano passado, o presidente da Colômbia, Gustavo Pedro, garantiu que criaria uma liga profissional para elas. A promessa, entretanto, ainda não se materializou. Sem contar com apoios externos, as colombianas trabalham para surpreender novamente. A última fronteira pela vaga inédita na semifinal da Copa do Mundo é a Inglaterra. As atuais campeãs europeias ainda não favoritas, mas precisam colocar a superioridade em prática, pois a tendência é que as sul-americanas não se intimidem. Na primeira fase, não tomaram conhecimento das alemãs, vices do Velho Continente, com triunfo por 2 x 1.
Maior artilheira da história da seleção colombiana (52) e autora do gol que manteve a América do Sul no páreo das melhores equipes do mundo, Catalina Usme exaltou a campanha e projetou novas alegrias. “Vamos jogar sete finais. Sabemos como nos preparamos e sabemos o que podemos fazer. Estou orgulhosa dessa equipe e da mentalidade que tem. A Inglaterra vamos olhar de frente e competir”, discursou a veterana de 33 anos e uma das remanescentes dos feitos nos Pans de 2015 e 2019.
Parte o otimismo está no grupo e no individual de um fenômeno. Aos 18 anos, a ponta Lina Caicedo chama a atenção. Ela foi eleita a melhor jogadora da última Copa América e, hoje, desfila com a camisa do Real Madrid. Essa versão da Colômbia também tem um pouco do Distrito Federal: a atacante Lady Andrade e a meia Lorena Bedoya atuam pelo Real Brasília e representam o quadradinho na Oceania.
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