COPA DO MUNDO

Austrália está a um pulo de se tornar a segunda anfitriã semifinalista

Classificadas às quartas de final após a vitória por 2 x 0 sobre a Dinamarca, as Matildas podem repetir os Estados Unidos de 1999 e 2003 em caso de novo êxito contra França ou Marrocos

Victor Parrini
postado em 07/08/2023 22:32
Festa da classificação das Matildas às quartas de final da Copa contou com a presença de quase 76 mil convidados no Stadium Australia, em Sydney  -  (crédito: Franck Fife/AFP)
Festa da classificação das Matildas às quartas de final da Copa contou com a presença de quase 76 mil convidados no Stadium Australia, em Sydney - (crédito: Franck Fife/AFP)

Inspirada nos cangurus, a seleção australiana deu um salto enorme e se candidatou a quebrar um paradigma na Copa do Mundo Feminina. Ao superarem a Dinamarca por 2 x 0, ontem, as Matildas carimbaram o passaporte para as quartas de final e entraram na briga para se tornarem as segundas anfitriãs — elas abrigam o torneio com a já eliminada Nova Zelândia — a alcançarem o round entre os quatro melhores países do planeta bola.

Das oito edições anteriores do torneio mais nobre do futebol feminino, em duas as donas da casa romperam a barreira das quartas de final. Detalhe: isso com apenas uma seleção. Em 1999, os Estados Unidos superaram a mágoa do terceiro lugar de quatro anos atrás na Suécia ao despachar o Brasil na semi e conquistar o segundo caneco, contra a China.

As norte-americanas repetiram a dose com a presença no penúltimo mata-mata de 2003. O desfecho, porém, foi diferente. A geração bicampeã teve um choque de realidade com a derrota por 3 x 0 para a Alemanha e deu adeus ao sonho de título. Elas tiveram de se contentar com o segundo lugar contra as canadenses.

Vinte anos depois, a Austrália ensaia a maior campanha de sucesso do país na Copa do Mundo. Tudo isso, também, em nome da honra das anfitriãs. Presentes em todas as edições de 1995 para cá, as Matildas igualaram as melhores participações em Mundiais após a vitória contra as dinamarquesas e, agora, têm a inédita semifinal no radar.

O título pode até não vir. Afinal, as adversárias nas quartas de final podem ser as francesas(encaram as marroquinas, hoje, às 8h). No entanto, em uma nação cujo esporte mais popular é o rúgbi, as australianas batem um verdadeiro bolão, com um jogo redondinho. Para a Federação do país (Football Australian, em inglês), os avanços nas fases anteriores corresponderam aos investimentos nos quatro anos.

"O futebol australiano sempre acreditou no potencial das Matildas. O espírito inabalável e a resiliência ressoam com os valores de nossa nação e o sucesso em campo os tornou um símbolo de orgulho nacional. Ver o australiano unido por trás deste time foi inspirador. Nosso objetivo ao concorrer para sediar o torneio era usar o poder global da Copa do Mundo Feminina da FIFA para transformar nosso jogo", discursou o CEO da entidade, James Johnson.

A Austrália vive uma onda de investimentos e incentivos à seleção feminina e ao futebol no país. Johnson foi um dos viabilizadores de investimento de U$ 356 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão na cotação atual). Em março, os governos federal e estaduais do país garantiram mais U$ 207,7 milhões para infraestrutura, programas de alto desempenho e instalações para o desenvolvimento do esporte em comunidades. A iniciativa caminha com o aumento do carinho pela bola por lá. Dados da FA revelaram que 1,9 milhão de pessoas praticam o futebol em mais de 2.400 clubes comunitários, e 26% são mulheres.

O carinho das autoridades nos bastidores e nas ruas é refletido em campo. Levantamento da revista Forbes mostrou a Austrália está na entre as 10 seleções mais valiosas da nona edição do mundial. As Matildas são valiadas em 1,29 milhões de euros (R$ 6,95 milhões). Elas ficam atrás de equipes como Brasil (9º), Estados Unidos (4º), Espanha (2º) e Alemanha (1º).

Retorno da estrela

A maior contribuinte para a presença no top-10 é Sam Kerr. A atacante de 29 anos atua no Chelsea e desponta como uma das principais craques do mundo. Além de muita habilidade, ela tem o pé-quente. Fora da fase de grupos devido a uma lesão na panturrilha, ela entrou no segundo tempo da vitória contra a Dinamarca e aumentou o otimismo na Terra dos Cangurus.

"Foi um alívio pessoal (estrear na Copa). Foi incrível, estou empolgada e muito orgulhosa delas. Tivemos um apoio incrível, espero que continue assim. Sei que elas podem vencer sem mim. Tem sido incrível sentar lá e vê-las jogando. Vamos comemorar, mas há mais a ser feito", disse na zona mista.

Atacante australiana Sam Kerr comemora a classificação da seleção às quartas de final da Copa feminina
Atacante australiana Sam Kerr comemora a classificação da seleção às quartas de final da Copa feminina (foto: Franck Fife/AFP)

Histórico das anfitriãs

1991: China (quartas de final)
1995: Suécia (quartas de final)
1999: Estados Unidos (campeãs)
2003: Estados Unidos (terceiro lugar)
2007: China (quartas de final)
2011: Alemanha (quartas de final)
2015: Canadá (quartas de final)
2019: França (quartas de final)

Quartas de final 

Quinta-feira (10/8), às 22h: Espanha x Holanda
Sexta-feira (11/8), às 4h30: Japão x Suécia
Sábado (12/8), às 4h: Austrália x França ou Marrocos
Sábado (12/8), às 7h30: Inglaterra x Colômbia ou Jamaica

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