No admirável mundo novo da Copa Feminina, só há espaço para uma das quatro seleções campeãs nas quartas de final da nona edição. Premiada em 2003 e em 2007, a Alemanha amargou eliminação inédita na fase de grupos nesta versão. Coroada em 1995, a Noruega tombou nas oitavas. Recordista de títulos, o tetra Estados Unidos (1991, 1999, 2015 e 2019) não disputará as quartas pela primeira vez.
Canceladas pela Suécia nos pênaltis por 5 x 4 depois do empate por 0 x 0 no tempo regulamentar e na prorrogação, em um dos melhores confrontos da competição, as norte-americanas viram o plano do tri consecutivo inédito escoar pelo ralo e terão velhas ou novas sucessoras.
Do chamador "Big Four" da Copa do Mundo Feminina, resta o Japão. Sensação do torneio, a seleção asiática conquistou a Copa do Mundo em 2011, e terá pela frente justamente a Suécia nas quartas de final. O país escandinavo da técnica brasileira Pia Sundhage cobiça a taça desde o vice, em 2003. O outro duelo definido até o fechamento desta edição é Holanda x Espanha.
As quedas das duas potências da América do Norte são emblemáticas. Estabelecem uma nova ordem mundial no futebol feminino. Atual campeão olímpico, o Canadá rodou na primeira fase. Agora, é a vez dos EUA. O eixo das potências pode estar mudando para a Europa ou a Ásia.
O Velho Continente não conquista o torneio desde o triunfo da Alemanha contra o Brasil, em 2007. A Euro-2021 virou uma espécie de trailer do filme em cartaz na Austrália e na Nova Zelândia. A Inglaterra conquistou o título inédito. Vice em 2019, a Holanda se mantém fortíssima. Mesmo em crise interna, a Espanha figura entre as oito melhores. O cenário se desenhava surpreendente na lista dos classificados para as oitavas. Houve evolução no continente africano com as presenças do Marrocos, África do Sul e Nigéria entre os 16 melhores. A América Central autenticou a Jamaica. Com as derrocadas de Brasil e Argentina, a América do Sul passou a torcer pela Colômbia. Anfitriã, a Austrália acessou o mata-mata.
Protagonista do segundo maior feito da Copa depois de Marrocos vencer a Colômbia e eliminar a Alemanha, a Suécia é dura na queda contra os EUA desde o duelo em Brasília pelos Jogos do Rio-2016. O raio cai novamente na cabeça da mesma seleção. Há sete anos, a Suécia despachou os EUA nos pênaltis no Estádio Nacional Mané Garrincha nas quartas de final das Olimpíadas. Houve empate por 1 x 1, a decisão avançou aos pênaltis e as suecas triunfaram por 4 x 3. Na sequência, perderam o ouro para a Alemanha.
O triunfo escandinavo e o fim do reinado dos EUA teve requintes tecnológicos de crueldade num dos lances mais emocionantes da história do torneio. A Suécia bateu pênalti no canto direito. A goleira Naeher acertou o lado e defendeu parcialmente. A bola subiu, voltou em direção à meta dela e a estadunidense segurou. A árbitra francesa Stéphanie Frappart pediu revisão. A tecnologia da linha (TLG) diagnosticou gol por milímetros e a batedora Lina Hurtig celebrou a classificação.
Eleita melhor jogadora no Melbourne Rectangular, a goleira sueca do inglês Chelsea Zecira Musovic, nascida na Bósnia, ficou exalava perplexidade diante do heroísmo. "Estou sem palavras. Não sei o que dizer, exceto que estou extremamente orgulhosa por termos sobrevivido contra esse time extremamente forte dos Estados Unidos. Elas pressionaram por 120 minutos. Ainda não vamos para casa."
Vilã ao errar a quarta cobrança dos EUA, Megan Rapinoe se despediu definitivamente da Copa do Mundo. Melhor do mundo em 2019, ela havia marcado a aposentadoria para o fim desta temporada.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores.