A Associação de Futebol de Zâmbia veio a público, nesta sexta-feira (4/8), para se pronunciar de maneira oficial acerca das recentes acusações contra o técnico da equipe feminina, Bruce Mwape, por abusos sexuais. Em decorrência dos episódios, é, inclusive, investigado pela Fifa.
Por meio de comunicado, a Federação externou não ter recebido quaisquer reclamações ou denúncias sobre o caso, acusado de ameaçar as atletas de cortes da equipe caso se mobilizassem para denunciá-lo e de tocar os seios de uma das jogadoras, esta última situação supostamente ocorrida durante a disputa da Copa do Mundo, mais precisamente depois do treinamento da última sexta-feira (28/7).
"Gostaríamos de afirmar que a Associação de Futebol de Zâmbia (FAZ) não recebeu qualquer reclamação de alguma jogadora ou de dirigentes da delegação que viajaram para a Copa do Mundo. Portanto, foi surpreendente ouvir as acusações de má conduta do treinador reportadas", afirmou Reuben Kamanga, secretário geral da Associação.
"O fato é que todas as sessões das "Cooper Queens" foram filmadas pela equipe de mídia da FAZ e nenhuma imagem foi enviada ao "The Guardian". Além disso, uma equipe da Fifa ligada ao time de Zâmbia na Copa do Mundo esteve presente em todas as sessões de treinamento", complementa o secretário.
A associação, no entanto, garante que tomará as medidas necessárias caso sejam de fato encontrados indícios de quaisquer condutas do gênero na delegação do time africano durante o período referente à realização do Mundial.
"Gostaríamos de deixar claro para o público que a FAZ mantém altos padrões de integridade e transparência e sempre exige uma conduta ética inabalável de jogadores e dirigentes dentro e fora de campo. Assim, não hesitaremos em tomar medidas disciplinares para qualquer ato ou má conduta quando recebermos alguma reclamação oficial ou quando tivermos alguma evidência sobre o suposto incidente", reiterou.
Apesar de ter confirmado a existência de uma investigação acerca do ocorrido e da própria seleção zambiana, não forneceu detalhes adicionais.
Relembre o caso
As acusações contra Mwape são reincidentes. Já antes do Mundial, o treinador havia sido acusado repetidas vezes por ter abusado das jogadoras de Zâmbia. Em setembro passado, a Associação de Futebol de Zâmbia (ZF) já havia declarado que levou à Fifa denúncias e acusações por parte de vítimas anônimas. Além dele, o técnico da equipe sub-17, Kaluba Kangwa, também foi apontado como outro responsável.
Em outubro, o presidente da AZF, Andrew Kamanga, colocou a Fifa e a polícia do país como ativas no caso, pois não desejava que a federação "tomasse qualquer partido". Segundo publicou o jornal The Guardian, uma jogadora não identificada confessou ser "normal que o treinador durma com as jogadoras na nossa equipe".
"Se o treinador quiser dormir com alguém, você tem que dizer sim", afirmou. As jogadoras, novamente segundo o veículo da Inglaterra, são ameaçadas de receber punições caso venham a público denunciar o treinador. Além disso, a federação vinha "fechando os olhos porque a seleção feminina apresentava bons resultados". O assunto, no último dia 25 de julho, chegou a ser até mesmo abordado durante uma coletiva de imprensa, posteriormente encerrada justamente por conta do questionamento.
Mwape é treinador da seleção feminina de Zâmbia desde 2018. Com ele, a equipe garantiu a melhor colocação da própria história em uma Copa Africana de Nações, com o terceiro lugar, em 2022, além da inédita classificação a um Mundial. Com uma vitória e duas derrotas, a equipe africana finalizou a participação na Copa do Mundo na terceira colocação do Grupo C.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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