Se a Libertadores fosse considerada um vestibular para Fernando Diniz entender como será lidar com a responsabilidade de iniciar o ciclo da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, poderíamos dizer que ele foi aprovado. Dada as condições de temperatura e pressão no Estádio Diego Armando Maradona, em Buenos Aires, o empate por 1 x 1 com o Argentinos Juniors valeu como uma vitória coletiva e pessoal a 38 dias da estreia com a Amarelinha, em 8 de setembro, contra a Bolívia, em Belém (PA).
Fernando Diniz se tornou o segundo treinador a conciliar os bonés de um clube e da Seleção Brasileira no principal torneio da América do Sul. Em 1971, Mário Jorge Lobo Zagallo esteve a serviço da antiga CBD — atual CBF — e do próprio Fluminense, na derrota por 3 x 1 para o Palmeiras em pleno Maracanã.
Embora o tetracampeão mundial seja um exemplo a ser seguido, Diniz resolveu ser autoral no gramado que lançou Maradona ao mundo. Iniciou a partida com o tradicional 4-3-3 com foco na criação pelo esquerdo com Marcelo e Keno e foi melhor durante os primeiros 45 minutos, mesmo após largar atrás aos 12 minutos. A faca de dois gumes do jogo ofensivo com a cara do professor tricolor voltou a ferir quando Bittolo foi à linha de fundo na direita e Ávalos aproveitou livre para emendar vôlei e abrir o placar.
Mesmo com o cenário desfavorável, o Flu não deixou a peteca cair. Ditou o ritmo do jogo, mas esbarrou na falta de capricho no último passe e, sobretudo, na dimensão do campo. Pode parecer irrelevante, mas os 100x66m do gramado do Argentinos Juniors — quase no limite mínimo da Fifa para jogos internacionais —, atrapalhou. A estranheza de quem está acostumado com os 105x68m do Maracanã ficou evidente e atrapalhou nas inversões de jogo de Paulo Henrique Ganso e melhor distribuição das linhas.
Porém, time que quer ser campeão não escolhe adversário e nem gramado. Fernando Diniz ajustou os detalhes durante o intervalo e viu a equipe crescer de produção. O resultado poderia ser melhor se Marcelo não tivesse sido expulso após um acidente de trabalho. Ao fazer fila no campo de defesa, o lateral-esquerdo pisou sem querer em Sánchez e quebrou a perna do colega de profissão. Diante da gravidade do lance, o brasileiro pôs as mãos na cabeça e ficou desolado. Foi expulso e indicou novos rumos na história do jogo. Diniz, inclusive, discordou da decisão da arbitragem.
"Vou fazer uma metáfora. Para mim, é a mesma coisa que quando tem alguém trafegando na avenida, a pessoa atravessa no sinal verde, e a culpa é do motorista. O Marcelo estava driblando e não tinha onde colocar o pé. É absolutamente absurda a expulsão do Marcelo, uma loucura. O que ele ia fazer?", avaliou.
Porém, os treinamentos incessantes no Rio de Janeiro moldaram um Flu com padrão até nos momentos de adversidades. Em escapada de Diogo Barbosa pela esquerda, o goleiro Martín Arias tentou cortar a bola, atingiu o lateral do Flu e foi expulso. Naquela altura, o técnico argentino Gabriel Milito não tinha mais substituições e precisou improvisar o meia Heredia na função. A partir daí, os cariocas se soltaram até empatar em chute de rara felicidade Samuel Xavier de fora da área. O segundo capítulo entre Fluminense e Argentinos Jrs. acontece na próxima terça, às 21h30, no Maracanã.
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