Quem analisava o grupo da Seleção Brasileira na primeira fase da Copa do Mundo e vislumbrava os possíveis cruzamentos nas oitavas de final temia, automaticamente, um confronto precoce contra a bicampeã Alemanha. Porém, finalizadas duas rodadas nas chaves F e H do Mundial, a lógica se inverteu. Agora, quem surge como adversário mais factível em uma hipotética sequência tupiniquim é a Colômbia, liderada pela prodígio Linda Caicedo.
A liderança no Grupo H após a surpreendente vitória, por 2 x 1, contra a Alemanha, deixa a Colômbia precisando apenas do empate para ficar em primeiro. Na Chave F, o Brasil faz final antecipada contra a Jamaica, na quarta-feira, e, se vencer, tem tudo para avançar na segunda posição. Se o roteiro for seguido à risca, o confronto sul-americano será uma das atrações das oitavas de final da Copa do Mundo. A partida reeditaria, ainda, a decisão da Copa América de 2022.
Naquela ocasião, a Seleção Brasileira levou a melhor: ganhou por 1 x 0, e levantou o título da competição sul-americana em pleno território colombiano. Entretanto, a atual fase da Colômbia indica o enfrentamento muito mais pesado entre as equipes, caso a classificação de ambas em 1º e 2º se confirme. E muito disso passa pela evolução da atacante Linda Caicedo.
Ontem, a atleta de 18 anos marcou o segundo gol dela na atual edição da Copa do Mundo, se tornou a segunda jogadora mais jovem da América do Sul a protagonizar tal feito — atrás da brasileira Marta, autora de duas bolas na edição do Mundial de 2003, aos 17 — e ampliou a fase de promessa em ascensão. A camisa 18 vem, ainda, de prêmios individuais recentes, como o de melhor jogadora da Copa América, e joga o terceiro Mundial em 12 meses: antes, brilhou no sub-17 e no sub-20.
Guiar a seleção colombiana em um torneio tão importante quanto a Copa do Mundo é mais um feito de uma carreira meteórica. Hoje no Real Madrid, Caicedo se profissionalizou precocemente, aos 14 anos, e chamou a atenção do mundo quando marcou sete gols em sete partidas pelo Campeonato Colombiano, sagrando-se artilheira e campeã no América de Cali. Mesmo jovem, a jogadora passou e venceu uma grande provação pessoal: aos 15, parou a carreira para tratar um câncer no ovário.
"Naquele momento, eu não achei que fosse possível jogar profissionalmente de novo por causa de todos os tratamentos e cirurgias", contou Caicedo, em entrevista à Fifa. "Mentalmente, foi uma fase muito difícil em minha vida. Sou eternamente agradecida que isso tenha acontecido quando eu era muito nova. Eu pude me recuperar e ter o apoio da minha família. O que ocorreu me fez crescer. Sou muito agradecida e feliz de estar aqui", completou.
Apesar de ser ponto de alerta, Caicedo tem justamente o Brasil como maior algoz. Além do vice continental, a jovem promessa tem lembranças negativas da equipe brasileira com a perda do título do Sul-Americano sub-17 e a eliminação no mesmo torneio, mas da categoria sub-20. Tudo isso em 2022. As possíveis adversárias, inclusive, nunca ganharam do Brasil no futebol feminino. Ao todo, foram sete jogos, com cinco vitórias tupiniquins e outros dois empates.
Entretanto, agora liderada por Caicedo, a Colômbia já se mostrou uma seleção propensa a inverter a lógica e com sede de construir história em âmbito internacional liderada pela promissora atacante. "Desde criança, eu sempre sonhei com isso. Trabalhei muito forte para estar aqui, mas não se trata apenas de chegar. Eu também quero conseguir coisas grandes pelo meu país", ressaltou a camisa 18.