Tênis

Thomaz Bellucci reverencia Bia Haddad ao Correio: 'É um fenômeno'

Em entrevista exclusiva, o brasileiro Thomaz Bellucci diz que a melhor tenista do país é ponto fora da curva. O paulista chegou a ser o número 21 do mundo e está no DF para o Brasília Champions

A capital federal receberá nesta sexta-feira (28/7) e sábado (29/7), a segunda edição do Brasília Champions, torneio que reunirá os grandes nomes do tênis mundial Carlos Moyá, Nicolas Massú, Pablo Cuevas, Thomaz Bellucci, Bruno Soares e Gilbert Klier Jr.

Ao Correio, o tenista Thomaz Bellucci falou da importância desse tipo de evento para o esporte, relembrou a partida nas quartas de final dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 contra Rafael Nadal e avaliou o estágio do tênis brasileiro.

Qual é a importância de e um evento como esse, em Brasília, unindo diferentes gerações?

"Eu acho muito importante. O público que gosta de tênis, ter esse contato mais próximo com os jogadores. Quando eu era pequeno eu nunca tive uma oportunidade de estar tão perto dos meus ídolos e isso com certeza é um fator motivacional, é um estímulo para as crianças já seguiram um esporte. Tanto esse evento como qualquer evento acho que é importante. É também a oportunidade para os nossos atletas jogarem dentro do seu país, perto da família. Eu acho que é muito mais fácil do que ter que viajar para longe para assistir grandes eventos ou para estar perto dos ídolos. Até para as empresas verem que existem possibilidades econômicas no nosso esporte e que pode ser uma coisa legal para eles investirem e ajudar em questões sociais com as crianças, de estarem em um ambiente do esporte, que é saudável para eles."

Você tem alguma lembrança de competição aqui em Brasília?

"Tenho, mas faz tempo. Estava até conversando com o Bruno [Soares]. A última vez que vim aqui foi em 2006, eu acho, em um torneio future, não sei nem se fazem ainda. Eu até comentei com ele que deveriam fazer, porque o future é um torneio importante para quem está começando. E para mim foi importante. Eu lembro que joguei aqui em Goiânia depois. Então, se você é brasileiro e consegue jogar dentro do país, então você tem um gasto muito menor, ajuda quem está começando. Mas tenho boas lembranças aqui de Brasília. Joguei também um future aqui em 2004. Uma pena é que não tenha muitos eventos como este.

Ainda passa pela sua cabeça o filme do duelo com o Rafael Nadal nas quartas de final dos Jogos Olímpicos do Rio em 2016?

"Foi um jogo muito importante para mim. Foi um jogo que, mesmo perdendo, foi muito especial para mim, porque era as olimpíadas no Brasil, era contra o Nadal que é um dos meus ídolos, foi um jogo que joguei super bem — ganhei o primeiro set, depois perdi. Então foi um jogo muito especial para mim."

Qual é a sua avaliação do estágio atual do tênis brasileiro?

"A gente tem a Bia [Haddad] que é um fenômeno, um ponto fora da curva, está quase top10. Já tinha muitos anos que o Brasil não tinha uma mulher jogando bem. Mas tem uma cera lacuna, eu acho. Temos três ou quatro, às vezes, ali onde ela está. E talvez é isso que falte. Falta volume de jogadores. A gente vive muito de esforços individuais de cada atleta para conseguir buscar estruturas que sejam boas para eles. Tem atletas que vão para a Argentina, para Espanha. Mas tem atletas que acabam também esbarrando na questão econômica. Tem muitos atletas que têm bom potencial, mas não tem condições de viajar para torneios, de contratar um bom treinador, e aí acabam ficando no meio do caminho. Então eu acho que isso que falta no nosso tênis. Termos ambientes competitivos, que tenha incentivos, que tenha bons atletas, bons treinadores. E é isso que a Espanha tem, que a Argentina tem, bons ex-jogadores dentro do esporte e acabam trazendo outros garotos que vão vir sempre."

Falando na Bia Haddad. Como você avalia a evolução dela?

"Eu sigo os jogos dela, eu gosto bastante do estilo de jogo dela. É muito parecido com um estilo que eu tinha como atleta. Eu acho que ela é uma jogadora que tem muita a crescer, ela tem muita potencial. Acho que pode ter muitas coisas que ela ainda vai melhorar no jogo dela. Queira ou não, a carreira dela ainda é curta. Ela começou a jogar realmente ali top 100 o ano passado. Então eu acho que ela ainda está se descobrindo como jogadora e para gente é muito legal. Acho que o tênis está em evidência. Estava um pouco esquecido, mas agora com a Bia todo mundo começou a falar de tênis de novo. Isso é muito bom para o nosso esporte."

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