Enquanto a fase de grupos da Copa do Mundo Feminina avança na Austrália e na Nova Zelândia, uma legião de colecionadores de todas as idades acelera, em Brasília, para completar o álbum de figurinhas oficial da nona edição do torneio. Lançado oficialmente pela Panini em junho, o livro demorou a engrenar nas bancas e entre o público, mas o começo do maior campeonato de seleções femininas ajudou a impulsionar o produto.
Cecília de Fátima, de 74 anos, não pensou duas vezes antes de ampliar a coleção, até poucas semanas atrás formada apenas por álbuns da Copa masculina. "Esse é o primeiro (álbum) feminino que vejo. Falo para as outras pessoas colecionarem também, porque o álbum ajuda a incentivar e a divulgar mais o futebol das mulheres. Ver os rostos das jogadoras, saber quem é quem na Copa, é muito legal. Ainda falta um bocado para completar o meu, mas espero conseguir", comenta Cecília.
Para Carmem Lúcia Alves, 51, colecionar o álbum é mais do que uma diversão. Depois de bater na trave e não completar o da Copa Feminina de 2019, a moradora do Noroeste está determinada a conseguir os 580 cromos do atual e incentiva os sobrinhos. "Ter o álbum é legal não só porque eu gosto de futebol. É por causa das meninas do futebol feminino. Se nós, mulheres, não dermos força, quem vai dar? Isso é um empoderamento da mulher, precisamos nos apoiar. Isso é uma conquista", discursa Carmem.
O período de coleção e a troca de repetidas também vale como momento de diversão entre mãe e filha. Thaissa Reis, 43, sempre faz por onde ajudar Letícia, 18, a completar os álbuns. A jovem colecionou o livro de cromos da Copa feminina de 2019 e estava há um ano ansiosa e se planejando para comprar o atual.
A dupla inicialmente encontrou dificuldade para achar as figurinhas que faltavam. Thaissa relata que foi em bancas que sequer vendiam os pacotinhos. Na busca por meios de completar o álbum, a mãe encontrou um grupo de trocas, no qual descobriu outras colecionadores e locais de ponto de encontro para os fãs.
A moradora do Guará tem a expectativa de que o interesse pelo álbum ajude no incentivo ao futebol feminino, em especial pela filha sempre ter gostado de jogar. "É legal ver as jovens aqui. Falta esse incentivo de ver mais sobre o futebol feminino. Tem um preconceito. A Letícia já jogou bola, já conviveu, nós sabemos que isso existe. Tomara que, com o tempo, as pessoas possam amadurecer. Espero que essa Copa, por ter maior divulgação, incentive as pessoas", torce.
O pensamento conta com o apoio de Luiz Cesarino, 45. Ele coleciona o álbum feminino pela segunda vez. A participação nos pontos de troca o ajudam a aliviar o estresse e a manter a tradição de sempre fazer os livros colecionáveis.
O morador do Cruzeiro afirma ter uma evolução em relação ao de 2019, pois esse ano vê mais pessoas completando. Na opinião do empresário, é preciso incentivar mais a modalidade e valorizar o álbum é uma pequena maneira de contribuir. "A tendência é só crescer. Isso estimula crianças, mais meninas a jogar sem preconceito. Vejo muitas aqui trocando figurinha, empolgadas com a Copa, com o álbum. Torço para que as meninas possam se sentir melhor no futebol e não sintam nenhum tipo de preconceito por isso", acrescenta Luiz.
Sucesso
Pelo lado do comércio, o jornaleiro José Gonçalves Brito, dono de uma banca de revistas na Quadra 106 da Asa Norte, ficou surpreso com a venda do álbum. Desde a abertura o movimento aumentou, em especial durante os sábados de manhã, quando o local vira um ponto de troca para colecionadores. "Aqui está bastante movimentado. Vejo muita menina fazendo o álbum. Vê-las indo atrás, gostando e se identificando é a melhor parte, principalmente as crianças. É bom porque, de um jeito ou de outro, isso também ajuda o futebol feminino a ganhar uma dimensão maior", celebra Brito.
*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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