Após o anúncio da posse de Fernando Diniz como o novo técnico interino da Seleção Brasileira, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, concedeu, nesta quarta-feira (5/7), uma entrevista coletiva para dar explicações públicas acerca dos motivos que levaram a equipe a aceitar o pedido da CBF para liberar o treinador.
O presidente tricolor, inicialmente, fez questão de colocar como ausente a existência de quaisquer tipos de conflito de interesses. Para ele, a presença de Diniz na Seleção é algo comum, e extremamente positivo. "Quem está aqui dentro, assim como nós no futebol, não conhece tudo o que acontece dentro de uma redação, por exemplo. Na cabeça das pessoas é que vai haver um espaço sem jogos, e aí vamos intensificar os treinamentos. Nem sim, nem não. Depende da fisiologia e da preparação física. No Brasil só se fala de resultado, não de trabalho. Quando as datas estão espremidas, jogadores sofrem lesões porque faltam folgas", explicou ele.
"Eu não vejo conflito, da mesma maneira como não vejo quando nosso preparador é convocado. Temos Marcos Seixas, Valter Veloso, Gabriel Oliveira, Marcão, Igor, Gabriel Viana que já foram convocados. Essa comissão inteira não está indo, apenas dois auxiliares para ajudar o Fernando. Um desses auxiliares vai ficar, que é o Eduardo Barros. Fernando vai assessor esses auxiliares que ficarem. Acreditamos na ética e dignidade do Fernando. Se formos pensar desse jeito, todo treinador tem um empresário, e aí se convoca mais jogadores desse mesmo empresário, as pessoas vão falar", completou, acerca do mesmo assunto
De acordo com Mário Bittencourt, adicionalmente, a valorização do trabalho do treinador por ter sido 'convocado', como o próprio presidente coloca, é algo positivo. O fato de ele ter sido chamado é justamente consequência do entendimento de que ele é, de fato, o treinador mais competente para a função em solo brasileiro.
"O Fernando possui total capacidade de tocar os dois trabalhos. Temos que normalizar as pessoas dando conta de várias funções simultaneamente. A nossa decisão foi no sentido de que nosso treinador permanecesse aqui. Ele vai continuar como prioridade sendo o Fluminense. A reação interna foi muito positiva. Ver que o trabalho do Fluminense como instituição está sendo reconhecido. Continuam elogiando o trabalho dele mesmo que não esteja sempre com resultados. Estamos vivendo um momento que entendemos como dificultoso, muito por conta dos desfalques. Acho que isso, no final das contas, vai ser até um gás para nós", explicou.
Além disso, o presidente explicitou que, acerca da decisão de liberar, pesou a opção de permanecer com o treinador. "a CBF podia ter vindo aqui e levado ele sem pedir. No entanto, foram éticos e vieram formalizar a intenção. Até por isso resolvemos negociar. Nós acertamos, também, de forma que não afetasse o clube. Se fosse para liberá-lo durante a temporada de forma definitiva, nem o Fluminense e nem o próprio Fernando iriam querer. Mas, no final das contas, decidimos assim. Preferimos permanecer com ele, e atender a Seleção, do que perdê-lo, e precisar buscar um substituo para tocar um trabalho que já é bom. Bittencourt, apesar disso, também fez questão reiterar a maneira como pensa diante das críticas. De acordo com ele, muitos buscam criar contextos, sem a ciência de como funciona, de fato, o dia a dia do clube.
"O que as pessoas querem é querer justificar a fase ruim em que o time está passando sem olhar para os outros contextos. A gente está aqui tomando todas as porradas, mas estamos conscientes disso. As pessoas estão querendo encontrar motivos. Toda vitória precisa ter um herói, e toda derrota precisa ter um vilão. As pessoas querem fazer comparativos que não existem. Nós fazemos uma gestão de dia a dia aqui, estável e tranquila, mas é claro que temos nossas turbulências. Costumamos dizer que aqui não existem vencidos e nem vencedores. Essa coletiva é muito importante para mostrar ao torcedor que nós não podemos perder para nós mesmos. Mas, infelizmente, estamos vivendo um monte de ladainhas", explicou.
O presidente tricolor, por conseguinte, deu garantias de que a montagem de elenco de ambas as equipes será feita de maneira "cordial e impecável", e que, em relação ao montante pago ao treinador pela CBF, o valor será o mesmo da multa rescisória contratual em caso de uma eventual saída. "A CBF entendeu que o Fluminense precisaria de uma compensação financeira. Então, foi tudo muito positivo", disse.
Fernando Diniz cumprirá a função de técnico interino da Seleção Brasileira até o mês de junho de 2024. Por lá, comandará a equipe em oito oportunidades, sendo duas em setembro, duas em outubro, e duas em novembro, todas pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 - esta que terá candidatura tripla entre Estados Unidos, México e Canadá. Na Seleção, Diniz terá mais três pessoas da comissão técnica do Fluminense: o auxiliar Eduardo Barros e os preparadores físicos Marcos Seixas e Wagner Bertelli.
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*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima