Duas das principais Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) no Brasil estão vivendo situações totalmente distintas em campo. Líder da Série A do Campeonato Brasileiro, o Botafogo depende apenas de si para confirmar o título do primeiro turno. Isso ocorrerá com vitória, hoje, às 16h, contra o Coritiba, no Nilton Santos. Do outro lado da tabela, o Vasco voltou a perder, ontem, para o Corinthians, por 3 x 1, e tem tudo para começar o returno atolado na zona de rebaixamento.
O panorama deixa uma lição, embora óbvia, ainda mais evidente: virar SAF não resolve todos os problemas de forma imediata se não houver cuidado com a gestão. O início dos novos projetos administrativos de Botafogo e Vasco é separado por apenas seis meses. O Glorioso adotou o modelo com o empresário norte-americano Jhon Textor em março de 2022. O Cruzmaltino oficializou a venda do departamento de futebol para a 777 Partness em setembro do mesmo ano.
Apesar das semelhanças temporais, os projetos acumulam diferenças em termos de administração. No período, por exemplo, o Botafogo teve dois técnicos: Luís Castro, que pediu demissão recentemente para assumir o Al-Nassr, da Arábia Saudita, ficou mais de um ano. Bruno Lage foi contratado para continuar o projeto do compatriota português. O Vasco, por outro lado, começou com Jorginho, o trocou por Maurício Barbieri e, agora, tem o argentino Ramón Diaz no comando. Nenhhum deles passou mais de seis meses no cargo.
Embora ainda seja cedo para decretar uma avaliação definitiva sobre as SAFs de Botafogo e Vasco, outros quesitos traçam bem a diferença de andamento dos dois projetos. O Glorioso fez os principais investimentos do elenco no ano passado e, agora, colhe os frutos esportivos em campo com a boa campanha no Brasileirão. O Cruzmaltino, por outro lado, tem grande rotatividade no mercado. Na atual temporada, por exemplo, fez 15 movimentações de chegadas no mercado da bola contra cinco do rival estadual.
No atual momento, o Vasco se encontra em um processo experimentado pelo Botafogo no início do ano. O Glorioso foi eliminado do Campeonato Carioca ainda na primeira fase e enfrentou grande turbulência, mas optou por manter o projeto praticamente intacto e evoluiu. Na lanterna do Brasileirão, o Cruzmaltino demitiu Luiz Mello, CEO da SAF, na última semana, em processo desgastante, e vem tentando remendar o time com a competição em andamento.
Cenários de tabela
Com 11 pontos de vantagem para o segundo colocado Grêmio, o Botafogo conquista o primeiro turno se ganhar do Coritiba. Assim, chegaria aos 43 pontos. O teto máximo do tricolor seria 41. Desde 2006, quando o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos com 20 clubes, o líder na virada de chave da competição acabou como campeão em 13 oportunidades. A virada por outras equipes foi concretizada apenas seis vezes. Nenhuma delas, porém, tinha uma vantagem tão longa quanto a do alvinegro.
Derrotado ontem pelo Corinthians, o Vasco travou nos nove pontos e ocupa a lanterna do Brasileirão. A campanha é pior quando comparada aos outros quatro rebaixamentos do Cruzmaltino. Com três jogos por fazer — um deles atrasado, contra o América-MG —, os cariocas chegariam, no máximo, a 18.
Para evitar começar o returno na zona de degola, o Vasco precisaria de um desempenho ainda não visto no ano: ganhar três seguidas. Hoje, o Goiás, primeiro time fora do Z-4, pode chegar aos 18, teto máximo dos cariocas, se ganhar do Grêmio. O Santos estacionou nos 17 ao perder para o Fluminense, ontem, e não poderia mais somar pontos para ser ultrapassado pelo Cruzmaltino. Uma situação complexa para ser revertida a curto prazo.
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