O investimento insano da Arábia Saudita em contratações na janela de transferências de 2023/2024 capitaneado pelo controverso príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman Bin Abdulaziz Al Saud acaba de estabelecer uma nova ordem no Big Five. A Saudi Pro League, como é chamado o campeonato nacional mais badalado do Oriente Médio, alcançou o patamar inimaginável das cinco principais ligas da Europa e ocupa o quinto lugar em compras no shopping da bola. Acredite se quiser: ao arrancar o atacante brasileiro Malcom do Zenit São Petersburgo por 60 milhões de euros, deixou para trás a badaladíssima LaLiga.
O extrato da Arábia Saudita registra 286,56 milhões de euros em contratações. O montante só perde para a Premier League (Inglaterra), a Serie A (Itália), a Ligue 1 (França) e a Bundesliga (Alemanha). A pouco mais de uma semana do fim da "feira" europeia, LaLiga (Campeonato Espanhol) saiu do Big Five e ocupa a desprestigiada sexta colocação.
Em meio à presença de um corpo estranho no Big Five, o fator Kylian Mbappé pode ser decisivo nos últimos dias de negociações. O francês rejeitou oferta "indecente" de 700 milhões de euros dos árabes. Alvo do Real Madrid e do Barcelona, o astro de 24 anos pode quebrar a banca se algum time espanhol decidir pagar os valores exigidos pelo Paris Saint-Germain para liberá-lo. Nesse caso, LaLiga arrisca saltar do sexto lugar o topo do ranking.
Comandado pelo técnico português Jorge Jesus, o Al-Hilal ofereceu a Mbappé contrato até julho de 2024 com salário estimado em 200 milhões de euros livre de impostos. O atacante teria, ainda, direito a bônus de direitos comerciais e de imagem. O contra-cheque dele poderia chegar a 700 milhões de euros. O clube árabe pagaria 300 milhões de euros ao PSG.
Agressiva no mercado, a liga árabe ouve um não de Mbappé aqui e um sim de Malcom acolá. Revelado pelo Corinthians, o medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 está de mudança justamente para o Al-Hilal. O time repassou ao Zenit São Petersburgo 60 milhões de euros pela contratação. Ele defenderá o clube até junho de 2027.
Malcom é a maior transação da Arábia Saudita. Os 60 milhões de euros superam os 55 milhões de euros desembolsados pelo português Rúben Neves (Al-HIlal). O Top 5 ainda tem o sérvio Milinkovic-Savic (Al-Hilal) por 40 milhões de euros, o compatriota dele Diogo Jota (Ittihad) por 29,1 milhões de euros e Seko Fofana (Al-Nassr) adquirido por 25 milhões de euros. Sem contar Kalidou Koulibaly, Edouard Mendy, Marcelo Brozovic.
A liga árabe tem o poder de hipnotizar com ou sem dinheiro. Roberto Firmino (Al Ahli), Karim Benzema (Al Ahli), Kanté (Al Ittihad), Tosca (Al Riyad), Birama Touré (Al Riyad) e Denayer (Al Fated) toparam desembarcar na competição em transferências gratuitas.
Por trás de casa contratação há montagem de um quebra-cabeça repleto de interesses. O país pretende receber a Expo Universal em 2030. O Fundo de Investimento Público (PIF) liderado por Yasir bin Othman Al Rumayyan está irrigando dinheiro e bagunçando o mercado. A figura é presidente do Newcastle, proprietário da maior petrolífera da Arábia Saudita (Aramco) e virou dono do circuito de golfe.
Ele atua em parceria com o Ministério dos Esportes da Arábia Saudita liderado pelo príncipe Abdulaziz bin Turki Al Faisal. Cabe aos dois elevar Saudi Pro League ao patamar das cinco principais ligas da Europa. Ao menos em compras, eles conseguiram. Integrantes do PIF, Al Ittihad, Al Hilal, Al Nassr e Al Ahly não param de atacar os principais mercados da Europa.
De uma hora para outra, o torneio passou a contar com dois ex-melhores do mundo (Cristiano Ronaldo e Benzema). Henderson e Mahrez estão de malas prontas.
O dinheiro jorra até para a conta de técnicos badalados. O inglês Steven Gerrard comandará o Al Ettifad. Jorge Jesus assumiu o Al Hilal. Luís Castro trocou o Botafogo pelo Al Nassr. Slaven Bilic é o responsável por escalar o Al Fateh.
Janela de transferências
Maiores investimentos em 2023/2024
Premier League (Inglaterra): 1,3 bilhão de euros
Serie A (Itália): 495,8 milhões de euros
Ligue 1 (França): 455,5 milhões de euros
Bundesliga (Alemanha): 447,1 milhões de euros
Saudi Pro League (Arábia Saudita): 286,5 milhões de euros
La Liga (Espanha): 247,3 milhões de euros
Liga Portugal (Portugal): 103,7 milhões de euros
Liga MX (México): 93,7 milhões de euros
Championship (Segundona Inglesa): 84,9 milhões de euros
Jupiter Pro League (Bélgica): 79,6 milhões de euros