A entrevista coletiva do treinador Bruce Mwape, da seleção de Zâmbia, não terminou da melhor forma. Nesta terça-feira (25/7), o atendimento do técnico de Zâmbia à imprensa foi encerrado de maneira precoce pela Fifa, após questionamentos por parte de jornalistas acerca das acusações enfrentadas pelo comandante no país natal sobre supostos abusos sexuais. As próprias jogadoras da equipe seriam as vítimas.
A primeira pergunta sobre o tema chegou a ser vetada por um oficial da entidade máxima do futebol presente na coletiva, porém, um insistente segundo questionamento não escapou da resposta por parte do técnico de Zâmbia.
"Qual ambiente está afetando o time em particular? Sobre o que você está falando? Eu gostaria de saber, porque não há maneira de eu deixar o cargo sem razão. Talvez sua razão seja o que você está lendo na imprensa, mas a verdade irá aparecer", rebateu o treinador, ao ser perguntado se uma eventual saída dele faria bem à equipe.
O que aconteceu?
Em setembro de 2022, Mwape foi acusado, de forma anônima, de ter cometido abusos sexuais contra algumas das jogadoras da Seleção de Zâmbia. Uma reportagem do jornal inglês The Guardian publicou, antes do início da Copa, alguns depoimentos de uma jogadora, que apesar da opção por não se identificar, proferiu frases fortes sobre o treinador de Zâmbia.
Frases como: "É normal que o treinador durma com as jogadoras na nossa equipe", "ele quer dormir com quase todas da equipe", e "ele constantemente as faz ver que está acima delas, e não na relação hierárquica de um treinador com suas jogadoras", foram todas publicadas pelo portal inglês. A federação da equipe, aliás, apresentou as queixas à Fifa e às autoridades do país.
Porém, o problema ainda está longe de ser resolvido. Por conta das recentes performances positivas do esquadrão feminino do país, a delegação tem fechado os olhos para a situação, ainda segundo o jornal britânico.
Afinal, o treinador liderou o time ao melhor resultado da história em uma Copa Africana de Nações, a terceira colocação, em 2022. O desfecho positivo deu às meninas de Zâmbia, posteriormente, a primeira vaga na história do país no Mundial Feminino. Além disso, fontes na federação também apontam o técnico da seleção sub-17, Kaluba Kangwa, como mais um acusado de abusar de jogadoras da nação africana.
O The Guardian, para completar, noticiou que as jogadoras são ameaçadas de exclusão da equipe no torneio caso desejem se pronunciar sobre os abusos, entre outras punições, com exclusão total.
Em outubro passado, um mês após o início do episódio, o presidente da AFZ, Andrew Kamanga, se esquivou de um posicionamento sólido. De acordo com ele, o caso seria cuidado apenas pela Fifa e pela polícia do país, para que a federação não fosse acusada de "tomar partido" da situação.
Coincidência, ou não, Zâmbia realizou a estreia na Copa do Mundo de maneira amarga. No último sábado (22/7), a equipe foi goleada pelo Japão, por 5 x 0. À beira do segundo confronto, contra a Espanha, na próxima quarta-feira (26), às 4h30 da manhã, figura na última posição da chave.
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*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima