O fim de semana de partidas do Campeonato Candango sub-20 transcorreu normalmente com as classificações de Canaã, Capital, Brasiliense e Gama às semifinais. Entretanto, um entreveiro do uso do Estádio Defelê, na Vila Planalto, por parte do alviverde segue gerando bate-boca nos bastidores. Após o Periquito jogar no local por intermédio de uma liminar judicial, o Real Brasília e o Clube Vizinhança, administradores da arena, soltaram uma nota conjunta sobre a situação.
No comunicado, o Leão do Planalto tratou a divulgação do caso como "incompleta e distorcida". O clube alegou que o Gama não fez contato com os permissionários do estádio e tentou alugar a Vila Planalto para o jogo contra o Luziânia ao realizar um depósito "unilateral" de R$ 1.500,00. Por ter outros dois compromissos no local no fim de semana - um do Canaã e outro do sub-15 do clube -, a administração da arena recusou ceder o estádio. Antes, porém, os permissionários enviaram um contrato de locação ao Periquito, mas sem assinatura.
Com a negativa, mesmo após realizar de trâmites de locação, o alviverde judicializou o caso. Na petição, obtida pelo Correio, o Gama, através do presidente Wendel Lopes, apresenta o contrato, o depósito e conversas com a Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) e o administrador do Defelê como provas da reserva antecipada do estádio. Sob argumento da falta de tempo hábil para trocar o jogo de local e da falta de motivo plausível para a recusa do alugel, a juíza Vivian Lins Cardoso Almeida concedeu liminar, com multa de R$ 5 mil, em caso de descumprimento por parte do Real Brasília e do Clube Vizinhança.
Na nota, divulgada um dia após o jogo entre Gama e Luziânia, o Real Brasília alega que o Periquito apresentou um contrato assinado por apenas uma das partes, "induzindo a magistrada ao erro, compelindo a cessão forçada do estádio particular para o jogo." Na visão do Leão do Planalto, o alviverde sabia da necessidade desde 8 de julho e quis "forçar" a realização da partida no Defelê "às vésperas" do compromisso. No ação judicial, o pagamento do aluguel por parte do alviverde e as conversas com os administradores da arena e da FFDF datam de terça-feira (18/7), quatro dias antes do jogo.
O contrato citado pelo Real Brasília foi redigido pela administração do Defelê e enviado ao Gama. Após reenviar o documento assinado, o alviverde realizou o depósito do valor combinado de R$ 1.500. O funcionário, identificado nos prints de conversas de WhatsApp apenas como William, ficou de coletar a assinatura de João Anísio dos Santos, presidente do Clube Vizinhança. Entretanto, no contato seguinte com Wendel, solicitou o pix para devolução do aluguel, motivando a ação judicial do alviverde.
Real Brasília cogitou forçar W.O.
Nas fases decisivas do Campeonato Candango Sub-20, todas as partidas devem ser realizadas em estádios. Assim, os clubes não podem atuar, por exemplo, em centros de treinamento, prática comum durante a primeira fase do torneio. Segundo o Real Brasília, a FFDF ofereceu ao Gama o uso do Abadião, em Ceilândia, para a realização da partida. Entretanto, o Gama optou por seguir o processo judicial, no qual obteve a liminar.
O Real Brasília, inclusive, cogitou pagar a multa de R$ 5 mil pela não liberação do Defelê e forçar um W.O. do Gama. A ação resultaria na eliminação do alviverde do Candanguinho. Mas, segundo a nota oficial, a ideia foi abortada em "respeito e consideração com os atletas do clube, que nenhuma responsabilidade tinham" sobre a contenda dos dois clubes na utilização da arena da Vila Planalto. O comunicado foi assinado pelos presidentes Luís Felipe Belmonte, do aurianil, e João Anísio dos Santos, do Vizinhança.
"Os signatários prestam estes esclarecimentos públicos e manifestação de indignação à vexatória e lamentável conduta dos dirigentes do Gama que disso participaram, em total desrespeito a princípios elementares de boa convivência e de consideração aos direitos de terceiros", encerra o texto.
A petição do Gama à Justiça detalhou possíveis prejuízos ao clube em caso de cancelamento da partida. Esportivamente, o mais severo seria a eliminação do Candanguinho. "O administrador do estádio entrou em contato informando que a partida deveria ser cancelada, sem apresentar nenhuma justificativa válida. Com um prazo tão exíguo, não é possível arrumar outro local para a partida e a preparação das equipes estará completamente prejudicada", diz parte do documento do alviverde.