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Conheça a história de Ary Borges, a artilheira do Brasil e da Copa

A maranhense de São Luís anotou três gols e deu uma assistência na goleada da Seleção por 4 x 0 sobre o Panamá, na estreia da Copa do Mundo na Austrália e na Nova Zelândia

Arthur Ribeiro*
postado em 24/07/2023 12:07
Ary Borges não esconde o sorriso após a exibição de gala com três gols na estreia na Copa do Mundo -  (crédito: Thais Magalhães/CBF)
Ary Borges não esconde o sorriso após a exibição de gala com três gols na estreia na Copa do Mundo - (crédito: Thais Magalhães/CBF)

A vitória do Brasil na estreia da Copa do Mundo teve nome e sobrenome: Ary Borges. A meio-campista de 23 anos participou de todos os gols do triunfo por 4 x 0 sobre o Panamá nesta segunda-feira (24/7), com três bolas na rede e uma assistência. Natural de São Luís, no Maranhão, a grande atuação pela amarelinha é mais uma parte da trajetória até o sucesso no Mundial da Austrália.

Atualmente no Racing Louisville, dos Estados Unidos, Ariadina Alves Borges, a Ary, começou a carreira no Centro Olímpico de São Paulo, em 2015. Depois passou por Sport e São Paulo até chegar ao Palmeiras em 2020, clube pelo qual foi campeã da Copa Paulista, do Campeonato Paulista e da Libertadores, com direito a gol na final.

Pela Seleção Brasileira, acumula 15 convocações e 28 jogos na Era Pia Sundhage, além do título da Copa América de 2022. Um dos nomes da renovação na Amarelinha, Ary disputa o Mundial pela primeira vez e realiza o sonho de jogar ao lado de Marta. A Rainha, inclusive, entrou no lugar da maranhense durante a partida contra o Panamá.

Trajetória

Até receber o primeiro chamado para representar o Brasil, a história de Ary passou pela infância criada com a avó, a distância dos pais e os primeiros passos no mundo da bola. Quando tinha apenas dois anos, a jogadora viu os progenitores saírem do Maranhão em busca de uma vida melhor em São Paulo. O reencontro veio só aos 10 anos, quando também arrumou as malas para a Terra da Garoa.

Antes disso, a criação com Dona Lindalva em São Luís marcou os primeiros chutes da jogadora. Entre o campo de futebol atrás da casa da avó e a pelada com os amigos na beira da praia, o futebol se tornou a brincadeira favorita de Ary. Ainda assim, ser atleta profissional não passava pela cabeça da jovem durante a infância. O apoio do tio e do primo foi fundamental, especialmente por fazerem “o futebol parecer normal para uma menina”.

A jogadora contou que a mudança para a capital paulista foi um dos momentos mais difíceis da vida, pois não queria sair de perto da avó. Por outro lado, recebeu o incentivo de que na nova cidade poderia buscar a oportunidade de virar atleta profissional. Em carta ao The Players Tribune, Ary Borges explicou mais sobre o período.

“Por mais que eu quisesse estar com meus pais, eu não queria deixar a minha avó. Foi duro. Eu fiquei confusa e chorava como estou chorando agora aqui, em cima do caderno em que escrevo esta carta pra vocês. E, nessas horas de beco sem saída, o que a gente faz? Joga pro céu, que o céu resolve, é ou não é? Só que no meu caso o céu era o futebol. E o futebol resolveu”, relatou.

Justamente o amor pelo futebol foi o que fez a jovem se aproximar do pai, torcedor do São Paulo. Apesar da paixão pelo Tricolor, o responsável procurou uma escolinha do Santos para matricular a filha. No primeiro treino entre o time masculino de jovens do Peixe, Ary surpreendeu os Meninos da Vila e, a partir daquele momento, começaram a tratar o esporte como uma possibilidade real de futuro para a garota.

Carreira e Seleção

Anos depois, a jogadora da Seleção foi aprovada em uma peneira do Centro Olímpico e começou a profissionalização no futebol. Os próximos passos da carreira foram repletos de sonhos realizados. Pelo Sport, a conquista do primeiro título. No São Paulo, a alegria do pai em vê-la com a camisa 10 do ídolo Raí. No Palmeiras, a conquista da América. Agora representando o Brasil, a busca é pelo mundo.

Quando chegou o momento da convocação, a emoção tomou conta da meio-campista e da família. “De repente, eu estava ali, tremendo de emoção ao ligar para eles para contar que a Pia Sundhage tinha me chamado e que eu iria tocar a bola pra Marta e a Marta iria tocar a bola pra mim. Nessa primeira convocação, meu pai só chorava e a minha mãe falava assim: ‘Ariadina, minha filha, tire fotografia com Marta! Não esquece de tirar foto com a Marta!’. E eu não consegui. Não tive coragem de pedir. A foto só saiu bastante tempo depois, no começo deste ano, quando a Marta voltou à Seleção na SheBelieves Cup”, disse ao The Players Tribune.

Atual artilheira da Copa do Mundo 2023, a meio-campista é a única a ter marcado três gols na competição até o momento. Na comemoração, após balançar as redes, a atleta aproveitou para homenagear a Rainha com uma coreografia.

“Sinto uma vontade enorme em todo mundo de estar com ela, ouvir ela falar, ver ela jogar. Talvez porque a gente sabe que deve ser a última Copa da Marta. Então tá rolando uma união forte e emocionante aqui. A gente quer correr por ela, quer apanhar das zagueiras por ela, quer derrubar as atacantes adversárias por ela. A gente quer simplesmente curtir cada segundo de nossas vidas ao lado da Marta nesse momento grandioso”, disse na carta.

Eleita melhor em campo na estreia contra o Panamá, a jogadora do Racing Louisville pede apoio na Copa do Mundo. “Olha, pessoal, eu sei que o caminho vai ser duro. A Seleção não está entre as favoritas este ano. Mas, pensa uma coisa comigo: 13 anos atrás eu estava sentada na frente da casa da minha avó, olhando a rua, sentindo a brisa do mar e pensando nos meus pais que estavam tão longe de mim. E ontem, em um coletivo da Seleção Brasileira, eu toquei a bola pra Marta e a Marta tocou a bola pra mim. Se isso aconteceu, tudo pode acontecer. Torça para nós. Acorda para nós. Olha para nós. É o Brasa!”, encerrou no texto.

 
 
 
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*Estagiário sob a supervisão de Victor Parrini

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