Copa Feminina

Goleadas de comentários: estudante brasiliense esquenta análise da Seleção

Com mais de 400 mil assinantes em canal especializado em futebol no YouTube, Fernanda Geracy promete incendiar a crônica verde-amarela durante o Mundial e incentivar o público a acompanhar mais de perto a modalidade

Arthur Ribeiro*
postado em 23/07/2023 06:00
Fernanda Geracy se tornou um fenômeno da cobertura do futebol feminino no YouTube -  (crédito:  Arthur Ribeiro/CB)
Fernanda Geracy se tornou um fenômeno da cobertura do futebol feminino no YouTube - (crédito: Arthur Ribeiro/CB)

Enquanto a Seleção Brasileira se prepara para a estreia na Copa do Mundo feminina, uma jovem brasiliense, a mais de 14 mil quilômetros de distância, está pronta para acompanhar e reagir aos jogos da equipe de Pia Sundhage. Fernanda Geracy, de 16 anos, é apaixonada por futebol e viralizou no YouTube com o canal 'Bola Cabe Gol'. Os vídeos sobre o mundo da bola, agora, contam com o reforço do Mundial das mulheres na tentativa de difundir e incentivar a modalidade entre o público.

A trajetória da jovem começou em 2017. Junto do primo Eric, hoje com 11 anos, e da irmã mais nova, Luana, 12, resolveram criar um canal na plataforma. O talento de comunicadora rendeu apoio total da família e, pouco tempo depois, Fernanda contava com 2 mil inscritos. Ainda assim, frustrações com o resultado a fizeram parar.

Durante a pandemia, a vontade de retomar o projeto, aliada ao apoio de Graci — empregada doméstica, definida pela boleira como a maior motivadora —, fez Fernanda voltar a gravar. Inicialmente, o conteúdo era de reações a vídeos de paródias futebolísticas, mas, depois, surgiram desafios com participação dos familiares, vlogs, trends e mais. No começo de 2023, o 'Bola Cabe Gol' tinha 20 mil inscritos. Porém, a criação de um perfil no TikTok e a aposta em vídeos curtos, de até um minuto, fizeram os números da jovem subir para mais de 400 mil acompanhantes do canal.

"No começo desse ano, eu estava muito feliz com o canal, mas queria crescer, chegar em 100 mil seguidores, que era minha maior meta. Criei o TikTok para expandir o conteúdo e consegui 270 mil seguidores em questão de três, quatro meses. Minha vida mudou. Gravo todo dia, com shorts diários e reação duas vezes por semana", compartilha Fernanda.

Apesar da ajuda de familiares e amigos com sugestões, a jovem é a responsável pelas ideias e edição dos vídeos do canal. A cobrança por sempre buscar mais e fazer melhor vem do ídolo da brasiliense, que também fala português, mas com sotaque de Portugal. "O Cristiano Ronaldo é minha maior inspiração. Sempre penso no que o Cristiano faria para ser o melhor. Ele sempre teve essa mentalidade, dentro e fora de campo, de ser o melhor na sua área, não importa o que. É o que tento fazer", define.

A youtuber pretende encher o canal de conteúdos sobre a competição, com reações, cobertura das partidas, giro sobre a rodada, entre outras ideias surgidas na hora. Segundo Fernanda, o objetivo é ajudar o público jovem a assistir mais o futebol feminino.

Para a estreia da Seleção, Fernanda aposta na vitória. "Vai ser 4 x 2 Brasil. Na final, vamos pegar os EUA e ganhar por 2 x 1. As meninas estão tendo uma oportunidade única", comenta.

Ativismo contra o preconceito

Jogadora do time do Colégio Marista, onde cursa o 2º ano do ensino médio, e da base da Adef, Fernanda começou a acompanhar mais sobre o futebol feminino com o objetivo de se preparar para a Copa. Após ver Brasil e Chile no Mané Garrincha, no último jogo da Seleção antes do torneio, a brasiliense se apaixonou e espera o mesmo de outras pessoas durante o Mundial. “É bonito vê-las jogar. Comecei a acompanhar vendo mais jogos, pesquisar na internet, perfis no TikTok que fazem conteúdos legais, além de ver mais coisa na TV. Tem muitas meninas que sofrem preconceito por gostar ou jogar futebol. É importante ter esse apoio, mais gente acompanhando e incentivando, para acabar com esse preconceito”, defende.

Além disso, a jovem crê na influência da Copa como fundamental para o crescimento da modalidade. “É um evento gigantesco. Mesmo quem não acompanha sabe que está tendo. Acho que com esse incentivo, mais transmissões, apoiando a treinar, a ter uma carreira, daqui algum tempo o futebol feminino e masculino vão estar mais igualados. Mulheres eram proibidas de jogar até algumas décadas atrás, então é preciso tempo e incentivo para chegar no nível de futebol dos homens, que está há mais de um século crescendo”, opina.

Apesar do sonho, a jovem pensa não ter mais chance de se profissionalizar como atleta. Então, almeja cursar faculdade de comunicação enquanto investe no canal para, um dia, poder se sustentar com o empreendimento. Com o trabalho, a influenciadora quer ajudar a abrir espaço para mais mulheres na área de análise esportiva e deixa um recado para as interessadas. “Tem que ir atrás, acreditar nos sonhos. Vão rir da sua cara, como riram da minha, mas depois dão parabéns. Foca em um ídolo, como fiz com o Cristiano, e segue o objetivo. Minha meta agora é ter um milhão de inscritos no canal, até o meio do ano que vem”, acrescenta.

*Estagiário sob a supervisão de Fernando Brito

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