Vôlei feminino

VNL: Brasil ensaia reação, mas cai para a China e está fora do torneio

Seleção começa a partida mal, busca a terceira parcial e chega muito perto de levar a decisão ao tie-break, mas não suporta a bem montada equipe chinesa

Gabriel Botelho*
postado em 13/07/2023 14:33 / atualizado em 13/07/2023 14:47
Brasil cai para a China e está fora da VNL feminina -  (crédito: Volleyball World)
Brasil cai para a China e está fora da VNL feminina - (crédito: Volleyball World)

A Seleção Brasileira feminina de vôlei tentou, mas está fora da Liga das Nações. Em confronto válido pelas quartas de final da competição, as meninas do Brasil foram, nesta quinta-feira (13/7), eliminadas pela China, por 3 sets a 1. A partida aconteceu na cidade de Arlington, nos Estados Unidos, sede das fases finais do torneio. 

Após começar a partida bem na parte ofensiva, mas desajustada nas recepções, o Brasil saiu atrás nos primeiros dois sets, se recuperou de maneira expressiva na terceira parcial e lutou, ponto a ponto, para levar a decisão ao tie-break, mas não foi páreo para o forte bloqueio e o eficiente ataque chinês.

Esta foi a quinta derrota da equipe tupiniquim na competição, e, consequentemente, a última. Pela primeira vez em cinco edições do torneio, o Brasil ficará fora da disputa por medalhas. A China, agora, se prepara para disputar as meias finais da Liga das Nações. Além do país asiático, os Estados Unidos e a Alemanha aguardam pelo confronto entre Itália e Turquia para a sequência da competição, marcada para o próximo sábado, 15 de julho. 

Começo promissor

A partida, no princípio, era lá e cá. Com muito volume de jogo de ambos os lados, as equipes alternavam a liderança do placar e se destacavam justamente nos respectivos pontos mais fortes: a China, com o eficiente bloqueio composto por jogadoras de alta estatura, e o Brasil, com fortes golpes no ataque.

O Brasil, apesar do bom começo ofensivo, pecava na recepção. Por conta do mal posicionamento no centro da quadra, principalmente com a central Thaisa, a Seleção mostrava estar desajustada, e cedia pontos seguidos pelos erros no fundamento. Com 11 a 8 na primeira parcial, Zé Roberto Guimarães pediu tempo. As instruções de posicionamento do treinador, porém, pareceram surtir efeito.

Sob a batuta de Gabi, a Seleção voltou ao jogo mais atenta. A camisa 10, finalmente em seu ápice físico após retornar de lesão na última etapa, era categórica nos toques por cobertura, forte nos golpes de passagem e oportunista nos levantamentos. Mantendo o bom volume de jogo e esforçada para salvar todas as bolas, o Brasil chegou a empatar a partida, e até mesmo a virar o jogo, com 14 a 13 no placar. Fundamento tão criticado anteriormente na competição, os saques, dessa vez, pareciam ter melhorado de vez. Apenas no primeiro set, foram três aces do Brasil.

A capacidade emocional do Brasil, no entanto, apareceu mais uma vez para atormentar as sul-americanas. Com sucessivos erros nas recepções, Nathinha e Kisy não eram capazes de tomar as rédeas da defesa para armar os contra-ataques, o que acabou sendo fundamental para a definição da primeira parcial: 25 a 21 para a China.


Recepções mal feitas

Apesar de ter voltado à quadra mais alinhada, a Seleção colecionava erros em relação à China. Aparentemente mais entrosada, a equipe asiática demonstrava desempenhos quase perfeitos, tanto em relação ao ataque, quanto à defesa. Liderado pela central Yuan Xinyue, de 2,02m de altura e 3,15m durante os saltos, o bloqueio vermelho, embora não somasse tantos pontos, era certeiro para evitar as investidas do Brasil.

Com erros persistentes do time verde e amarelo nas recepções, o placar chegou a marcar 15 a 8 para a China, que castigava o adversário, principalmente com a ponteira Bong, autora de diversos golpes na diagonal da defesa brasileira.

As centrais do Brasil, no entanto, se esforçavam para liderar o Brasil no ataque. Através da forte presença de Thaisa, maior pontuadora da partida no momento em que o placar marcava 20 a 16, com 10 pontos, as comandadas de Zé Roberto faziam o que podiam para pontuar o máximo possível enquanto seguiam na tentativa de incrementar a comunicação dentro de quadra e errar cada vez menos.

A China, apesar disso, demonstrava estar “com a faca nos dentes”. Extremamente confiantes, as asiáticas pouco erravam em todos os fundamentos e estabeleciam insistente vantagem na segunda parcial, que constantemente se mantinha em cinco pontos. Mesmo dando indícios de uma melhora, principalmente através das entradas de Tainara e Macris, a falta de comunicação, principalmente nas recepções, foi fatal na definição do segundo set: 25 a 20 para a China.

Recuperação emocional

A terceira parcial começou da mesma forma em que o segundo havia terminado: com forte confiança das chinesas. Seguras de todas as ações, a China, liderada pela inteligente Bong e a técnica Li, somava pontos em cima da instável Seleção Brasileira e chegou a estabelecer vantagem de 7 a 1 no placar.

Comprometido a voltar ao jogo e desempenhar,mais uma vez, um retorno dramático de uma desvantagem expressiva, o Brasil se esforçava para aproveitar de qualquer sequência positiva em pontuações para retomar a confiança tão saudosa a uma partida aparentemente perdida. Ainda que um pouco distante da perfeição nas recepções, a Seleção promovia aproximação crescente no placar, e tomava o protagonismo de pouco em pouco.

Com a entrada de Tainara, o jogo, porém, se tornou em outro. Dona de uma reação expressiva da Seleção, com majestosos contra-ataques e inteligentes passagens de bola, a ponteira era mais do que fundamental para a retomada tupiniquim. A diferença na sintonia e no comportamento no Brasil foi tanta, que a desatenção e a falta de sintonia haviam passado, inteiramente, para o lado da China. Irreconhecível, principalmente ao final da parcial, o Brasil havia se tornado imparável, onde fechou o set, com 25 a 20.

Coragem não foi o bastante

O desafio na quarta parcial seria manter o sarrafo no alto. Apesar de alguns erros em saques e recepções, o Brasil mostrava estar disposto a levar mais uma decisão para o tie-break. Melhor na recepção pelas mãos da reserva Júlia Bergmann, que entrou no jogo durante o terceiro set, a Seleção, mesmo atrás do placar em algumas oportunidades, parecia ter encaixado de vez.

Com raça, o time verde e amarelo, mesmo com o retorno da China à plenitude mental após a recaída na terceira parcial, se aproveitava do despertar de Gabi - que, ao contrário do primeiro set, havia feito as duas parciais seguintes em baixo nível - e da sequência incrível da oposta Tainara, o nome da retomada brasileira, chegou a aplicar vantagem de 16 a 14 e deixar o jogo mais aberto do que nunca.

A China, da mesma forma, não jogava a toalha. Seguindo as adversárias de perto, as asiáticas, principalmente com a insistente Gong, fundamental para a equipe vermelha nos contra-ataques, mantinham a diferença no placar curta o tempo todo, na tentativa de fechar o jogo. A partida, pela primeira vez na cidade texana de Arlington, era parelha, aberta para qualquer um dos lados.

A distribuição da Seleção, porém, havia ficado comprometida. Com a constante preocupação em alinhar Thaisa para colocar a bola no chão, o Brasil, além de parar sucessivas vezes no bloqueio chinês, não foi páreo para se manter de pé. Final de jogo, com 25 a 23 na última parcial.

 

 

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

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