Futebol

Como a CBF juntou Fernando Diniz e Carlo Ancelotti no projeto do hexa

Plano para a Copa de 2026 tem os protagonistas do revezamento definidos: Fernando Diniz conciliará empregos de técnico do Fluminense e interino da CBF até a posse do italiano Carlo Ancelotti em 2024

Marcos Paulo Lima
Victor Parrini
postado em 05/07/2023 10:13 / atualizado em 05/07/2023 10:21
 (crédito: Kleber Sales)
(crédito: Kleber Sales)

Duzentos e seis dias depois da eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo contra a Croácia, no Catar, a Seleção tem um técnico para chamar de seu. Fernando Diniz é o interino com prazo de validade em uma manobra da CBF jamais vista na história centenária da camisa mais estrelada do planeta. O treinador de 49 anos, com passagem pelo Gama no fim da carreira como jogador, em 2008, acumulará os cargos de comandante do Fluminense e do Brasil até a posse do italiano Carlo Ancelotti, atualmente vinculado ao Real Madrid, no meio de 2024.

Em tese, a entidade passa a contar com dois profissionais compartilhados com clubes. Ednaldo Rodrigues age como um dos mestres dele. Em 1998, Ricardo Teixeira cismou de contratar Vanderlei Luxemburgo. Para não se indispor com o Corinthians, tolerou deixar o "profexô" nos dois empregos até o fim daquele ano. Luxa levou o Timão ao título brasileiro e em seguida passou a se dedicar exclusivamente ao projeto para 2002.

Diniz tem proposta para seguir na Seleção como assistente de Carlo Ancelotti. Antes disso, terá de acumular resultados em seis jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 no Canadá, Estados Unidos e no México, amistosos contra a Espanha e provavelmente a Alemanha em Datas Fifa, além da Copa América nos EUA, de 20 de junho a 14 de julho. O acordo de Ancelotti com o Real Madrid expira em 30 de junho, portanto, no meio da competição continental.

Ednaldo Rodrigues pretendia usar Ramon Menezes como estepe. No entanto, as derrotas para Marrocos e Senegal e o vazamento do acerto verbal com Ancelotti para esperá-lo até 2024 mudaram radicalmente os planos do presidente. Pressionado pela contratação de um profissional mais experiente para tocar a transição, o dirigente teve de recorrer a um artifício que, até então, tentava evitar: o assédio a um técnico empregado no Brasil.

O preferido entre as opções nacionais era Abel Ferreira. A coleção de oito títulos à frente do Palmeiras agradava. A resistência da presidente Leila Pereira em liberá-lo pesava contra. Para completar, Palmeiras e CBF entraram em rota de colisão na última segunda-feira — o dia em que Ednaldo Rodrigues decolou de Brasília rumo ao Rio de Janeiro depois de se despedir da Seleção feminina decidido a resolver as pendências da masculina. Procurou o presidente tricolor Mario Bittencourt, conversou com o agente de Diniz e começou a aparar as arestas. Uma delas foi solucionada depois das 18h de ontem: o acerto financeiro. Diniz, os representantes dele e o presidente do Fluminense se reuniram na sede da CBF para o último ato: a assinatura do contrato na sede da entidade na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O técnico vestiu a sonhada camisa e foi oficializado como interino.

"É um sonho e uma honra para qualquer um prestar serviço à Seleção Brasileira. É uma convocação. Tenho convicção de que temos tudo para levar isso adiante", afirmou Fernando Diniz na primeira declaração pública. O maior título da carreira dele é Campeonato Carioca neste ano contra o Flamengo. Virou a série para 4 x 1 depois de perder o primeiro duelo por 2 x 0. Em 2016, guiou o Audax Osasco ao vice no Paulistão contra o Santos.

Dois técnicos saíram da caixinha nos últimos quatro anos no futebol brasileiro: o português Jorge Jesus e Fernando Diniz encantaram. O brasileiro, principalmente, no São Paulo e recentemente no Fluminense. Pesou a favor dele o fato de entregar bons trabalhos aos sucessores. Tiago Nunes e Hernán Crespo conquistaram taças no Athletico-PR e no São Paulo, respectivamente, depois de herdarem trabalhos iniciados por Fernando Diniz.

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